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O termo desempenho motor, segundo Gallahue e Ozmun (2005), é considerado como o nível de desempenho atual de um indivíduo, influenciado por fatores como movimento, velocidade, agilidade, equilíbrio, coordenação e força. Hollman e Hettinger (2004) descrevem desempenho motor como o estado de disponibilidade de desempenho tanto na área psíquica, seja para atividades ativas, como para as consideradas passivas. Contudo Barbanti (1991) observou que o termo desempenho motor torna-se mais abrangente ou mais específico dependendo dos valores ou situações que estão sendo mensuradas, tais como, rendimento, lazer, saúde, etc. No entanto, pode-se falar que a condição básica para o desempenho motor individual máximo é o funcionamento perfeito de todo o organismo (HOLLMAN E HETTINGER, 2004).

Partindo da definição deste termo, Guedes e Guedes (1997), descrevem que o desempenho motor é um importante atributo no repertório da conduta motora de crianças e jovens e, depende de fatores genéticos, estruturais, fisiológicos, biomecânicos e psicológicos. Operacionalmente o desempenho motor, conforme Guedes e Guedes (1997) tem sido verificado por meio de testes, e via de regra, o propósito destes, é o de obter informações qualitativas e quantitativas que possam propiciar comparações entre e intra-indivíduos, na tentativa de identificar o comportamento relacionado ao aspecto motor. Os testes motores caracterizam-se pela realização de uma tarefa motora, que é conduzida em um meio ambiente que procura simular situações que possam solicitar predominantemente determinada capacidade ou habilidade motora (GUEDES E GUEDES, 1997).

Morrow Jr et al (2003), afirmam que a seleção de determinado teste motor, deverá ser restrita àqueles que são mais sensíveis e que possam responder às flutuações dos fatores fisiológicos, biomecânicos, dentre outros desejados, exigindo, portanto, que estudos prévios sejam desenvolvidos, a fim de se evidenciar quais fatores os testes motores possam solicitar prioritariamente. Se por um lado, os testes motores apresentam maiores facilidades quando de sua administração em relação

às medidas de laboratório, tendo como principal vantagem o fato de poderem ser utilizados em levantamentos populacionais, uma vez que não exige equipamento sofisticado, nem pessoal altamente especializado, por outro, sua grande debilidade é o fato de aspectos culturais, motivacionais e ambientais poderem facilmente contaminar seus resultados (MORROW JR et al, 2003).

Sendo assim, uma variedade de baterias de testes tem sido formulada em todo mundo, objetivando verificar o nível das capacidades e habilidades motoras, principalmente em crianças e jovens (CAHPER FITNESS, 1980; BOTMP; BRUININKS, 1978; AAHPERD, 1988; CONSELHO DE EUROPA, 1990; MABC; HENDERSON E SUGDEN, 1992; PDMS-2; FOLIO E FEWELL, 2000; ULRICH, 2000; PROESP-BR, 2007).

Para a avaliação do desempenho das habilidades motoras amplas, Wiart e Darrah (2001), destacam quatro baterias de testes que têm sido utilizadas amplamente em todo mundo, sendo estas: Bruininks–Oseretsky Test of Motor Proficiency (BOTMP), proposta por Bruininks e Oseretsky (1978); Movement Assessment Battery for Children (MABC), proposta por Henderson e Sugden (1992); Peabody Developmental Motor Scales - second edition (PDMS); proposta por Folio e Fewell (2000) e o Test of Gross Motor Development-Second-Edition, proposto por Ulrich (2000). A ampla utilização destas baterias de testes para a avaliação das habilidades motoras amplas resulta da facilidade de utilização, bem como da possibilidade que elas fornecem de realizar a avaliação tanto em crianças identificadas com algum tipo de patologia cognitiva ou motora, como em crianças identificadas em estado de normalidade. Outro ponto relevante que acaba influenciando os estudiosos a utilizarem estas baterias como instrumento de medida, é o alto nível de fidedignidade encontrado através dos testes estatísticos realizados. A sugestão por parte de professores de educação física e educação física adaptada, para a reformulação de alguns testes específicos, bem como a inclusão de outros, também tem contribuído para elevar a validade destas baterias, a ponto de serem re-editadas novas versões com as modificações sugeridas (WIART E DARRAH, 2001; ULRICH, 2005).

Atualmente pode-se observar através dos estudos, a constante preocupação dos estudiosos em analisar a real validade destas baterias de testes, quanto à sua utilização em diferentes grupos étnicos, diferentes faixas etárias, sexos, dentre outros. Quanto ao TGMD-2, instrumento de medida que foi utilizado no presente

estudo, é possível observar na literatura vários estudos que têm procurado realizar esta análise crítica da fidedignidade desta bateria, utilizando-a em diferentes contextos.

