• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 4. Metodologia da Investigação-ação

4.1 Descrição dos ciclos de investigação

Neste capítulo serão apresentados os ciclos de investigação deste PIA. É relevante referir que embraçar este projeto de investigação-ação foi, verdadeiramente, uma etapa muito importante na formação da professora estagiária. Como referem McNiff & Whitehead (2006):

The potential of action research becomes real when ideas are linked with action. People can give meaning to their lives, because they stop talking about action research and start talking about themselves as action researchers. They communicate their ideas as theories of real-world practice, by explaining what they are doing, why they are doing it, and what they hope to achieve. These personal theories are also living theories, because they change and develop as people change and develop themselves. The purpose of action research is to generate living theories about how learning has improved practice and is informing new practices (p.13).

Nesta fase, foi possível à PE colocar em prática as suas próprias ideias, apesar de todos os receios que pudesse ter. O fulcral, neste período da formação académica, era, de facto, passar da teoria à prática e pôr em marcha um projeto de investigação-ação. Isto é, o crescimento pessoal e profissional são, de facto, valores acrescentados durante a PES.

Este estudo debruçou-se sobre duas turmas. Ambas eram relativamente boas na oralidade (comparativamente com outras turmas observadas) e participavam ativamente em debates, questões diretas e desafios lançados de forma a promover a discussão oral. No entanto, havia algo que estas turmas não gostavam: atividades de escrita. Era evidente o desinteresse destes dois grupos de alunos quando eram propostas atividades de escrita quer pelas orientadoras, quer pela professora estagiária.

Relembra-se o leitor que este projeto de investigação-ação pretende responder à questão: “Podemos entusiasmar os alunos de L2 para a redação de textos livres criativos com recurso à leitura e interpretação de textos de caráter fantástico?”.

Relativamente aos ciclos de investigação, foi já descrito o ciclo zero deste estudo no subcapítulo 1.2. no qual o leitor foi já elucidado relativamente ao período inicial de

observação das Turmas de inglês e de espanhol, assim como a descrição de ambos os Grupos, nos quais foi detetado o mesmo problema: falta de interesse e motivação nas atividades de redação escrita nas aulas de L2.

Esta relutância para escrever foi, primeiramente, observada nas aulas assistidas das orientadoras e foi posteriormente confirmada nas aulas da PE quando esta pediu que escrevessem dois textos em duas aulas distintas sobre o tema abordado na sala de aula. Foram analisados esses textos e percebeu-se que, na generalidade, os discentes do 8º X e do 11º Y respondiam ao que lhes era solicitado nas instruções da atividade escrita, mas não cumpriam o limite mínimo de palavras. Ou seja, foram observados textos muito curtos, pouco desenvolvidos sem criatividade escrita. É importante referir que antes de pedir os textos escritos, na sala de aula, aos alunos foi-lhes fornecido todo o input necessário e adequado para a tarefa, visto que os temas estavam relacionados com a UD a ser ministrada.

Posteriormente, foram introduzidos dois questionários aos alunos. Um primeiro questionário para confirmar a relutância pelas atividades de escrita e um segundo para confirmar as preferências textuais dos alunos de modo a selecionar a estratégia a ser aplicada para melhorar os textos escritos dos alunos. As conclusões destes questionários levam a investigação para um próximo ciclo.

No primeiro ciclo a PE introduziu, em cada turma, uma estratégia motivacional para o problema detetado no ciclo anterior: a leitura e interpretação de dois textos de caráter fantástico em aulas distintas. Estes textos eram lidos, em voz alta, pela professora estagiária enquanto os alunos acompanhavam a leitura. No final da leitura era feita uma análise do texto, nomeadamente se havia vocabulário que os alunos não conheciam e eram dados 6 minutos para fazer a interpretação leitora respondendo a 3 perguntas sobre o texto. Após isso, os alunos tinham que inventar um final diferente e criativo para a história que tinham acabado de ler e analisar.

Foi possível observar, no geral, uma melhoria na avaliação dos textos dos alunos em ambas as Turmas. Isto é, os textos já cumpriam o limite mínimo de palavras e eram visíveis ideias mais desenvolvidas (e algumas até engraçadas como se podem ver nos

textos em Anexos – 9, 10, 11 e 12). Era visível, nesta fase, criatividade nos textos do 8º X e 11º Y.

De acordo com Mancelos (2007), “enquanto a Literatura como uma área de estudo se debruça sobre o texto acabado, a EC analisa e critica o texto em construção”. (p. 15) Ora, com a atividade de inventar um final diferente e criativo para as histórias de caráter fantástico foi possível mostrar aos discentes de LE que qualquer texto pode estar “em construção” e que podemos designar essa constante construção como o desenvolvimento e crescimento da Escrita Criativa.

No último ciclo, segundo ciclo, foi retirado o estímulo motivador. Ou seja, retirou- se a leitura e interpretação do texto de caráter fantástico antes da atividade de EC. A intenção da retirada da leitura e interpretação do texto fantástico, nesta etapa, era perceber se os trabalhos escritos dos alunos seriam como os iniciais (curtos e pouco desenvolvidos) ou textos mais criativos, visto que se observou uma estreita melhoria no desenvolvimento da atividade escrita. Assim, a PE quis perceber se os discentes de ELE e ILE já estavam mais preparados para escreverem um texto entre 50-80 palavras (no Grupo de inglês) e entre 100-130 palavras (no Grupo de Espanhol) sentindo que são capazes de ser originais, criativos e desenvolver ideias.

Concluiu-se, através da análise dos textos finais e do último questionário, que os alunos estavam mais entusiasmados com a atividade escrita e que, no geral, gostaram das atividades implementadas pela professora estagiária. Percebeu-se, ainda, através do questionário final (Anexo 15), que os alunos do 8º X e do 11º Y acharam interessante a leitura dos textos fantásticos em aula e acharam uma atividade diferente do habitual.

Documentos relacionados