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Neste capítulo são apresentados os resultados das análises realizadas para testar as hipóteses de investigação, sendo salientados os resultados mais relevantes. Esta apresentação tem um carácter unicamente descritivo, reservando-se a interpretação dos resultados para o próximo capítulo. A eficácia da intervenção em contexto com ênfase nos fatores ambientais foi avaliada através da comparação dos resultados do PEDI-CAT entre os momentos de avaliação inicial e final entre os grupos experimental e de controlo.

Eficácia da intervenção em contexto

Inicialmente, são apresentados os resultados para testar a equivalência dos grupos no momento de avaliação inicial, sendo os restantes dados apresentados pela ordem das hipóteses produzidas, de modo a facilitar a leitura e a compreensão dos mesmos.

Comparação do PEDI-CAT entre os grupos no momento de avaliação inicial

Na avaliação inicial, entre o GE e o CC não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas nos valores da média para os domínios ‘atividades diárias’, ‘mobilidade’, ‘função social’ do PEDI-CAT. Para o domínio ‘responsabilidade’ a diferença é marginalmente significativa - Tabela 24.

Tabela 24 – Comparação dos resultados na avaliação inicial nos domínios do PEDI-CAT entre o GE e o GC.

Grupo experimental, (n=25) Média (dp)

Grupo de controlo, (n=25) Média (dp)

Atividades diárias 46,9 (8,1) 42,6 (8,7) mann-whitney=228,5 p=0,102

Mobilidade 51,7 (10,3) 49,1 (13,1) t-test=-0,766 p=0,447

Função social 54,2 (9,6) 50,9 (10,4) t-test=-1,175 p=0,246 Responsabilidade 33,8 (7,7) 31,2 (10,0) mann-whitney=228,0 p=0,082

PEDI-CAT para as variáveis sociodemográficas e clínicas no momento de avaliação inicial

A análise de resultados para as variáveis sociodemográficas e clínicas no momento de avaliação inicial é realizada para a totalidade dos participantes sendo selecionadas as variáveis que a literatura refere como tendo influência no desempenho das crianças com Paralisia Cerebral [56], tais como o tipo de Paralisia Cerebral, a Função Motora Global e a presença do diagnóstico de epilepsia ou de deficiência visual. No mesmo sentido, esta análise recai também nas variáveis em que foi verificada uma diferença estatisticamente significativa na constituição dos grupos experimental e de controlo. Estes resultados podem ser observados na Tabela 25 e na Tabela 26.

Tabela 25 – Resultados dos domínios ‘atividades diárias’ e ‘mobilidade’ do PEDI-CAT no momento de avaliação inicial por variáveis sociodemográficas e clínicas

atividades diárias mobilidade

média (dp) média (dp) Idade r=0,255; p=0,074 r=0,131; p=0,365 Sexo feminino, n=24 42,8 (7,6) p<0,05 a 46,9 (9,1) p<0,05 b masculino, n=26 47,2 (8,8) 53,7 (13,1) Tipo de pc espástica bil, , n=36 44,0 (9,0) p=0,105 c 48,6 (10,5) p<0,01 c espástica uni,, n=10 49,6 (2,9) 61,4 (3,8) disquinésia , n=4 39,3 (10,7) 39,5 (18,2) GMFCS níveis I e II, n=18 51,0 (3,9) p<0,001 c 62,1 (3,7) p<0,001 c nível III, n=9 46,2 (6,1) 51,4 (4,2) níveis IV e V, n=23 39,3 (8,6) 40,8 (9,1) Deficiência visual sim, n=23 41,8 (9,3) p<0,05 a 44,7 (11,4) p<0,01 b não, n=27 47,3 (7,1) 55,3 (9,9) Epilepsia sim, n=29 42,4 (8,4) p<0,05 a 46,4 (12,7) p<0,05 b não, n=21 48,1 (7,8) 55,9 (7,8)

a Teste de Mann-Whitney; b t-test; c Teste de Kruskal-Wallis; pc – paralisia cerebral; bil. – bilateral; uni. – unilateral;

Existe uma associação estatisticamente significativa entre a ‘idade’ e o domínio da ‘função social’ (r de Pearson=0,292; p<0,05) do PEDI-CAT, e uma associação marginalmente significativa entre a ‘idade’ e os domínios das ‘atividades diárias’ (r de Spearman=0,255; p=0,074) e da ‘responsabilidade’ (r de Spearman=0,255; p=0,077), assumindo essa associação valores positivos para todos os domínios.

