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Descrição dos selos ambientais para edificações no Brasil

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Identificação do universo de certificações ambientais para edifícios no Brasil

4.1.1. Descrição dos selos ambientais para edificações no Brasil

4.1.1.1. AQUA-HQE

O Processo AQUA-HQE foi lançado no ano de 2008, sendo o primeiro selo brasileiro para certificação de edifícios. Desenvolvido pela Fundação Vanzolini, o sistema foi baseado na

certificação francesa Démarche HQE (Haute Qualité Environnementale). A metodologia fundamenta-se em dois pilares: o Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE) e a Qualidade Ambiental do Edifício (QAE). O SGE permite tanto o planejamento, quanto a operacionalização e controle das etapas de desenvolvimento do empreendimento. Já a QAE relaciona-se ao potencial do conjunto das características da edificação, de seus equipamentos e do terreno, de cumprir requisitos relacionados ao controle de impactos sobre o ambiente externo e à criação de ambientes internos salutares. A QAE é avaliada em 14 categorias de preocupação ambiental e classificada em: base, boas práticas ou melhores práticas. Para que o edifício receba a certificação AQUA-HQE, deve alcançar um perfil de desempenho mínimo de 3 categorias no nível “melhores práticas”, 4 no nível “boas práticas” e 7 no nível “base” (INOVATECH, s.d.; VANZOLINI, s.d.).

4.1.1.2. BH Sustentável

O Conselho Municipal do Meio Ambiente (COMAM), por meio da Deliberação Normativa no 66 (DN66) e da Portaria SMMA no 06/2012, instituiu o Programa de Certificação em Sustentabilidade Ambiental, voltado aos empreendimentos públicos e privados localizados no município de Belo Horizonte. A adesão ao programa é voluntária e as edificações podem receber uma das três modalidades de selo (bronze, prata ou ouro), conforme o número de dimensões contempladas em sua proposta (água, energia, gases de efeito estufa e/ou resíduos sólidos). Para receber o selo bronze, o empreendimento deve contemplar uma das dimensões; para receber o selo prata, deve atingir duas; e para receber o selo ouro, deve atender a três. Existe, ainda, a possibilidade de receber um Certificado de Boas Práticas Ambientais para aqueles que implementarem medidas de sustentabilidade, mas não alcançarem os índices mínimos estabelecidos para a certificação, em cada área temática (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE, s.d.).

4.1.1.3. BREEAM

O BREEAM é um Sistema de Certificação Britânico atualmente presente em 77 países e foi o primeiro selo ambiental para edificações do mundo. A sigla significa Método de Avaliação do Building Research Establishment (BRE), que é a instituição responsável pela criação do sistema. O processo de avaliação do BREEAM é baseado em pontuação e analisa a aquisição, projeto, construção e operação de um empreendimento, comparando esses aspectos com metas pré-estabelecidas, baseadas em performances de referência. As categorias que uma edificação pode obter são: Pass (30 pontos), Good (45 pontos), Very Good (55 pontos), Excellent (70 pontos) e Outstanding (85 pontos) (BREEAM, s.d.; INOVATECH, s.d.).

4.1.1.4. Casa Azul

O Selo Casa Azul é um sistema de certificação nacional e foi desenvolvido pela Caixa Econômica Federal no ano de 2010. A adesão ao programa é voluntária e é destinada aos projetos habitacionais financiados pela Caixa. O processo de avaliação é feito segundo 53 critérios de avaliação, que se dividem em 6 categorias: qualidade urbana, projeto e conforto, eficiência energética, conservação de recursos materiais, gestão da água e práticas sociais. Para receber o selo, o empreendimento deverá cumprir 19 critérios obrigatórios e, conforme o número de critérios opcionais atendidos, receberá a classificação bronze (19 critérios obrigatórios), prata (critérios obrigatórios e mais 6 critérios de livre escolha) ou ouro (critérios obrigatórios e mais 12 critérios de livre escolha) (CAIXA, s.d.; INOVATECH, s.d.).

