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5. DESENVOLVIMENTO DA REVISÃO DE LITERATURA

5.5. DESEMPENHO DA EMPRESA

Há uma área de investigação activa que procura explicar a heterogeneidade substancial dos desempenhos entre as empresas. De análises teóricas e da grande quantidade de estudos realizados nos países da OCDE, é estabelecido que essas diferenças de produtividade são, em grande medida, relacionadas com as diferenças de conhecimento. Na literatura empírica sobre as economias industriais, as entradas e saídas do processo de criação de conhecimento (principalmente medido pela I&D, patentes e, mais recentemente, pelos produtos e processos de inovação) são importantes determinantes do desempenho da empresa.

Era comum a presunção de que as despesas de I&D levaria a

conhecimentos complementares, e da divulgação desse conhecimento resultaria em inovações, especialmente produtos e processos.

Por muito tempo os indicadores, quase exclusivos, de inovação foram os gastos em I&D e o número de funcionários dedicados a esta actividade e quando se pretendia avaliar as inovações no sucesso do negócio, geralmente, não era considerado a relação entre os recursos utilizados (inputs) e os resultados obtidos (outputs).

Com o decorrer do tempo e com o surgimento de uma perspectiva política que pretendia saber como aumentar a eficácia dos incentivos públicos sobre as práticas de inovação, através de subsídios públicos, estabelecimento e reforço de colaborações, políticas sectoriais, ou de alguma outra forma, um novo impulso foi dado para que as investigações tivessem em consideração a qualidade dos indicadores existentes e a potencialidade de indicadores alternativos, para além dos gastos em I&D.

O objectivo final de todas as empresas que consideram as actividades inovadoras é o de impulsionar o seu desempenho, comparado com o das empresas não inovadoras. Ao medir o desempenho das empresas, vários conceitos são encontrados: vendas por empregado, volume de exportação por empregado, as taxas de crescimento das vendas, os activos totais, razão de operação de lucro, volume de negócios e retorno sobre o investimento (Sirilli, 2001).

Estudos feitos por Ferreira, Marques e Barbosa (2007); Roberts e Amit (2003), Mogollón

Vaquero (2004) e Goedhuys, M. (2007)entre muitos outros, centraram-se em avaliar a influência

que a capacidade inovadora da empresa exerce sobre o seu desempenho. Tendo para tal medido o desempenho da empresa através das seguintes variáveis: volume de negócios/vendas, resultados líquidos, êxito alcançado com os novos produtos, melhoria dos resultados obtidos pela empresa, melhoria de aspectos ecológicos.

Capacidade de Inovação Empresarial e Políticas Públicas de Incentivos

Outro aspecto a salientar é que, inicialmente os estudos empíricos sobre a inovação centraram-se quase exclusivamente nas indústrias transformadoras. A razão é porque Investigação e Desenvolvimento (I&D) é o conceito mais amplo de inovação tecnológica, mais visível nas empresas industriais. Implicitamente as actividades de serviços foram vistas como estando à margem das tecnologias. Esta situação permaneceu até meados da década de 1980 quando as tecnologias da informação e comunicação começaram a difundir-se rapidamente, em primeiro lugar nos sectores financeiros e depois a todas as indústrias.

A partir desta altura, as actividades de serviços começaram a ser objecto de pesquisa económica desde uma perspectiva tecnológica e de inovação.

A maior atenção neste domínio revelou que a inovação tomou outras formas além de tecnologia, como por exemplo a organizacional e ao nível de design.

Os estudos no sector dos serviços têm chamado a atenção para aspectos que não são exclusivos deste sector, mas também relevantes no domínio da indústria transformadora, e que não foram considerados porque não fazem parte da esfera estritamente tecnológica. Existe, no entanto, dificuldades de mensuração empírica destes factores sobre os desempenhos das empresas.

Certos do facto de que as empresas investem em I&D para desenvolver novos produtos e processos e que ao investir em pesquisa, patentes e licenciamentos, permanecem na vanguarda das tecnologias, contudo a realidade das economias emergentes ou em desenvolvimento, onde a relevância de I&D e o nível de patentes pode ser questionada.

As actividades das empresas nos países em desenvolvimento estão abaixo da fronteira tecnológica, com baixos níveis de capital humano e equipamento obsoleto. Para aumentar a eficiência, ou estabelecer uma melhor posição competitiva, os esforços das empresas são orientadas para o desenvolvimento das capacidades de absorver, adaptar e dominar muitas tecnologias desenvolvidas em outras partes, ou seja, os esforços centram-se no processo de aprendizagem tecnológica. Podemos utilizar o conceito de Capacidades ou "capacidade de absorção” de Cohen e Levinthal (1989) para referir as empresas que identificam, assimilam e exploram a informação disponível externamente.

O conceito de inovação que temos tratado ao longo do presente trabalho, é mais amplo do que uma "invenção", que se centra na novidade, a inovação se refere à aplicação do conhecimento que é novo para a empresa e não necessariamente novo para seus concorrentes, mercado ou mundo.

Neste sentido a medição da inovação em empresas de países em desenvolvimento é colocada sobre os mecanismos de difusão do conhecimento que incluem os recursos humanos, relações com outras empresas e organizações, a utilização das TIC, sistemas de controlo de qualidade, aquisição de tecnologia incorporada que conduza a mudanças incrementais e organizacionais, a cooperação com os clientes, inovação de produtos e de aprendizagem através da exportação, são essenciais para o crescimento das empresas. Outros factores institucionais, tais como a regulamentação excessiva, falta de apoio do governo, são igualmente determinantes e importantes.

Dos estudos apresentados, constatamos também que a intensidade com que as empresas se envolverem nestas actividades de inovação é dependente do sector, da dinâmica regional/local, da disponibilidade de recursos, da cultura de inovação, entre outros factores.

Em geral, as publicações estabelecem uma relação positiva do efeito da inovação sobre o desempenho da empresa. Para além dos estudos citados ao longo do trabalho, o de Diederen et al., (2002) concluiu sobre os agricultores holandeses, que os inovadores apresentaram lucros significativamente mais elevados e um maior crescimento do que aqueles que não foram inovadores. Favre, F. et al., (2002) concluem a partir de uma amostra de 2.879 empresas francesas de catorze indústrias, a existência de um impacto positivo das inovações sobre os lucros. A intensidade de I&D, as relações de cooperação, a intensidade de capital, o volume de exportações associadas as inovações, a participação no mercado, a concentração da indústria, a existência de spillovers nacionais e internacionais exercem uma influência significativa sobre os lucros das empresas (Favre et al., 2002). O uso do conhecimento externo, das oportunidades tecnológicas e do grau de inovação aumentam significativamente a produtividade do conhecimento (Avanitis e Hollerstein, 2002).

Numa publicação com base no acompanhamento da inovação na Holanda, Meinen (2001) afirma ser positiva a decisão sobre a questão de saber se vale a pena fazer actividades de inovação. As empresas que fizeram actividades de I&D numa base permanente, que cooperaram com outras empresas ou entidades e que utilizam diferentes fontes de informação, aumentaram o volume de negócios durante o período 1996-1998.

Capacidade de Inovação Empresarial e Políticas Públicas de Incentivos