A diferença entre os resultados do PEDI-CAT entre o sexo masculino e o sexo feminino são estatisticamente significativos para todos os domínios, exceto o da ‘função social’, encontrando-se os resultados mais elevados, nesta amostra, nos participantes do sexo masculino.

Tabela 26 – Resultados dos domínios ‘função social’ e ‘responsabilidade’ do PEDI-CAT no momento de avaliação inicial por variáveis sociodemográficas e clínicas

função social responsabilidade

média (dp) média (dp) Idade r=0,292; p=<0,05 r=0,252; p=0,077 Sexo feminino, n=24 49,7 (9,3) p=0,054 b 29,3 (6,9) p<0,05 a masculino, n=26 55,2 (10,1) 35,5 (9,6) Tipo de pc espástica bil, , n=36 51,7 (9,0) p<0,05 c 31,7 (9,4) p=0,282 c espástica uni,, n=10 59,0 (5,9) 35,9 (7,3) disquinésia , n=4 44,3 (19,0) 31,5 (8,2) GMFCS grupos I e II, n=18 58,7 (5,6) p<0,05 c 36,9 (7,1) p<0,05 c grupo III, n=9 53,7 (7,6) 32,1 (7,4) grupos IV e V, n=23 47,3 (10,9) 29,2 (9,6) Deficiência visual sim, n=23 49,8 (11,9) p=0,089 b 32,6 (10,7) p=0,672 a não, n=27 54,9 (7,6) 32,4 (7,4) Epilepsia sim, n=29 50,4 (10,6) p=0,078 b 31,6 (9,8) p=0,193 a não, n=21 55,5 (8,6) 33,8 (7,6)

a Teste de Mann-Whitney; b t-test; c Teste de Kruskal-Wallis; pc – paralisia cerebral; bil. – bilateral; uni. – unilateral;

Com naturalidade, os resultados mais elevados em todos os domínios do PEDI-CAT são obtidos pelos participantes classificados no tipo de Paralisia Cerebral Espática Unilateral, sendo essa diferença estatisticamente significativa para esta variável nos domínios da ‘mobilidade’ (p<0,01) e da ‘função social’ (p<0,05).

Nos resultados do PEDI-CAT, para os níveis da função motora global, é possível verificar que existem diferenças estatisticamente significativas em todos os domínios e que os resultados são progressivos, isto é, aumentam, à medida que a incapacidade diminui. Para as variáveis ‘deficiência visual’ e ‘epilepsia’ existem diferenças estatisticamente significativas para os domínios das ‘atividades diárias’ e da ‘mobilidade’, e marginalmente significativas para o domínio da ‘função social’, com os valores a serem mais elevados para os participantes sem a presença destas condições de saúde.

Para a variável ‘local de intervenção’ os resultados variam na mesma ordem de valores para cada um dos domínios do PEDI-CAT (5,3 pontos nas ‘atividades diárias’; 7,1 na ‘mobilidade; 7,7 na ‘função social’ e 7,8 na ‘responsabilidade’) não se observando quaisquer diferenças estatisticamente significativas - Tabela 27 e Tabela 28.

Tabela 27 – Resultados dos domínios ‘atividades diárias’ e ‘mobilidade’ do PEDI-CAT no momento de avaliação inicial por variáveis geográficas

atividades diárias Mobilidade

média (dp) média (dp) Região litoral norte, n=31 44,3 (8,6) p=0,741a 50,2 (12,1) p=0,895b penín. setúbal, n=19 45,5 (8,7) 50,7 (11,5) Local appc , n=12 47,1 (8,0) p=0,658c 53,6 (7,7) p=0,913c apcb, n= 6 41,8 (8,1) 50,7 (11,0) apcg , n= 8 41,9 (10,0) 46,5 (17,6) apcvc, n= 5 44,6 (8,8) 47,6 (13,2) apcas, n=19 45,5 (8,7) 50,7 (11,5)

a Teste de Mann-Whitney; b t-test; c Teste de Kruskal-Wallis; d ANOVA; penín. – península; appc – associação do

porto de paralisia cerebral; apcb – associação de paralisia cerebral de braga; apcg – associação de paralisia cerebral de Guimarães; apcvc – associação de paralisia cerebral de viana do castelo; apcas – associação de paralisia cerebral de almada-seixal.

