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4.2 Caracterização dos Campos de Pesquisa

4.2.1 Descrição das salas de aula observadas

Na escola A, observamos três salas de aula, uma de primeiro ano, uma de segundo e uma de terceiro ano do ensino médio, ambas com alunos surdos inclusos e Intérprete Educacional de língua de sinais. As turmas funcionam nos seguintes horários: a de primeiro ano no período matutino e a do segundo e do terceiro no período noturno.

Na turma de primeiro ano a sala de aula era composta por trinta alunos, entre eles seis alunos têm necessidades educativas especiais sendo: um surdo, dois com baixa visão, dois com deficiência física e um com deficiência intelectual leve. Nessa turma a aluna surda é acompanhada pela IE em todas as aulas. Essa turma se destacou em especial, porque embora nosso foco nesta pesquisa seja o IE que acompanha o aluno surdo, não pudemos deixar de perceber que nos momentos de divisão dos trabalhos em grupos, os alunos com necessidades educativas especiais não são inclusos em nenhum dos grupos formados pelos considerados “normais”, e devido a isso se juntam e formam um grupo. Essa separação nos depara com uma inclusão da pessoa com necessidade especial irreal, pois no discurso se inclui o “diferente”, mas na prática isso não ocorre de forma eficaz. Indignamo-nos, pois é possível constatar que embora historicamente os considerados “diferentes” já conquistaram e fazem valer muitos dos seus direitos, ainda falta muito para a inclusão real destes indivíduos na sociedade e na aprendizagem acontecerem de fato.

Retornando nosso foco para o objeto da pesquisa. A Intérprete A, mostra-se atuante durante as aulas passando para a língua de sinais, o que é dito pela professora da turma. Nos dias que acompanhamos a IE em sala de aula assistimos as disciplinas: inglês, matemática, sociologia, biologia e física. Verificamos que as aulas conjugadas, nas quais os alunos não realizam atividades e o Professor explica o conteúdo, cansa o intérprete, pois este o ato de ouvir, entender e traduzir para outra língua é uma atividade mental muito elaborada, que exige do IE muita concentração e compreensão do que é dito para não passar para o aluno conceitos errados. É comum nas aulas o Professor ditar o conteúdo para os alunos, nestes momentos a IE conversava com o Professor e pedia para ele passar o conteúdo no quadro, para o próprio aluno copiar. Por fim, a língua de sinais da IE é clara e fluente.

No segundo ano também tinha trinta alunos, e uma aluna surda com acompanhamento do IE. Essa aluna além da surdez tem uma paralisia facial, ela não faz leitura labial e não é oralizada, faz uso somente da língua de sinais para se comunicar. Por se tratar de uma aluna trabalhadora falta muito as aulas, comprometendo a qualidade dos seus estudos. A IE desta turma apresenta boa fluência na Língua de Sinais e clareza na tradução.

A turma do terceiro ano era bem numerosa tinha quarenta alunos, entre eles dois alunos surdos inclusos acompanhados da IE. A turma era considerada a mais indisciplinada da escola, fato constatado durante as observações. A indisciplina dos alunos resultava em aulas com escassez de explicação de conteúdo e excesso de trabalhos dados aos alunos, pois os professores não conseguiam conter a indisciplina da turma. Os alunos surdos interagiam muito bem com os demais alunos, conversavam com todos e contribuíam para indisciplina em sala de aula. Diante disso, a IE justificava que isso se dava devido à “cultura surda” e até mesmo em alguns momentos a falta de interesse e motivação para os estudos era explicada com o mesmo argumento. A IE que os acompanhava ingressou como intérprete há aproximadamente um ano e apresentava dificuldades em traduzir o que era explicado pelo docente aos alunos, muitas vezes cruzava os braços e ouvia, no momento das atividades ela as fazia para os alunos.

Estas turmas fogem da proposta apresentada no PPP (2010) da escola, o qual designa que as salas de aulas com alunos inclusos teriam no máximo vinte e cinco alunos por turma.

Na escola B foi observada uma turma de terceiro ano do ensino médio, que tinha em sala dezesseis alunos, entre eles uma aluna surda inclusa com auxílio do IE. A aluna tinha boa interação com a turma e o IE tem fluência e clareza na língua de sinais. O IE apresentava de acordo com o estudado por nós um comportamento inadequado, pois na maior parte do tempo conversa com a aluna assuntos alheios a aula ou ficava assistindo a explicação do professor sem traduzir para a aluna o que era dito. Em uma das aulas acompanhadas por nós na disciplina de Língua Portuguesa, o docente explicava sobre a literatura brasileira e fez a leitura do resumo de uma obra e o IE não faz a tradução para a discente.

Na escola C, observaram-se aulas da disciplina de Arte, pois devido à modalidade de ensino ser o supletivo variava a quantidade de alunos nos dias de aula observados, pois cada aluno está em uma etapa da carga horária. Os alunos surdos inclusos tinham o acompanhamento da Intérprete Educacional de língua de sinais nas aulas. A disciplina era frequentada por dois alunos surdos. Constatamos que nessa modalidade de ensino o docente passa o conteúdo para o IE, e este os explica para os alunos.

O campo de pesquisa é demonstrado com a tabela a seguir:

Escola Quantidade de alunos

Idade dos alunos

Série Turno Intérprete da turma

Escola A 01 16 anos 1° ano do

Ensino Médio

Matutino Intérprete A

Escola A 01 21 anos 2° ano do

Ensino Médio

Noturno Intérprete B

Escola A 02 18 anos 3° ano do

Ensino Médio

Noturno Intérprete C

Escola B 01 21 anos 3° ano do

Ensino Médio

Noturno Intérprete D

Escola C 02 26-37 anos 1° ano do Ensino Médio

Matutino Intérprete E

TABELA 1. Descrição do campo de pesquisa.

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