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1 INTRODUÇÃO

2.4 DESEMPENHO ORGANIZACIONAL

As questões sobre desempenho são costumeiramente ponderadas a partir do sucesso financeiro de uma determinada organização. Todavia, pode-se entender que o sucesso financeiro não pode sozinho representar uma medida de desempenho global da mesma, pois existem outras variáveis que podem indicar desempenho e não necessariamente retorno financeiro, como nível de satisfação dos clientes, melhoria de processos internos, parceria com fornecedores, por exemplo.

Contudo, também não se pode separar resultado financeiro do desempenho organizacional. Nesse sentido, Porter (1989) relaciona que o fato de a rentabilidade de uma empresa estar abaixo ou acima da média de sua indústria, deve-se ao posicionamento da organização. Para o autor, uma empresa que se posiciona bem é capaz de obter altos retornos, mesmo que a estrutura seja desfavorável e a rentabilidade média, modesta. Essa concepção corrobora com a ideia de que o desempenho organizacional é medido através dos resultados numéricos/financeiros produzidos pela organização.

Como exemplo dessa premissa, pode-se relacionar o BSC, que compõe medidas operacionais como aprendizado, processos internos e clientes e que direciona todos os esforços dessas para a expansão e melhoramento da perspectiva financeira, entendendo que uma vez satisfeitos os demais processos, o resultado financeiro aplica-se como consequência (LOBATO, 2006). Apresenta-se a ferramenta BSC, portanto, como um importante instrumento para se demonstrar desempenho.

Segundo Porter (1989), são três as estratégias possíveis para posicionar uma empresa e conferir a ela uma vantagem competitiva, a que ele chama de estratégias genéricas: liderança em custo, diferenciação e enfoque (em custo ou diferenciação). Ainda, segundo Porter (2009), a busca de uma vantagem competitiva e melhor desempenho frente aos concorrentes, passa pelo posicionamento e pelas escolhas que a organização é capaz de fazer, ou seja, uma empresa deve optar por alguns caminhos em detrimento de outros. Porter (1989) assegura que as organizações que alcançarão melhor desempenho são aquelas que conseguirão executar apenas uma dentre as três estratégias genéricas.

Os estudos de Pinho e Silva (2001) indicam o afirmado por Porter. Constatou-se, através deste, que as organizações que tiveram os melhores desempenhos optaram pela estratégia genérica de diferenciação, seguida pela estratégia de liderança em custo. E as empresas que optaram por posicionamentos intermediários, tiveram os piores desempenhos.

Segundo Porter (1989), a principal peça de um Planejamento Estratégico é a escolha de uma estratégia genérica. Dessa forma e entendido o papel que a escolha e o posicionamento estratégico podem desempenhar, a empresa prepara-se para a busca da vantagem competitiva e do desempenho superior. Essa relação entre planejamento e estratégia é essencial para o autor, para a busca do desempenho. Pode- se entender que o Planejamento por si só, não é uma ferramenta que afete diretamente o desempenho organizacional, mas que por meio dela, este poderá ser alcançado.

Brito e Brito (2012) citam que a vantagem competitiva de uma organização é a principal hipótese para explicar o desempenho das empresas. Vantagem competitiva, encontrada em Porter (1989), é a busca de diferenças preserváveis que destaquem a empresa em relação aos concorrentes. Ao mesmo sentido, Brito e Brito (2012) ratificam a conclusão da pesquisa anterior, mantendo o crescimento – consequência do desempenho organizacional - associado à vantagem competitiva das organizações.

Quando falamos em desempenho organizacional, uma das primeiras ponderações refere-se às formas de desenvolvimento que as organizações têm buscado. Um dos caminhos mais citados é o desenvolvimento pela inovação, uma vez que a inovação constitui-se em uma busca necessária para competir e manter nutrindo uma vantagem competitiva. Kim e Mauborgne (2005) citam que as organizações devem

buscar competir atingindo novos mercados, ou oceanos azuis, deixando de lado a concorrência e a competição predatória, ou seja, os oceanos vermelhos. Porter (2009) aproxima-se da ideia de inovação quando sugere que estratégia é o desempenho de atividades diferentes dos rivais competidores de uma mesma indústria. Seguindo, essa estratégia pode conseguir para a organização uma vantagem preservável e conduzi-la à obtenção de uma vantagem competitiva.