Para a variável ‘região’ os valores da média são mais elevados, para todos os domínios do PEDI-CAT na Península de Setúbal. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas nos domínios das ‘atividades diárias’ e da ‘mobilidade’, sendo, no entanto, marginalmente significativas nos domínios da ‘função social’ e da responsabilidade - Tabela 28.

Tabela 28 – Resultados dos domínios ‘função social’ e ‘responsabilidade’ do PEDI-CAT no momento de avaliação inicial por variáveis geográficas

função social responsabilidade

média (dp) média (dp) Região litoral norte, n=31 50,6 (10,4) p=0,077b 30,2 (6,2) p=0,055 a penín. setúbal, n=19 55,8 (8,7) 36,2 (11,4) Local appc , n=12 54,8 (7,8) p=0,144d 32,7 (6,2) p=0,159 c apcb, n= 6 48,8 (8,9) 29,0 (6,5) apcg , n= 8 48,0 (13,2) 28,4 (6,3) apcvc, n= 5 46,6 (12,5) 28,8 (5,8) apcas, n=19 55,7 (8,7) 36,2 (11,4)

a Teste de Mann-Whitney; b t-test; c Teste de Kruskal-Wallis; d ANOVA; penín. – península; appc – associação do

porto de paralisia cerebral; apcb – associação de paralisia cerebral de braga; apcg – associação de paralisia cerebral de Guimarães; apcvc – associação de paralisia cerebral de viana do castelo; apcas – associação de paralisia cerebral de almada-seixal.

Em suma, os resultados apresentados em relação à avaliação inicial indicam que os valores entre os grupos são semelhantes, havendo variáveis clínicas que se associam com os resultados do PEDI-CAT, nomeadamente o nível da função motora global, a presença de epilepsia, a presença de deficiência visual.

Comparação do PEDI-CAT entre os grupos nos momentos de avaliação inicial e final (Hipótese 1)

A hipótese 1 previu um efeito significativo da intervenção em contexto de rotina com enfâse na alteração dos fatores ambientais (grupo experimental - GE), da avaliação inicial para a avaliação final, com melhores resultados que no grupo de intervenção em

contexto de rotina, no PEDI-CAT global e nos domínios das ‘atividades diárias’, da ‘mobilidade’, da ‘função social’ e da ‘responsabilidade’.

Para investigar o impacto da intervenção são apresentados os resultados do PEDI-CAT, para cada um dos domínios, comparando os grupos experimental e de controlo nos momentos de avaliação inicial e final. Esta comparação é realizada através da análise dos resultados de uma ANOVA de dois fatores de medidas repetidas para o valor global do PEDI-CAT, calculado a partir dos domínios das ‘atividades diárias’, ‘mobilidade’ e ‘função social’, e para cada um dos domínios.

Os resultados da ANOVA de dois fatores de medidas repetidas do PEDI-CAT global permitem verificar que existem diferenças estatisticamente significativas entre os momentos de avaliação inicial e final, sendo essa diferença a favor das intervenções. A confirmação da hipótese 1, não é, no entanto, transversal a todos os domínios quando analisados separadamente.

Análise dos resultados da soma dos domínios do PEDI-CAT

Inicialmente, para verificar o pressuposto da unidimensionalidade dos dados foi verificada a consistência interna da soma dos resultados através do alfa de Cronbach. O valor obtido foi de α=0,926 para a soma dos resultados do momento inicial de avaliação com elevadas correlações entre cada um dos itens e o valor resultante (‘atividades diárias’, r=0,91; ‘mobilidade’, r=0,85; ‘função social’, r=0,83). Para a soma dos resultados do momento final de avaliação, valor obtido foi de α=0,928, também com elevadas correlações entre cada um dos itens e o valor resultante (‘atividades diárias’, r=0,92; ‘mobilidade’, r=0,84; ‘função social’, r=0,84).

