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DESEMPENHO, PRESTÍGIO, PAIXÃO POR INOVAÇÃO Um bom avião é um avião que voa bem Na BREITLING, partilhamos 

Você é a alma do negócio

DESEMPENHO, PRESTÍGIO, PAIXÃO POR INOVAÇÃO Um bom avião é um avião que voa bem Na BREITLING, partilhamos 

a mesma filosofia. A nossa vocação: construir relógios­instrumentos com  ultra­desempenho  para  os  profissionais  mais  exigentes.  Os  nossos  cronógrafos  respondem  aos  mais  altos  critérios  de  robustez  e  de  funcionalidade,  e  todos  os  nossos  movimentos  são  submetidos  aos  implacáveis testes do Controle Oficial Suíço dos Cronômetros. Não é por  acaso que somos o fornecedor oficial da aviação.

Simbolizar  com  o  produto  relógio,  por  exemplo,  que  o  ethos  é  robusto  e  funcional  convoca  sempre  à  comparação  com  um “outro”  ausente  que  é  fraco  e  não  funciona.  Há  um  dito  marcado  pelo  não­dito.  O  discurso  é  dialógico,  e  depende da relação entre quem enuncia e para quem o faz. A identidade de um  ser  não  está  nele  mesmo,  mas  naquele  ser  ao  qual  se  opõe”  (CHAUÍ,  1983,  p.225) Por outro lado, há a preocupação do enunciador em criar um campo léxico­  semântico que remete à funcionalidade e desempenho, que, por sua vez , fazem  parte  dos  ideais  masculinos  de  virilidade.  Dessa  forma,  as  expressões  grifadas:  ultradesempenho,  exigentes,  robustez,  funcionalidade,  implacáveis  testes  etc.  contêm  avaliativos  densos,  austeros,  como  se  pretende  emoldurar  os  ethé  do  sujeito enunciador e de seu co­enunciador. 

O léxico prestígio, também invocado no discurso, remete à imagem que se  pretende  produzir  em  sociedade,  adquirindo  um  status  relevante  com  o  uso  do  relógio. Mas diríamos que o ethos desenhado no texto, como um todo é o ethos  da perfeição. 

Observemos  mais um anúncio de relógio. Dessa vez o BENTLEY. Todo o  campo  semântico  leva  a  uma  preocupação  predominante  com  a  perfeição  mecânica além da argumentação relativa ao prestígio da marca.

Figura 18 

Revista Playboy, ed. 386,  julho/2007 p.13 

BENTLEY 

PRESTÍGIO  E  DESEMPENHO.  Sob  o  signo  do  “B  alado”,  Breitling  e  Bentley  partilham um mesmo desejo de perfeição. A mesma exigência de confiabilidade,  de precisão, de autenticidade..A mesma aliança de prestígio e desempenho.(...)A  tecnologia mais moderna se alia à grande tradição. Símbolo desta cumplicidade.  A Breitling participou do design da instrumentação de bordo dos modelos Bentley  Continental, os mais potentes jamais construídos pela Bentley.  (Os grifos são nossos).

Com  uma  extensa  descrição  do  produto,  a  publicidade  do  relógio  Bentley  busca  um  campo  léxico­semântico  que  o  aproxime  da  perfeição  mecânica.  O  próprio  substantivo  perfeição  é  utilizado;  e  expressões  como  “exigências  de  confiabilidade,  de  precisão,  de  autenticidade.”  O  substantivo  “desempenho”  também  é  reiteradamente  utilizado;  a  expressão  “potentes”,  a  própria  palavra  “mecânica” é citada.  As expressões “instrumentos de pulso” e “propulsionados por motores” dão  um tom austero, extremamente mecânico à descrição do produto, lembrando mais  um foguete que um relógio.  Por outro lado, fala­se em “bela mecânica” e “perfeição estética” como uma  forma masculina quase militar de nomear a beleza do relógio. O discurso trabalha  para simbolizar o masculino no relógio, aquilo que ideologicamente se tem como  símbolos de representação do masculino: potência, funcionalidade, desempenho,  precisão etc.  A tentativa de divulgá­lo de forma elitizada, leva os enunciadores a lembrar  a  “célebre  marca  britânica”  e  a  terminar  o  anúncio  com  frases  no  idioma  inglês.  Forma de acessar e simular a sofisticação. 

Esse  texto  demonstra  o  trabalho  simbólico  construído  através  da  seleção  vocabular. Orlandi, (2004, p.28) considera que a Análise do Discurso se interessa  pela linguagem como trabalho simbólico. É ação que constitui identidades.

6.3.3.3. Carros 

Podem  simbolizar  estilo  e  alto  padrão  de  vida,  pois,  conforme  concebe  Pêcheux(1988), o sujeito é visto não como um organismo humano individual, mas  como  uma  representação  de  um  lugar  determinado  na  estrutura  social.  Entendemos  que  falamos  de  um  lugar  social  e  somos  vistos  pelo  que  representamos.  Essa  representação  de  lugar  social  pode  estar  simbolizada  em  um  produto  adquirido  pelo  indivíduo.  Por  ser  um  produto  considerado  de  luxo,  caro,  só  as  pessoas  que  estão  em  um  lugar  elevado  na  estrutura  social  conseguem  adquiri­lo.  Daí  a  célebre  frase  que  diz  que  você  vale  pelo  que  você  possui,  ou  seja,  a  ideologia  do  consumo  enfatiza  aspectos  como  estilo,  alto  padrão  de  vida,  luxo  para  compor  o  merecimento  do  indivíduo  em  ocupar  uma  posição de respeito na sociedade. 

