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3. METODOLOGIA EMPÍRICA

3.2. Descrição dos dados e das variáveis

i it it t t i, C 1 , 2X, 3d (21)

onde C é uma constante,

ω

i −

τ

i é a medida de alíquota tributária dos estados vizinhos,

ω

iXi e Xi são conjuntos de variáveis de controle e dt, o conjunto de dummies temporais.

No modelo Stackelberg, as variáveis são calculadas em nível. A estimação é feita na forma das equações (22) e (23).

1º estágio:

ω

i

τ

i,t

=C

1

ω

i

X

i,t

2

X

i,t

3

τ

L,td

+T

t

ψ +ε

(22) 2º estágio:

τ = +γ ω τ

+γ +γ τ

+ ψ +ε

i it it Lt d t t i,

C

1 , 2

X

, 3 ,

T

(23)

onde

τ

L −,t d é a alíquota defasada do líder. Devido ao surgimento de colinearidade, não é possível incluir dummies temporais nesta especificação, empregando-se a tendência temporal em seu lugar.

3.2. Descrição dos dados e das variáveis

A estatística descritiva, que contém as variáveis utilizadas neste trabalho, está sintetizada na Tabela 1. As fontes dos dados são o Tesouro Nacional e o IPEA. A base contém dados de finanças públicas e de variáveis macroeconômicas dos 26 estados e do Distrito Federal para o período de 1994 a 2008, partindo, portanto, do início do Plano Real.

Tabela 1 – Estatística descritiva

Variável Média

Desvio-padrão

Máximo Mínimo

Alíquota tributária (Arrecadação do ICMS/PIB) 0,0723 0,0166 0,1237 0,0303

Alíquota tributária (média outros estados - matriz 1) 0,0737 0,0082 0,0958 0,0412

Alíquota tributária (média outros estados - matriz 2) 0,0719 0,0044 0,0865 0,0607

Alíquota tributária (média outros estados - matriz 3) 0,0723 0,0080 0,1062 0,0474

Alíquota tributária (média outros estados - matriz 4) 0,0734 0,0070 0,0989 0,0489

PIB per capita/100 20,6940 12,3955 82,0954 5,5443

PIB per capita/100 (média outros estados - matriz 1) 20,7678 7,9550 39,4014 9,2499

PIB per capita/100 (média outros estados - matriz 2) 21,0520 4,5628 38,0566 12,3564

PIB per capita/100 (média outros estados - matriz 3) 20,6940 9,6516 46,4797 9,2016

PIB per capita/100 (média outros estados - matriz 4) 17,7685 5,4475 30,5387 7,6667

Partilha da arrecadação federal com os estados (Receita de transferências correntes/Total da receita corrente)

0,3989 0,2092 0,9063 0,0683

Partilha da arrecadação federal com os estados (média outros estados - matriz 1)

0,3568 0,1201 0,6124 0,1274

Partilha da arrecadação federal com os estados (média outros estados - matriz 2)

0,3890 0,0666 0,5370 0,2497

Partilha da arrecadação federal com os estados (média outros estados - matriz 3)

0,3989 0,1691 0,7020 0,1058

Partilha da arrecadação federal com os estados (média outros estados - matriz 4)

0,4160 0,1066 0,6399 0,2429

Gastos governamentais (Despesa corrente/PIB) 0,1636 0,0732 0,4448 0,0583

Gastos governamentais (média outros estados - matriz 1) 0,1467 0,0361 0,2740 0,0718

Gastos governamentais (média outros estados - matriz 2) 0,1589 0,0199 0,2349 0,1244

Gastos governamentais (média outros estados - matriz 3) 0,1636 0,0511 0,3023 0,0718

Gastos governamentais (média outros estados - matriz 4) 0,1688 0,0331 0,2798 0,1113

Grau de formalidade (proporção de trabalhadores formais sobre a força de trabalho)

0,4348 0,1067 0,6472 0,1664

Grau de formalidade (média outros estados - matriz 1) 0,4287 0,0821 0,6435 0,2760

Grau de formalidade (média outros estados - matriz 2) 0,4370 0,4123 0,5477 0,3666

Grau de formalidade (média outros estados - matriz 3) 0,4348 0,0854 0,6143 0,3081

Grau de formalidade (média outros estados - matriz 4) 0,4127 0,0637 0,5579 0,2287

Fontes: Tesouro Nacional e IPEA.