Em seguida, e para cada um dos momentos de avaliação, foi realizada uma Análise de Fatores Exploratória através de uma análise de componentes principais nos três itens. Para o momento de avaliação inicial, a medida de Kaiser-Meyer-Olkin verificou a adequação amostral para o procedimento (KMO=0,737) e todos os valores de KMO para os itens individualmente foram maiores que 0,670. O resultado do teste de esfericidade Bartlett (p<0,001) permite concluir que as correlações entre os domínios são suficientes para a realização da análise. Foi extraído um componente, com valor próprio de 2,66 que explicava 88,7% da variância. A matriz de correlações apresentou

valores elevados para cada um dos itens: ‘atividades diárias’ (0,963), ‘mobilidade’ (0,936), ‘função social’ (0,926).

Para o momento de avaliação final, a medida de Kaiser-Meyer-Olkin foi de 0,719 e todos os valores de KMO para os itens individualmente foram maiores que 0,640. O resultado do teste de esfericidade Bartlett (p<0,001) também permite concluir que as correlações entre os domínios são suficientes para a realização da análise. Foi extraído um componente, com valor próprio de 2,66 que explicava 88,8% da variância. A matriz de correlações apresentou valores elevados para cada um dos itens: ‘atividades diárias’ (0,968), ‘mobilidade’ (0,929), ‘função social’ (0,929).

Os pressupostos para a realização da ANOVA de dois fatores de medidas repetidas foram assegurados pelo que depois de realizada para as variáveis soma dos três domínios do PEDI-CAT o resultado devolveu um efeito para o ‘tempo’, F(1,48)=32,7, p<0,001, =0,405 e para a interação entre o ‘tempo’ e ‘grupo’, F(1,48)=4,8, p<0,05, =0,091, o que favorece a hipótese 1. O valor médio da diferença entre o momento de avaliação final e inicial, para o GE foi de 7,2 (IC95%: 3,9-10,4) e para o CG foi de 4,4 (IC95%: 1,4-5,0) - Gráfico 1.

Domínio das ‘Atividades diárias’ do PEDI-CAT

Para o domínio das ‘atividades diárias’ existe um efeito estatisticamente significativo para o fator ‘tempo’ – F(1,48)=6,16; p<0,05, =0,114 mas não para a interação entre o fator ‘tempo’ e o fator ‘grupo’, sendo o efeito ‘grupo’ marginalmente significativo (p=0,053; =0,091) - Tabela 29

Tabela 29 – Resultados da ANOVA de dois fatores de medidas repetidas para o domínio das ‘atividades diárias’ do PEDI-CAT

Grupo experimental, (n=25) Média (dp) Grupo de controlo, (n=25) Média (dp) Atividades diárias

antes intervenção 46,9 (8,1) 42,6 (8,7) tempo: F(1,48)=6,16 p<0,05 após intervenção 48,2 (7,0) 43,3 (9,5) tempo x grupo: F(1,48)=0,58 p=0,451

grupo: F(1,48)=3,93 p=0,053

Da observação do Gráfico 2, para o domínio das ‘atividades diárias’, é possível verificar que, apesar de não ser estatisticamente significativo, o aumento da pontuação do GE (1,3 pontos, IC95% [-0,20;2,76]) é, em média, ligeiramente mais acentuado do que no GC (0,7 pontos, IC95% [-0,01;1,37])

Domínio da ‘Mobilidade’ do PEDI-CAT

No domínio da ‘mobilidade’ os resultados indicam um efeito para o fator ‘tempo’ – F(1,48)=18,82; p<0,001, =0,282 e para interação entre o fator ‘tempo’ e o fator ‘grupo’- F(1,48)=4,20; p<0,05, =0,080 sendo que o efeito ‘grupo’ não se revelou estatisticamente significativo - Tabela 30.