Brito, Brito e Morganti (2009) buscam compreender como se dá o desempenho organizacional com base na inovação. Tal busca, centra- se no objetivo de saber se pode haver relação entre inovação e desempenho financeiro. Assim, pode-se afirmar que a inovação é o motor de desenvolvimento empresarial e pode conduzir ao desempenho. O problema reside nas dificuldades de mensurar e classificar financeiramente tal desempenho. Todavia, o estudo dos autores aqui citados, conduz à premissa que o investimento em inovação é capaz de aumentar a capacidade de vendas e o crescimento das organizações. Segundo Kim e Mauborgne (2005), a inovação aliada à geração de valor podem conduzir as empresas a diferenciação e baixo custo, estratégias que, segundo Porter (1991), podem melhorar o posicionamento estratégico da empresa proporcionando vantagens sustentáveis a mesma. Outra abordagem é proposta por Robbins (2003), o qual afirma que a estrutura das organizações influencia o desempenho desta. O autor cita duas formas de organização: a mecanicista e a orgânica. Dessas restam diferenças no organograma de hierarquias, bem como das relações entre equipes e pessoas. Neste prisma, uma estrutura (orgânica) tende a ser mais flexível e menos formal que a outra. É concorde que a estrutura é fator de influência sobre o desempenho organizacional.

Ainda, o desempenho organizacional está comumente ligado aos resultados econômico-financeiros obtidos pelas organizações. No mesmo sentido, as medidas internas de eficiência e eficácia também podem representar o desempenho da organização. Nesse contexto a eficácia organizacional é colocada em um plano superior ao desempenho face a sua abrangência (BRITO; BRITO, 2012). Eficácia para Sobral e Peci (2013, p. 6), “[...] é a capacidade de realizar as atividades da organização de modo a alcançar os objetivos estabelecidos. [...] implica em escolher os objetivos certos e conseguir atingi-los; sua principal preocupação é com os fins”.

Robbins (2003) questiona-se se o planejamento pode melhorar o desempenho da organização. Nesse enfoque, o autor afirma qualitativamente e não estatisticamente que os resultados globais das

organizações que utilizam o planejamento, são melhores. Todavia reconhece também, que existem diversas pesquisas buscando e angariando argumentos em contrário.

Sobre a relação entre planejamento e desempenho organizacional resultam nas conclusões a seguir (ROBBINS, 2003):

 O planejamento formal pode ser relacionado ao maior crescimento das vendas e receita, lucros mais elevados, maior retorno sobre os ativos e outros;

 A qualidade do processo de construção e implementação do planejamento contribuem para o melhor desempenho;

 As organizações e seus líderes aprenderam que o planejamento não deve ser um processo estático e consideram cenários alternativos e planos de contingência através da incorporação da cultura;

 Apesar de não poder afirmar que o planejamento estratégico possa ser um gerador de criatividade, também não se pode afirmar que sua ausência permita o aparecimento da criatividade;

 As pesquisas que listam insucessos do planejamento, também indicam sérias dificuldades no ambiente.

O desempenho organizacional pode variar conforme a empresa em razão de uma série de motivos. Esses motivos geralmente se encontram no cerne da estratégia (BRITO; VASCONCELOS, 2004). Essas diferenças concentram-se nas diferenças das próprias organizações tais como, tamanho, produto, pessoas, localização, organização e história.

A relação entre os objetivos organizacionais que são definidos através de um processo formal de Planejamento Estratégico e o desempenho organizacional pode encontrar fundamentos sólidos. Nesse entendimento, pode-se afirmar que dois argumentos têm permitido concluir pela melhoria do desempenho das organizações: 1) A organização possuir objetivos bem específicos (não genéricos) e definidos; 2) A organização possuir objetivos desafiadores (SOBRAL; PECI, 2013).

Deve-se pensar em desempenho organizacional por intermédio dos conceitos de Porter (1989) e Brito e Brito (2012), em que a busca pelo desempenho está centrada na estratégia corporativa localizada dentro das perceptivas trabalhadas acerca da construção do Planejamento Estratégico, que se centra neste documento.

Dessa forma, entende-se que uma estratégia, construída a partir do Planejamento Estratégico e orientada para a busca de uma vantagem competitiva pela organização, pode ser motor de desempenho de maneira global e não exclusivamente econômico/financeiro. Não podendo, todavia, desprezar outras abordagens possíveis sobre desempenho organizacional como a inovação e a estrutura, tão pouco a financeira, em razão de ser a abordagem preferida pelas organizações.

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