Notas: Número de observações = 405. A variável PIB per capita é dividida por 100 por razões de escala. As variáveis de Arrecadação do ICMS, PIB, Receita de transferências correntes e Total da receita corrente estão a preços constantes de 1994 (deflacionados pelo Índice Geral de Preços –

Disponibilidade Interna (IGP-DI)).

Utilizou-se, como variável dependente dos modelos econométricos, uma medida de alíquota tributária (tax rate), calculada como a receita do ICMS auferida em cada

estado, dividida por seu Produto Interno Bruto (PIB). Exemplos de utilização desta medida na literatura são Hayashi e Broadway (2001), Esteller-Moré e Solé-Ollé (2001) e Altshuler e Goodspeed (2002). A medida possui, entre outras, a vantagem de ser fácil de tratar estatisticamente, porém ela é problemática por algumas razões. Uma delas é que a razão receita tributária/PIB pode variar devido a fatores econômicos não relacionados a mudanças na estrutura tributária de uma economia. Outra razão é que ela não captura necessariamente o incentivo fiscal para investir em uma região em um ano qualquer porque o investimento é função de decisões presentes e passadas das firmas e também de fatores econômicos das regiões.

As variáveis de controle são o PIB per capita, a partilha da arrecadação federal com os estados (como proporção da receita corrente), o nível de gastos governamentais (como proporção do PIB) e o tamanho da economia formal do estado. Em relação à primeira, uma maior ou menor carga tributária pode ser consequência de diferentes níveis de demanda por serviços públicos. Se a demanda por serviços públicos é correlacionada com a renda, então convém controlar para diferenças na renda entre os estados. Utiliza-se o PIB per capita como medida da renda dos estados.

No Brasil, por determinação constitucional, ocorre repasse de parte da arrecadação de tributos federais aos estados7. Por isso, procura-se controlar para a partilha obrigatória da receita do governo federal com os estados. A partilha de receita pode causar externalidades, ao criar pressões para gastos em nível estadual, afetando, portanto, sua função de reação fiscal. Para lidar com essa possibilidade, utiliza-se uma medida da participação dos estados nas receitas da União, definida como a parcela das transferências intergovernamentais nas receitas dos estados, incluída como um determinante adicional da tributação estadual porque afeta os custos de oportunidade da competição tributária estratégica.

7 A CF/1988 determina que 22,5% da arrecadação do IPI e do Imposto de Renda (IR) sejam

destinados ao Fundo de Participação dos Estados (FPE) e 21,5%, ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

As alíquotas tributárias também podem ser correlacionadas com o nível de gastos governamentais. Quando os gastos governamentais (como proporção do PIB) aumentam, as alíquotas e receitas da tributação podem crescer. Por isso, variações de alíquotas entre os estados podem ser positivamente correlacionadas com variações nos níveis de gastos, o que suscita sua inclusão nos modelos.

É comum na literatura a utilização da taxa de desemprego como medida de controle dos efeitos do ciclo econômico nas finanças públicas. Obviamente, elevações nessa taxa afetam a receita tributária em virtude do impacto na renda e, consequentemente, na ocorrência de fatos geradores dos tributos. No Brasil, no entanto, a economia informal exerce importante papel, e utilizar a taxa de desemprego subestimaria os efeitos do ciclo econômico na utilização da força de trabalho. O grau de formalidade, definido como a parcela da força de trabalho sob cobertura do sistema previdenciário, é correlacionado com a renda e com o ciclo, sendo incluído entre os regressores. Nesse sentido, a varável binária de ano, bem como as variáveis de gasto, de PIB per capita e das transferências podem contribuir no controle para a possibilidade de ciclos econômicos.

Para cada variável e para cada estado, estão também descritas na Tabela 1 as médias dos outros estados, calculadas pelas matrizes de pesos 1 a 4, conforme descrito no tópico anterior. Assim, na coluna onde estão os valores da média, tem-se a média da média.

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