Tabela 30 – Resultados da ANOVA de dois fatores de medidas repetidas para o domínio da ‘mobilidade’ do PEDI-CAT Grupo experimental, (n=25) Média (dp) Grupo de controlo, (n=25) Média (dp) Mobilidade

antes intervenção 51,7 (10,3) 49,1 (13,2) tempo: F(1,48)=18,82 p<0,001 após intervenção 54,4 (8,8) 50,8 (13,1) tempo x grupo: F(1,48)=4,20 p<0,05

grupo: F(1,48)=1,13 p=0,294

Estes resultados favorecem a hipótese 1, dado que da análise do Gráfico 3, é possível verificar que o aumento do valor da média aumenta nos dois grupos, mas é no GE que é mais acentuado este aumento (2,7 pontos para o GE, IC95% [1,21;4,15]; 1,7 pontos para o GC, IC95% [0,05;1,87]).

Domínio da ‘Função social’ do PEDI-CAT

A análise do domínio da ‘função social’ confirma o efeito estatisticamente significativo para o fator ‘tempo’ – F(1,48)=32,20; p<0,001; =0,402 também encontrado nos resultados dos dois domínios anteriormente apresentados, e um efeito marginalmente significativo, favorecendo o GE para interação entre o fator ‘tempo’ e o fator ‘grupo’- F(1,48)=3,82; p=0,056; .=0,074. O efeito ‘grupo’ não se revelou estatisticamente significativo - Tabela 31.

Tabela 31 – Resultados da ANOVA de dois fatores de medidas repetidas para o domínio da ‘função social’ do PEDI-CAT Grupo experimental, (n=25) Média (dp) Grupo de controlo, (n=25) Média (dp) Função social

antes intervenção 54,2 (9,6) 50,9 (10,4) tempo: F(1,48)=32,20 p<0,001 após intervenção 57,4 (7,8) 52,4 (10,0) tempo x grupo: F(1,48)=3,82 p=0,056 grupo: F(1,48)=2,42 p=0,125

Da análise do Gráfico 4 é possível observar, um aumento dos valores da média nos dois grupos entre o momento de avaliação inicial e final, sendo novamente o GE a apresentar um aumento mais elevado (GE – 3,2 pontos, IC95% [2,01;4,39]; GC – 1,5 pontos, IC95% [0,30;2,82]).

Domínio da ‘Responsabilidade’ do PEDI-CAT

Da análise dos resultados da ANOVA de dois fatores de medidas repetidas para o domínio da ‘responsabilidade’ verifica-se que não existe qualquer efeito estatisticamente significativo - Tabela 32.

Tabela 32 – Resultados da ANOVA de dois fatores de medidas repetidas para o domínio da ‘responsabilidade’ do PEDI-CAT Grupo experimental, (n=25) Média (dp) Grupo de controlo, (n=25) Média (dp) Responsabilidade

antes intervenção 33,8 (7,7) 31,2 (10,0) tempo: F(1,48)=1,60 p=0,212 após intervenção 35,0 (7,5) 31,8 (7,8) tempo x grupo: F(1,48)=0,19 p=0,662 grupo: F(1,48)=1,71 p=0,198

No entanto, é possível verificar no Gráfico 5 que do momento de avaliação inicial para o momento de avaliação final existe um aumento nas pontuações quer para o GE quer para o GC, na mesma tendência da verificada para os outros domínios do PEDI-CAT.

Variáveis clínicas e sociodemográficas no resultado da soma dos domínios do PEDI- CAT

A verificação da eventual influência de variáveis clínicas e sociodemográficas nos resultados do PEDI-CAT global foi investigada introduzindo cada uma delas em conjunto com o fator tempo.

Introduzindo a variável da ‘função motora global’ no modelo, foi possível verificar que o efeito ‘tempo’ se mantinha estatisticamente significativo, F(1,44)=28,7, p<0,001, =0,395, mas todos os outros efeitos (tempo x grupo; tempo x função motora global; tempo x grupo x função motora global) apresentaram resultados sem significância estatística. A análise ‘entre sujeitos’ (‘between subjects’) revelou-se estatisticamente significativa (F(2,44)=23,6, p<0,001, =0,517), indicando que apesar da diferença inicial entre os diferentes níveis da classificação da função motora global os efeitos das duas intervenções foram idênticos no tempo para cada um destes níveis - Gráfico 6.

