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Desde então (1979-ATUALMENTE)

No documento DADOS DE ODINRIGHT. elivros.love (páginas 173-177)

NICK HARRIS: Daisy Jones & The Six nunca mais tocaram juntos e nunca mais foram vistos juntos, desde aquele

show no Chicago Stadium.

DAISY: Quando fui embora de Chicago, procurei a Simone, contei tudo o que aconteceu, e ela me colocou numa

clínica de reabilitação.

Eu estou sóbria desde 17 de julho de 1979. E, quando saí da clínica, mudei de vida. Todas as coisas que conquistei desde então foram por causa dessa decisão. Quando abandonei o ramo da música, publiquei meus livros, passei a meditar, comecei a viajar pelo mundo, adotei os meus filhos, criei a Wild Flower Initiative, tudo isso mudou minha vida para melhor, de uma forma que eu jamais poderia imaginar em 79 — e só foi possível porque larguei as drogas.

WARREN: Eu casei com Lisa Crowne. Nós temos dois filhos, Brandon e Rachel. Lisa me fez vender o barco. Hoje

eu moro em Tarzana, na Califórnia, numa casa enorme, cercada de galerias comerciais, meus filhos estão na faculdade e garota nenhuma me pede autógrafo nos peitos. Às vezes, Lisa pede. Só para ser legal. E eu entro na brincadeira. Porque existem milhões de caras que adorariam autografar os peitos da Lisa em algum momento da vida, e eu tento nunca esquecer disso.

PETE LOVING (baixista, The Six): Não tenho muita coisa a dizer sobre tudo isso. Não guardo ressentimento de

ninguém, por motivo nenhum. Tenho ótimas lembranças do pessoal. Mas essa parte da minha vida ficou para trás. Hoje, tenho uma empresa de instalação de grama artificial. Jenny e eu moramos no Arizona. Meus filhos estão crescidos. Tenho uma vida boa.

Isso é tudo o que eu tenho a dizer, na verdade. Tenho quase setenta anos, mas ainda olho só para a frente, sabe? Não fico olhando para trás. Pode colocar isso no seu livro se quiser, mas não tenho mais nada a declarar.

ROD: Comprei uma casa em Denver. Por um tempo, Chris morou comigo. Vivemos uns bons anos juntos. Mas aí

ele foi embora. E eu conheci Frank. Minha vida é simples e fácil de administrar. Sou corretor de imóveis. Acho que fiquei com o melhor de dois mundos. Uma vida simples no presente com um monte de histórias loucas do passado para contar.

GRAHAM: Quando a banda se separou, Karen e eu… Estava tudo acabado. Nossa amizade tinha ido para o saco. A

gente se falou uma vez ou outra, mas ficou por isso mesmo.

São as pessoas que nunca te amaram que vêm à sua mente quando você deita para dormir. Você sempre se pergunta como teria sido, e não existe uma resposta. Talvez seja melhor nem saber mesmo. Não vai falar nada para a sua tia Jeanie sobre isso, viu? Não quero que ela me entenda mal. Eu a amo. Amo seus primos também.

E fico contente por não trabalhar mais com seu pai, mas a gente ainda toca junto por diversão de tempos em tempos. Ele ainda fica tentando me dizer como tocar guitarra (risos). Mas Billy é assim mesmo. Ensinou meus filhos a tocar piano, construiu uma casa na árvore para eles no nosso quintal.

Acho que o que estou querendo dizer é que fico contente pela banda que tivemos e também por termos sobrevivido a ela. Eu e ele.

Enfim, já que você está contando o que cada um está fazendo hoje, não esquece de escrever que eu tenho minha própria receita de molho de pimenta. Dunne Queimou Minha Língua.

EDDIE: Eu sou produtor. Provavelmente era o que deveria ter feito desde o início. Tenho um estúdio de gravação

em Van Nuys. Estou bem de vida. Saí por cima.

SIMONE: A cena da música disco morreu em 1979, e tentei seguir em frente depois disso, mas não conseguia tocar

no rádio da mesma forma que nas casas noturnas. Então, investi o dinheiro que ganhei, casei, tive Trina, me divorciei.

E, hoje, Trina é dez vezes mais famosa do que eu fui na minha época, ganhando rios de dinheiro e fazendo videoclipes tão loucos e ousados que Daisy e eu não teríamos coragem nem de pensar em fazer. Ela sampleou “The Love Drug” na música nova que lançou, “Ecstasy”. Minha nossa, hoje não existe mais nada por baixo dos panos na música. O pessoal simplesmente vai e fala o que quiser. Mas ela é uma rainha. Isso eu tenho que admitir. Ela está arrasando.

Pode ter certeza, minha garota está arrasando.

KAREN: Depois de sair dos Six, continuei fazendo shows e turnês com outras bandas por mais vinte anos. Me

aposentei no fim dos anos 90. Fiz o que queria da minha vida e não me arrependo de nada.