Simons et al (2007) realizaram um estudo objetivando investigar a validade e confiabilidade do TGMD-2, quando utilizado em crianças flamengas com idade entre 7 e 10 anos, identificadas com algum tipo de inabilidade intelectual. Os resultados demonstraram, através de uma análise fatorial que efetivamente o TGMD-2 demonstrou ser uma boa opção de instrumento de medida para ser utilizado com populações com algum tipo de inabilidade intelectual.

A investigação de Evaggelinou, Tsigilis e Papa (2002), teve por objetivo verificar a validade de construto da bateria de testes TGMD-2, bem como realizar uma validação aproximada da bateria em uma população de crianças gregas. Participaram do estudo 644 crianças, que foram dividas de forma randômica em dois grupos distintos, o grupo de validação e o grupo de calibração. Após as análises estatísticas realizadas, os resultados indicaram que a bateria tem forte potencial para ser utilizado na avaliação do desempenho das habilidades locomotoras e controle de objetos de crianças gregas.

Rudissil et al (2002) tiveram como objetivo do seu estudo realizar uma comparação do desempenho das habilidades motoras amplas de crianças que vivem em ambiente urbano e crianças que vivem em ambiente rural no estado do Alabama, localizados nos Estados Unidos da América (EUA). Neste estudo os autores salientam que o TGMD-2 demonstrou ser um excelente instrumento de medida na realização de estudos comparativos entre populações de diferentes contextos.

Outro estudo realizado tendo como objetivo a análise do TGMD-2 foi realizado por Lee, Zhu e Ulrich (2005). Neste estudo os autores verificaram através de analises estatísticas as qualidades psicométricas da bateria de testes TGMD-2. Para tanto participaram do estudo 1.168 crianças, sendo 587 do sexo masculino e 581 do sexo feminino. Após as análises estatísticas realizadas, todos os dados demonstraram que o TGMD-2 manteve as qualidades psicométricas em segunda edição.

Especificamente no Brasil, recentemente Valentini et al (2008), realizaram um estudo com o objetivo de traduzir e verificar a validade dos critérios motores quanto à clareza e pertinência por juízes; a validade fatorial confirmatória; e, a consistência

interna teste-reteste da versão portuguesa do TGMD-2. Após as análises estatísticas, os dados demonstraram que a versão portuguesa do TGMD-2 responde a todos os pressupostos metodológicos e estatísticos para ser utilizado na avaliação de crianças brasileiras. Neste sentido os autores ainda complementam, descrevendo que resultados deste estudo repercutem na prática cotidiana de educadores e terapeutas, pois suportam a validade do TGMD-2, encorajando esses profissionais a usá-lo com crianças brasileiras como um instrumento confiável de avaliação motora; e de apoio ao planejamento de diferentes ações e estratégias interventivas.

Atualmente a bateria de testes TGMD-2 também tem sido muito usada como instrumento de medida em pesquisas que envolvem a estratégia da intervenção motora. (VALENTINI, 2002; GOODWAY E BRANTA, 2003; ROBINSON et al, 2003; MASKELL, SHAPIRO E RIDLEY, 2004; STABELINI NETO et al, 2004; NIEMEIJER, SMITS-ENGELSMAN E SCHOEMAKER, 2007). A opção em se utilizar esta bateria de testes em investigações que utilizaram a intervenção motora como estratégia para propiciar o desenvolvimento de habilidades motoras amplas, pode ser resultado da ampla utilização do TGMD-2 em investigações realizadas com populações consideraras especiais, que é maioria em estudos de intervenção. Entretanto, recentemente, a comunidade científica tem demonstrado maior interesse em realizar estudos de intervenção motora em populações consideradas normais, principalmente na primeira infância, e, para tanto tem se utilizado de bateria de testes motores para verificar a influência desta intervenção no processo de desenvolvimento das habilidades motoras amplas (COPEC, 2000; LOPES, 2006; SERBESCU et al, 2006; VALENTINI E RUDISILL, 2006; VERSTRAETE et al, 2006; AMMERMAN et al, 2007; LIUSUWAN et al, 2007; MACDONALD et al, 2007; PARISH et al, 2007; HESKETH et al, 2008; SOLLERHED E EJLERTSSON, 2008).

Sintetizando este tópico, pode-se compreender como a avaliação do desempenho motor pode servir como referência para verificar o real estado do desenvolvimento motor principalmente em crianças jovens. Outro ponto que foi abordado é sobre os recursos que têm sido utilizados para a avaliação das habilidades motoras amplas, e em destaque a bateria de testes TGMD-2. Por fim comentou-se sobre a utilização desta bateria em estudos que utilizaram como estratégia de pesquisa a intervenção motora, e foi ressaltada a importância da utilização desta bateria de testes em estudos de intervenção.

Desta forma, torna-se coerente descrever sobre os atuais estudos realizados que se utilizaram da estratégia da intervenção motora objetivando o aprimoramento e desenvolvimento de habilidades motoras amplas.

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