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Este estudo foi realizado com quatro turmas do 1º ano do EM, totalizando 100 estudantes participantes. De fato, as turmas contam ao todo com 102 estudantes, mas para 2 deles não obtivemos a autorização dos responsáveis para suas

participações15. Das 4 turmas, 3 são compostas por 26 estudantes e uma por 24

estudantes. Por gêneros, os participantes são assim distribuídos: 52 do gênero feminino e 48 do gênero masculino. Existe uma determinação no PGE de que deve haver uma distribuição o mais homogênea possível de gêneros nas turmas.

A distribuição por idades, contemplada no Gráfico 2, mostra alguma diversidade na faixa etária. Três estudantes foram reprovados no ano anterior e estão repetindo o 1º ano nessas turmas. Os demais estudantes com idades superiores àquela chamada regular para o 1º ano escolar são repetentes opcionais. Prática bastante comum entre os estudantes concursados é já terem sido aprovados em seus Colégios de origem no 6º ano do EF ou o 1º ano do EM e optarem pela repetição do ano escolar, uma vez que a entrada no Colégio acontece, via concurso, apenas para estas duas séries.

Gráfico 2 - Distribuição por idade dos estudantes participantes da pesquisa

Fonte: Dados fornecidos pelo setor Supervisão Escolar do colégio

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A documentação referente às autorizações e ao comprometimento pode ser vista nos seguintes apêndices deste trabalho:

APÊNDICE A: Termo de compromisso (assinado pelas pesquisadoras)

APÊNDICE B: Autorização (assinada pelas pesquisadoras e pelo diretor do colégio)

APÊNDICE C: Termo de consentimento livre e esclarecido (modelo assinado pelas pesquisadoras) APÊNDICE D: Termo de assentimento livre e esclarecido (modelo assinado pelas pesquisadoras) Tarjas pretas foram posicionadas sobre as indicações de nome do colégio e de seu diretor, a fim de garantir o anonimato proposto.

Para os fins desta pesquisa, não trataremos os estudantes por seus nomes reais. Sempre que apresentarmos alguma intervenção dos estudantes, os trataremos por nomes fictícios, a fim de preservar o anonimato previsto nos termos assinados por eles, por seus pais, pelo responsável pelo colégio e pelas pesquisadoras.

Os dados numéricos apresentados até aqui se prestam a auxiliar na construção do perfil do estudante que participou desta pesquisa. Este grupo de estudantes respondeu a um questionário virtual composto por perguntas que enfatizavam questões relativas à sua rotina, ao lazer e aos hábitos de leitura e estudo. De posse dos resultados e também das observações relacionadas à convivência deles com a professora, foi possível traçar um perfil da turma e elaborar planejamentos mais coerentes com a identidade do grupo.

Este grupo de estudantes perfaz a clássica representação dos nativos digitais. Estão cercados de tecnologia durante todo o dia. Segundo foi percebido na pesquisa virtual, o tempo de maior afastamento dos aparatos digitais acontece enquanto estão na escola. Ainda assim, em cada intervalo de aulas, constantemente checam seus telefones e, segundo relataram, o que buscam são as interações nas suas redes sociais, principalmente. O dinamismo oferecido pela rede mundial de computadores, refletido pela avassaladora divulgação de informações, pode ter formado uma geração de pensamento acelerado. Os estudantes são dinâmicos, querem fazer, participar e esgotam o interesse rapidamente, tão logo o desafio posto seja vencido. Longas exposições, de quaisquer temas, não os interessam, a menos que apresentem um caráter de interatividade.

Essa rapidez de pensamento e necessidade de agilidade nos processos pode ser confundida com falta de atenção e interesse. De fato, eles são ágeis, muitas vezes chegam a conclusões mais rapidamente do que o tempo proposto pelos planejamentos. Com isso, podem não se sentir estimulados a continuar atentos ao que está sendo proposto. Um indicador que apontou para essa realidade foi a percepção (via dados da pesquisa, embora corroborem com os dados dos autores citados como referenciais neste texto) de que essa geração está zapeando o tempo todo: migram facilmente de um dispositivo eletrônico para outro, além de também fazer uso simultâneo deles. Não foi surpresa que todos (aqui a generalização ficou

simples – todos os estudantes deram a mesma resposta) utilizassem a internet como fonte primeira de busca de informação e depois outros meios. Contudo, para além da busca de informação, usam a internet significativamente mais para interações sociais, que podem se dar através das redes sociais (Whatsapp, Facebook, Instragran, Twitter, Snapchat, Youtube)16 ou de jogos online17.

Existe uma representação social sobre como são os estudantes do colégio, na qual são considerados extremamente disciplinados, com essa disciplina assemelhando-se à passividade. Contudo, essa representação não é verdadeira. Os estudantes são adolescentes e, como tal, bastante falantes e questionadores. Eles opinam, problematizam, discutem, bradam por seus direitos. É certo que existe todo um aparato para lidar com questões disciplinares, contudo, seria injusto não reconhecer neles características tão relevantes.

Com relação ao desempenho escolar, a heterogeneidade é bastante grande. As turmas são compostas por estudantes de alto, médio e baixo desempenho. Ressalte-se que, para essa categorização está sendo observado apenas o resultado numérico advindo das avaliações formais. Afunilando a análise e avaliando o desempenho na Física, mas lançando luz também sobre outras formas performances, é muito fácil perceber estudantes de baixas notas, mas que escrevem incrivelmente bem. Ou ainda, um que é desenhista, ou outros que estão à frente de clubes e grêmios, exercendo papeis que demandam liderança e oratória. Na verdade, a intenção deste parágrafo é elucidar mais algum (pré) conceito que possa existir acerca dos estudantes do colégio. Não são todos que apresentam altíssimo rendimento, como se supõe. Na verdade, apenas uma pequena parcela deles. Mais uma vez, a novidade aqui é o fato de os estudantes não serem como representados socialmente fora do colégio e não a diversidade em si, pois este mesmo padrão de variedade também foi percebido por mim na maioria dos colégios em que lecionei (colégios da rede privada há que se ressaltar). Penso que seja interessante sinalizar que embora o perfil aqui traçado não represente novidade, a forma de lidar com a diversidade sim. Nas demais escolas da minha experiência profissional e de minhas

16 Principais redes sociais citadas pelos estudantes na pesquisa.

17 Talvez por desconhecimento (ou por não acreditar no alcance dessa mídia, que apresentou resultados expressivos na pesquisa), os estudantes não foram questionados acerca dos jogos mais praticados por eles.

conversas com colegas, percebo que o desempenho acadêmico é estimulado e, para aqueles estudantes que não são capazes de atingi-lo, as escolas costumam ofertar aulas de reforço ou monitorias. No colégio da pesquisa essa também é uma realidade. Contudo, além dos tradicionais mecanismos de recuperação de conteúdo e nota, são ofertados clubes de teatro, dança, equitação, equipes de esportes (o mais variadas possível), ciências, matemática, grêmio estudantil. Ou seja, existem outras formas de o estudante exercer seus interesses e mostrar suas habilidades, além do acadêmico. Ainda que presentes, essas atividades são subavaliadas quando comparadas ao desempenho acadêmico18.

E foi para este público: diverso, falante, questionador e de múltiplas habilidades que elaboramos a proposta deste trabalho.