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Desempenho ambiental versus impacto do meio ambiente

6. INDICADORES AMBIENTAIS

6.3 Desempenho ambiental versus impacto do meio ambiente

Os incessantes esforços para alcançar liderança, impelem as organizações a buscar mecanismos de gestão voltados a aferir, identificar e controlar os aspectos e impactos ambientais, com foco voltado à excelência ambiental (AUSTRÁLIA, 1995c).

Esta mudança de atitude vem ocorrendo, com base em experiências do passado, com registros de perdas financeiras em função de acidentes ambientais que acarretaram multas emitidas por órgãos ambientais, além de expressivos gastos com a remediação do meio ambiente.

Lucena (2002) acrescenta que administrar uma organização envolve a harmonia do gerenciamento dos seus riscos conscientes ou não, com aspectos legais, financeiros e administrativos. Em função dos altos encargos inerentes ao inadequado gerenciamento ambiental, as empresas passaram a repensar suas estratégias voltadas à minimização dos seus impactos.

As respostas mais recentes da indústria surgiram apenas a partir da década de 1990, quando as indústrias passaram a se conscientizar que deveriam analisar os impactos ambientais inerentes aos seus produtos, fundamentando o conceito de ciclo de vida, visando o estabelecimento de procedimentos voltados a conceber e projetar produtos menos agressivos ao meio ambiente em todas as fases do processo produtivo (SÁNCHEZ, 1998).

As organizações vêm reconhecendo que investimentos em meio ambiente com a redução dos impactos ambientais podem trazer benefícios para a sociedade, além de lucros a longo prazo para a organização e a boa imagem perante o mercado.

Os impactos ambientais de um empreendimento, são gerados em conseqüência da falta de planejamento durante as fases de elaboração do projeto, isto é, durante a fase da construção, não prevista pelos principais “atores” do empreendimento: acionistas, projetistas, empreendedores e outras partes interessadas. Uma adequada metodologia de avaliação dos impactos ambientais, a título de estratégia preventiva, poderá auxiliar os referidos “atores” em todas as fases das decisões estratégias do projeto do empreendimento (DURAND et al., 1996); (ESTADOS UNIDOS, 1998)

Desta maneira, os custos inerentes aos programas voltados à conservação do meio ambiente podem ser reduzidos em função da redução ou conservação de energia e água, redução de resíduos perigosos, com conseqüências benéficas de retorno dos custos de disposição desses resíduos, bem como do tratamento dos efluentes gerados.

O desenvolvimento de estratégias em prol do meio ambiente torna-se vantagem competitiva para o negócio. Desta forma, as organizações devem-se estruturar para atender as seguintes demandas do meio ambiente (EPSTEIN, 1996):

a) aprender como aferir, reportar e gerenciar os impactos ambientais;

b) encontrar caminhos para aferir os custos e benefícios passados, presentes e futuros;

c) seguir um guia com vistas a implementar uma política ambiental corporativa. Adicionalmente, a ISO 14.031 (ISO, 1999) enfatiza que as organizações que possuem sistemas de gerenciamento ambiental implantado devem avaliar a conformidade do desempenho ambiental com a Política Ambiental implantada, bem como seus objetivos e metas. A avaliação do desempenho ambiental pode nortear as organizações na determinação dos seguintes elementos de um sistema de gerenciamento ambiental:

a) identificação dos aspectos e impactos ambientais;

b) determinação dos aspectos que devem ser tratados como significativos; c) estabelecimento de critérios para o aferir o desempenho ambiental; d) avaliação do desempenho ambiental face aos critérios estabelecidos.

O conhecimento prévio dos problemas associados à implantação e operação dos empreendimentos, por meio de instrumentos de avaliação de impacto e de planejamento ambiental, permitem a adoção de medidas que evitam ou atenuam esses impactos, reduzindo os danos ambientais, e conseqüentemente os gastos advindos.

Os danos ambientais podem se constituir em passivos ambientais, representando custos expressivos de correção e remediação, sem contar com eventuais multas e indenizações, passíveis de comprometer o orçamento da empresa e até mesmo a imagem do empreendimento (JORGE, 2002).

Associado a este fato, conforme considerações tecidas por Jorge (2002),

admite-se que os custos envolvidos na prevenção dos danos ambientais sejam normalmente inferiores ao de sua remediação ou correção.

Epstein (1996) destaca que a adoção de posturas passivas por parte das organizações, pode acarretar os seguintes desdobramentos:

a) maior tendência de ocorrências de crises, sem o efetivo plano de seu gerenciamento.

b) existência de impactos ambientais que poderão ocasionar conseqüências ambientais futuras, acarretando aumento dos custos ambientais, bem como problemas com a comunidade com possibilidade de afetar a imagem da organização.

c) diminuição dos lucros corporativos futuros, tornando estas organizações pouco atrativas no que concerne a processos de aquisição e lucros futuros. Epstein (1996) destaca ainda que poucas organizações alcançaram alto nível de desempenho, efetuando esforços expressivos para desenvolver e implementar estratégias ambientais. Muitas organizações reconheceram que investimentos ambientais com reuso e reciclagem de materiais e energia, e até a adoção de tecnologias mais limpas podem representar vantagem competitiva para o empreendimento.

Estas organizações ainda reconhecem que os benefícios de integrar os prováveis impactos futuros inerentes a responsabilidades por resíduos gerados pelo consumidor final ao longo da avaliação do ciclo de vida do produto podem minimizar os custos ambientais futuros e dos produtos finais, compelindo as organizações a repensar suas estratégias ambientais futuras voltadas à minimização dos impactos ambientais.

O comprometimento de várias empresas dos setores químico e petroquímico, propiciou o estabelecimento de políticas ambientais, consistentes, divulgadas e disponibilizadas a todas as partes interessadas. Como exemplo, pode-se citar as diretrizes da política de saúde, segurança e meio ambiente de uma empresa petroquímica localizada em um dos pólos de São Paulo, extremamente comprometida em implantar as práticas gerenciais do programa atuação responsável,

bem como atender os requisitos da NBR ISO 14.001(ABNT, 1996 a) e OHSAS 18.001 (BSI, 1999, tradução nossa)20.

a) atender, quando aplicável, as leis e regulamentos governamentais sobre saúde, segurança e conservação ambiental;

b) manter a integração e competência nos requisitos da conservação ambiental em todos os aspectos do negócio, como prática efetiva da linha gerencial; c) estabelecer objetivos voltados à saúde, segurança e meio ambiente, que

estejam em linha com o planejamento estratégico do empreendimento;

d) considerar as questões de saúde, segurança e meio ambiente, quando do envolvimento do empreendimento em novas atividades (projetos ou processos) ou modificação de processos ou procedimentos;

e) melhorar continuamente a performance por meio de inovação tecnológica, educação e boas práticas de gerenciamento;

f) promover uma cultura positiva no intuito de evitar os incidentes ambientais; prover os recursos de emergência e programas de resposta que minimizem a agressão às pessoas, ao meio ambiente e ao patrimônio para os eventos inesperados;

g) melhorar a relação com clientes, por intermédio do gerenciamento de produtos e com a comunidade com base no estabelecimento de programas voltados ao controle da poluição e a produção de produtos ambientalmente mais sadios.

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