Vejamos o anúncio a seguir do BMW e poderemos compreender melhor o  simbolismo  do  produto  como  representativo  de  ascensão  social.  Quem  pode  possuir  uma  BMW?  A  palavra  sofisticação  é  o  conceito  trabalhado  no  anúncio.  Com um enunciado pequeno o anunciante diz tudo o que interessa. 

O  cenário  noturno  e  as  imagens  extraídas  desse  “momento”  contribuem  para construir a mensagem.

Figura 19 

Men’sHealth, ed. 18, Out/2007 p.121 

Esse  estilo  e  alto  padrão  de  vida  simbolizados  pela  aquisição  do  carro  BMW  devem  despertar  a  cobiça,  a  inveja  e  a  admiração  de  todos.  O  carro  é  a  própria  representação  da  sofisticação,  de  lugar  sofisticado.  Por  isso  o  texto  diz:  “Freqüente  lugares  sofisticados  sem  sair  do  carro.”O  cenário  noturno,  o  anúncio 

Freqüente lugares sofisticados sem sair do carro.  Novo  BMW  Série  1.  Impressiona  em  todos  os 

em  preto  e  branco  para  destacar  essas  luzes,  além  da  cor  preta  do  carro,  contribuem  para  a  cenografia  de  sofisticação  montada  pelo  anunciante.  O  verbo  impressionar é utilizado na frase: “Impressiona em todos os detalhes.” 

Observe­se, através dessa escolha verbal, a preocupação do indivíduo em  ostentar, chamar a atenção para seu status através da aquisição do carro. Como  diz Bakhtin, “as palavras são tecidas a partir de uma multidão de fios ideológicos  e  servem  de  trama  a  todas  as  relações  sociais  em  todos  os  domínios”.  (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 1999, p.39). O ethos que é construído pelo texto é um  ethos  materialista  pelo  fato  de  conduzir  a  avaliação  do  sujeito  pelo  que  este  possui. 

Gnerre (1998 ) nos diz que o  poder das palavras é enorme, especialmente  o poder de algumas palavras, que encerram em cada cultura, mais notadamente  nas  sociedades  complexas  como  as  nossas,  o  conjunto  de  crenças  e  valores  aceitos e codificados pelas classes dominantes. 

É  o  que  demonstra  a  também  cenografia  do  anúncio  polifônico  a  seguir,  veiculado pela revista VIP em dezembro de 2007, pp. 88­89: 

Título: 

A  imagem:  um  carro  metálico  da  marca  FIAT  em  meio  a  um  cenário  noturno,  no  qual  as  luzes  dos  edifícios  são  pano  de  fundo.  Das  janelas  dos  edifícios  saem  setas  direcionadas  ao  carro,  similares  aos  balõezinhos  das  histórias em quadrinhos, com os seguintes comentários entre aspas: 

Despertar  invejas  é  o  gancho  fundamental  nas  publicidades  de  carros  de  luxo.  A  expressão  “Mais  que  um  carro,  uma  conquista.”,  ilustra  também  a  aquisição  do  carro  como  um  símbolo  de  ascensão  social.  A  polifonia  se  faz  na  heterogeneidade  das  vozes  marcadas  pelas  aspas  que  o  enunciador  orquestra  para  significarem  admiração  pelo  carro,  admiração  e  inveja  pela  ascensão  do  possuidor  do  veículo,  prestígio,  respeito  e  poder,  além  da  constatação  do  lugar  social que, pela aquisição do carro, o indivíduo conquistou. 

Dessa  forma,  encontramos  publicidade  semelhante  à  da  FIAT  acima,  refletindo  uma  intertextualidade  dos  anúncios.(  revista  Men’sHealth 

Novo Siena 2008. Mais que um carro, uma conquista  ­ “Que p...carro!”  ­ “Promovido de novo? Não é possível.”  ­ “Meu Deus do céu!”  ­ “Vou mandar meu currículo pra ele.”  ­ “Esse aí chegou lá.”

novembro/2007,  p.41)  Esta  publicidade  é  relativa  ao  lançamento  do  PEUGEOT  307. 

Figura21 

Men’sHealth, ed. 19, novembro/2007, p.41 

A imagem: dois carros metálicos (PEUGEOT 307) em um fundo vermelho  com  várias  setas  direcionadas  para  os  mesmos.  Há  um  dialogismo  entre  os  anúncios.  Uma  continuidade  semântico­argumentativa.  Como  temática,  a  inveja  dos  vizinhos.  Como  cenografia,  vê­se  os  balões  das  falas  com  suposta  tinta

corretiva,  para  apagar  o  que  foi  dito  a  respeito,  e  o  seguinte  título  em  letras  maiúsculas:  m outro anúncio destaca o carro como símbolo de ascensão social: (Revista VIP,  setembro/2006 – pp. 86­87)  Figura 22  Revista VIP, ed.257, setembro/2006, pp.86­87 

SEU  VIZINHO  PEGOU  ESTA  REVISTA  ANTES  DE  VOCÊ.  ELE