Desde que me entendo por gente, sempre fui uma pessoa que gosta de dormir sozinha. E Graham é um cara que gosta de acordar do lado de alguém. Se as coisas tivessem sido como ele queria, eu teria que me conformar em ser como todo mundo, teria que me ajustar ao que as pessoas esperam da vida. Mas não era isso que eu queria.

Talvez, se eu fosse de uma geração mais jovem, achasse o casamento uma ideia mais interessante para mim. Vejo muitos casais mais novos hoje em dia, e é uma relação igualitária, em que ninguém manda em ninguém. Mas essa não era uma configuração viável para mim. Não era uma configuração viável para a época. Ter um marido não combinava com o que eu queria. Eu queria ser uma estrela do rock. E morar sozinha. Numa casa nas montanhas. E foi isso o que fiz.

Mas se você chegar à minha idade e não se questionar sobre certas escolhas quando olhar para trás… bom, então você não tem imaginação.

BILLY: Eu abandonei os palcos. Assinei um contrato de edição musical com a Runner e virei compositor, faço

músicas para cantores pop desde 81. É uma vida boa. Mais tranquila e estável, e passei as décadas de 80 e 90 numa casa com três garotas barulhentas e uma mulher incrível.

Outro dia me disseram que abri mão da minha carreira pela minha família. E meio que fiz isso mesmo, mas acho que dizer isso faz tudo parecer mais nobre do que foi. Eu simplesmente tinha chegado ao meu limite. Não sei se existe alguma nobreza nisso. A questão era mais simples: se quisesse ser o que Camila queria para mim, eu tinha que sair da banda.

Você entende por que eu amava tanto sua mãe?

Ela era uma mulher sensacional. A melhor coisa que me aconteceu na vida. Pode me dar todos os discos de platina que quiser, todas as drogas, a tequila, toda a diversão, o sucesso, a fama, tudo. Eu devolveria para você na hora em troca das minhas lembranças com ela. Camila era uma mulher incrível, sensacional. E eu não merecia alguém como ela.

Não sei nem se o mundo a merecia. Você entende o que estou dizendo, né? Ela era mandona e adquiriu um péssimo gosto musical lá pelo meio dos anos 90, o que para um músico é uma coisa bem difícil de deixar passar batido. E ela tinha a pior receita de chili do mundo, mas achava uma delícia, então fazia o tempo todo (risos). Não estou dizendo nada que você já não saiba. Camila tinha seus defeitos também. Era teimosa a ponto de ficar anos e anos sem falar com a sua avó. Mas essa teimosia às vezes compensava. Ela foi teimosa comigo. E só sou quem eu sou hoje por causa disso.

Quando ela descobriu que tinha lúpus, foi um baque para todo mundo. Eu não desejo essa doença para ninguém. Mas estava decidido a usar isso como uma forma de retribuir tudo o que a sua mãe fez. Eu tomaria a frente das coisas quando ela estivesse sem condições, quando estivesse com muitas dores. Podia ficar em casa cuidando de vocês, para não largar tudo nas costas dela. Podia ser um companheiro e estar do lado dela o tempo todo.

Compramos a casa na Carolina do Norte… Acho que já faz uns vinte anos. Depois que você e suas irmãs foram para a faculdade. Vasculhamos o litoral inteiro, procurando pela casa dos sonhos dela. Não encontramos, então mandamos construir. Não existem empreendimentos em formato de colmeia por lá. Não é exatamente como na música. É só um sobrado com um terreno bem amplo e uma praia onde ela gostava de pegar caranguejos. Mas era o lar que ela sempre quis. E me sinto um homem de sorte por ter proporcionado isso a ela.

Você sabe como a perda dela foi difícil. Todos nós ainda sofremos com isso.

Admito que estou me sentindo bem sozinho ultimamente, com você e as suas irmãs espalhadas pelo país, e sem a sua mãe. Já faz mais de cinco anos. Não era para ela ir tão cedo. Uma mulher como ela morrer aos sessenta e três anos parece uma vingança cruel de Deus. Mas foi o que a vida me trouxe, o que a vida trouxe para a gente. Então, vamos em frente.

Eu nunca falei muito sobre isso quando você era menina, né? Nunca quis despejar minhas histórias, meus problemas em cima de você. Sua vida não tem que se pautar pela minha, querida, é a minha que tem que se pautar pela sua.

Mas agradeço por você me fazer essas perguntas e me manter ocupado de alguma forma.

Espero que isso esclareça alguma coisa para você, meu amor. De verdade. Sobre sua mãe, sobre mim e sobre a banda. Às vezes, fico surpreso por alguém ainda ter interesse nisso. Fico surpreso pelo nosso som ainda tocar nas rádios. Às vezes, até escuto. Outro dia estava tocando “Turn It Off’ numa estação de rock clássico. Parei o carro no acostamento da via expressa e fiquei ouvindo (risos).

Nossas músicas eram boas.

Uma última coisinha

No documento DADOS DE ODINRIGHT. elivros.love (páginas 173-177)

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