4.1.1.5. DGNB

O sistema DGNB foi desenvolvido pelo Conselho de Construção Sustentável da Alemanha em 2009 e foi introduzido no Brasil em 2013. O método se baseia em uma avaliação sistêmica do desempenho do projeto e da obra, cuja pontuação divide-se em três categorias: Bronze, Prata e Ouro. O diagnóstico é realizado por meio do desempenho obtido em cada grupo matriz (Nominal Performance Index (NPI)) – e por meio do desempenho obtido pelo conjunto

total da matriz (Total Performance Index (TPI)) (INOVATECH, s.d.). Atualmente, a certificação está presente na Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Bulgária, Chile, China, Dinamarca, Eslovênia, Espanha, Grécia, Hungria, Itália, Polônia, República Checa, Rússia, Suíça, Tailândia, Turquia e Ucrânia (DGNB SYSTEM, s.d.).

4.1.1.6. LEED

A certificação estadunidense LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) foi lançada em 1998 pelo United States Green Building Council (USGBC) e introduzida no Brasil em 2006. O sistema de avaliação do programa possui 7 dimensões a serem examinadas nos empreendimentos: sustainable sites, water efficiency, energy & atmosphere, materials & resources, indoor environmental quality, innovation in design, regional priority. Todas elas contém práticas obrigatórias (pré-requisitos) e créditos, que são orientações que, quando cumpridas, garantem pontos às edificações. O nível da certificação é conferido de acordo com a quantidade de pontos alcançada e pode ser: certificada (40-49 pontos), prata (50-59 pontos), ouro (60-79 pontos) e platina (a partir de 80 pontos). Atualmente o LEED é utilizado em 143 países, sendo a certificação ambiental para edifícios mais utilizada ao redor do mundo (GBC Brasil, s.d.; INOVATECH, s.d.).

4.1.1.7. PBE Edifica

O PBE Edifica faz parte do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) e foi desenvolvido em parceria entre o Inmetro e a Eletrobras/PROCEL Edifica em 2009. A Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) é um selo de conformidade que evidencia o cumprimento de requisitos de desempenho estabelecidos em normas e regulamentos técnicos. A ENCE do PBE Edifica considera 3 sistemas (iluminação, condicionamento de ar e envoltória) e avalia as edificações de A até E, conforme a performance em cada um deles, sendo que a classificação A demostra o melhor nível de eficiência energética e E o pior. A etiqueta pode ser obtida por empreendimentos comerciais, públicos, de serviços e residenciais, sendo estes

de 3 tipos: unidades habitacionais autônomas, edificações multifamiliares e áreas de uso comum (PBE EDIFICA, s.d.).

4.1.1.8. Procel Edifica

O Selo Procel Edificações foi estabelecido em 2014 e é um instrumento de adesão voluntária, que tem como objetivo identificar os empreendimentos que apresentem as melhores classificações de eficiência energética em cada uma das categorias informadas por meio da Etiqueta PBE Edifica. Nos edifícios comerciais, de serviços e públicos são avaliados os sistemas de envoltória, iluminação e condicionamento de ar. Nos residenciais são avaliados os sistemas de envoltória e o sistema de aquecimento da água. O selo pode ser concedido tanto na etapa de projeto (válido até a finalização da obra), quanto na etapa da edificação construída (PROCEL, s.d.).

4.1.1.9. Qualiverde

A qualificação Qualiverde foi criada pela prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU), no dia 06 de junho de 2012. O selo é descrito como uma legislação de incentivo às construções sustentáveis, composta pelo decreto 35.745/2012, que qualifica os projetos que adotam práticas relativas à sustentabilidade (gestão de água, eficiência energética, desempenho térmico e projeto). A adesão é voluntária e pode ser requerida por empreendimentos residenciais, comerciais, mistos ou institucionais, novos ou existentes. A qualificação é concedida mediante um sistema de pontuação: a edificação que alcança, no mínimo, 70 pontos é classificado como Qualiverde e a que atinge 100 pontos recebe o selo Qualiverde Total. Como incentivo para a adoção da certificação, foi criada a Lei de Benefícios Fiscais – em tramitação na Câmara dos Vereadores – que busca possibilitar aos projetos Qualiverde a concessão de benefícios fiscais relativos a determinados tributos municipais (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2013; ROLIM, n.d.).

A seguir, apresenta-se o número de edificações certificadas por selo, sua distribuição por ano, por estado, por macrorregião brasileira e por uso. Cabe ressaltar que as certificações DGNB e QUALIVERDE não foram incluídas nos indicadores mostrados nas próximas seções por não possuírem empreendimentos certificados no Brasil (DGNB) ou por não existirem dados disponíveis sobre empreendimentos certificados (QUALIVERDE).