Gráfico 6 – Resultados para a soma dos três domínios do PEDI-CAT pelos níveis do GMFCS

A ANOVA de dois fatores de medidas repetidas introduzindo a variável ‘epilepsia’ no modelo, revelou resultados na mesma linha dos registados para a ‘função motora

global’, isto é, estatisticamente significativos para o efeito ‘tempo’, F(1,46)=28,3, p<0,001, =0,381 e sem significância estatística para os outros efeitos (tempo x grupo; tempo x epilepsia; tempo x grupo x epilepsia). Os resultados ‘entre sujeitos’ (‘between subjects’) foram estatisticamente significativos (F(1,46)=5,6, p<0,05, =0,109, indicando que o efeito das duas intervenções foi idêntico em ambos os grupos (experimental e de controlo) em função da presença ou não de epilepsia.

A inserção da variável ‘deficiência visual’ no modelo, devolveu como resultados um efeito estatisticamente significativo para o ‘tempo’, F(1,46)=33,6, p<0,001, =0,422, e para o efeito ‘tempo x grupo’ F(1,46)=5,5, p<0,05, =0,107, sendo os resultados ‘entre sujeitos’ (‘between subjects’) também estatisticamente significativos (F(1,46)=6,3, p<0,05, =0,120. A observação do Gráfico 7 permite verificar um aumento da pontuação mais acentuado no GE.

Gráfico 7 – Resultados para a soma dos três domínios do PEDI-CAT para a variável ‘deficiência visual’

Para a variável sexo, os resultados indicam um efeito estatisticamente significativo para o ‘tempo’, F(1,46)=32,3, p<0,001, =0,413, e para a interação ‘tempo x sexo’,

F(1,46)=4,1, p<0,05, =0,083, marginalmente significativos para a interação entre ‘tempo x grupo’, F(1,46)=2,87,6, p=0,097, =0,059, sendo os resultados ‘entre sujeitos’ (‘between subjects’) também estatisticamente significativos F(1,46)=6,3, p<0,05, =0,120. A análise das médias marginais estimadas permite concluir que é o sexo feminino que obtém uma melhoria mais acentuada nos resultados do PEDI-CAT global.

Desempenho e satisfação com o desempenho avaliados pelos pais e familiares (Hipótese 2)

A hipótese 2 previu um efeito significativo da intervenção com enfâse na alteração dos fatores ambientais (GE), da avaliação inicial para a avaliação final, nos domínios do desempenho ocupacional e na satisfação com o desempenho da criança quando avaliados pelos cuidadores (pais ou familiares).

Para examinar esta hipótese foram calculadas as diferenças entre as avaliações inicial e final dos valores atribuídos pela aplicação da COPM a cada uma das atividades de rotina comuns e determinados os valores médios e respetivos IC 95% de todas essas diferenças. Foram ainda calculados os valores absolutos e relativos dos sentidos das alterações (positivas, neutras ou negativas).

Na avaliação do desempenho pelos pais e familiares, das 350 avaliações realizadas distribuídas pelas sete atividades de rotina, 49,8% foram avaliadas como tendo alterações positivas, 47% como não tendo qualquer alteração e 3,2% como tendo alterações no sentido negativo. De uma forma global, é possível verificar que os valores mais elevados das diferenças se encontram no GE - Tabela 33.

Para o GE, valores médios das diferenças acima das duas unidades podem ser encontrados nas atividades de ‘alimentação’, ‘banho’ e ‘vestir’, sendo as diferenças estatisticamente diferentes de zero para todas as atividades de rotina, exceto ‘acordar’. Para o GC, os valores das diferenças mais elevado é encontrado na atividade ‘tempo livre’ (1,07; IC 95% [0,54-1,60]), que a par das diferenças nas atividades de ‘alimentação’, ‘vestir’ e ‘banho’ são estatisticamente diferentes de zero.

Entre o GE e o GC foram encontradas diferenças estatisticamente significativas nas médias das diferenças da avaliação do desempenho pelos pais e familiares nas atividades de ‘alimentação’ (p<0,05), ‘banho’ (p<0,001), e marginalmente significativa na atividade de ‘vestir’ (p=0,057).

Tabela 33 – Comparação das diferenças entre as avaliações inicial e final do desempenho Grupo experimental (n=25) Grupo controlo (n=25)

Média IC 95% média IC 95% Acordar 1,17 -0,30;2,39 0,71 -0,45;1,88 Alimentação 2,18 1,36;2,99 0,86 0,22;1,49 Vestir 2,06 0,73;3,39 0,71 0,24;1,19 Tempo livre 1,18 0,18;2,18 1,07 0,54;1,60. Banho 2,11 1,27;2,97 0,29 0,02;0,55 Dormir 0,94 0,16;1,72 0,00 - Sair e viajar 0,94 0,35;0,15 0,44 -0,60;0,92

Na satisfação com o desempenho as atividades avaliadas como não sofrendo qualquer alteração foram 52,1% do total, enquanto 44,2% foram avaliadas como tendo alterações positivas e 3,7% como tendo alterações negativas.

Excetuando a atividade ‘vestir’, todas as outras apresentam valores da média das diferenças mais elevadas no GE - Tabela 34. O cenário em relação às diferenças estatisticamente diferentes de zero é idêntico à avaliação realizada pelos pais e familiares em relação ao desempenho. Isto é, no GE, todas as atividades’ exceto ‘acordar’ é possível verificar que a média das diferenças é estatisticamente diferente de zero, enquanto que no GC tal acontece em quatro das sete atividades de rotina (‘alimentação’, ‘vestir’, ‘tempo livre’ e ‘banho’). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre o GE e o GC para a avaliação da satisfação com o desempenho nas atividades de rotina.

Estes resultados, embora não apresentando uma discriminação absoluta, exibem um padrão que tendencialmente favorece a confirmação da hipótese 2.

Tabela 34 – Comparação das diferenças entre as avaliações inicial e final na satisfação com o desempenho

Grupo experimental (n=25) Grupo controlo (n=25)

Média IC 95% média IC 95% Acordar 0,88 -0,27;2,03 0,57 -0,38;1,52 Alimentação 1,65 0,52;2,77 1,29 0,63;1,94 Vestir 1,82 0,59;3,06 2,07 0,56;3,58 Tempo livre 1,53 0,58;2,47 1,07 0,24;1,90 Banho 1,70 0,85;2,55 0,79 0,03;1,54 Dormir 0,64 0,02;1,28 0,07 -0,80;0,22 Sair e viajar 0,71 0,11;1,30 0,36 -0,07;0,78

Intervenção em contexto – Estruturação e sistematização da informação

A hipótese 3 antecipa que é possível estruturar e sistematizar a informação contida nos registos realizados nas intervenções com base na ‘linguagem’ da CIF. Assim, a proposta de modelo de sistema de informação para a definição de objetivos e identificação de estratégias de intervenção em contexto tem como pressuposto a possibilidade de mapeamento à CIF dos diferentes constituintes de informação dos registos efetuados pelos profissionais envolvidos nas intervenções. Para tal todos os objetivos definidos no GE e no GC foram mapeados e para tornar este processo mais célere foram realizados teste de concordância com o objetivo de não serem necessários dois codificadores independentes a realizarem o mapeamento. Como os resultados iniciais não foram satisfatórios foram desenvolvidas linha de orientação adicionais às propostas por Cieza et al. [229].

Linhas de orientação adicional para a codificação

A percentagem de concordância absoluta obtida no processo inicial de codificação foi de 0,49 (IC 95%=0,41-059) para o codificador 1 e de 0,51 (IC 95%=0,43-0,61) para o codificador 2. Em consequência dos valores obtidos foram desenvolvidas linhas de orientação adicionais de codificação com o objetivo de melhorar a fiabilidade do processo. Essas linhas de orientação são:

Linha de orientação adicional 1 – um objetivo de reabilitação envolve a identificação da atividade principal e os complementos que restringem ou abrangem a sua execução; por exemplo, no objetivo definido como “Explorar um brinquedo com as duas mãos, durante 5 min, sem o levar à boca, com orientação do adulto”, o conceito