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2.2 Materiais e Métodos

2.2.1 Desenho experimental

Após Anamnese inicial, vinte e dois voluntários idosos (67±4 anos) foram selecionados para participar do estudo após assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido. Indivíduos com altos níveis de atividade física, praticantes de modalidades esportivas regulares ou de alto rendimento, portadores de deficiências neurológicas ou ortopédicas casos nos quais a prática de atividade física fosse desaconselhada foram excluídos da amostra. Além disso, doze sujeitos idosos (68±3 anos) foram selecionados como grupo controle nesse estudo. Esses sujeitos foram acompanhados por três meses, orientados para que não freqüentassem sessões regulares de atividade física e submetidos aos mesmos procedimentos do grupo treinado, exceto pela participação no treinamento com mini trampolim por 14 semanas.

Teste de Queda Para Frente

O procedimento experimental para o teste de queda para frente já foi previamente descrito em detalhes (Karamanidis e Arampatzis, 2007a). Resumidamente, o procedimento consistiu na liberação súbita dos sujeitos a partir de uma postura fixa e inclinada para frente. Durante e após a queda, análises cinéticas e cinemáticas foram

46 realizadas a fim de definir os parâmetros biomecânicos de retomada do equilíbrio dinâmico durante a recuperação da queda.

O sistema de análise do movimento constituía-se de 14 câmeras infravermelho VICON (modelo FX-40 Oxford, Reino Unido) operando a 120 Hz. Vinte e um marcadores reflexivos esféricos de 14 mm de diâmetro foram posicionados em pontos anatômicos tornando possível a representação dos segmentos corporais dos sujeitos (i.e. nos pés, pernas e coxas direitos e esquerdos, além da pelve, tórax, mãos, braços e antebraços direito e esquerdo e na cabeça), possibilitando gravar a cinemática do corpo durante todo o movimento de reação (Karamanidis et al., 2008). Um modelo de corpo inteiro foi utilizado para o cálculo dos ângulos articulares, dos parâmetros de estabilidade dinâmica e ainda dos momentos articulares resultantes por meio de dinâmica inversa. Foram utilizados modelos fornecidos por Zatsiorsky e Seluajanov (1983) para o cálculo das massas e momentos de inércia de todos os segmentos corporais (Zatsiorsky e Selujanov, 1983).

O software VICON NEXUS® (Vicon, Oxford, Reino Unido) foi utilizado durante todas as coletas de dados integrando todo o sistema de análise de movimento com os sinais analógicos de duas células de carga e das forças de reação do solo. As forças de reação no solo foram coletadas a uma freqüência de amostragem de 1080 Hz.

No início de cada tentativa os indivíduos deveriam permanecer em posição inclinada, estáticos e com os braços relaxados sobre uma plataforma de força (60 cm x 90 cm, Kistler, Winterthur, Suíça). Imediatamente à frente era posicionada uma segunda plataforma de força, idêntica a primeira, sobre a qual os sujeitos deveriam realizar a reação do passo a frente.

Um cabo inextensível era fixado entre um cinto preso na região pélvica do sujeito e um sistema de liberação pneumático do laboratório, que era o responsável por

47 manter o cabo estendido e a posição de estabilidade do sujeito quando este permanecia inclinado para frente antes da liberação para a queda. Uma célula de carga controlava a porcentagem da massa corporal do sujeito que estava sendo descarregada sobre o sistema. Para determinar o momento do início do teste, o sistema pneumático disparava um sistema de sincronismo de luz no momento exato de início da liberação, o qual era captado como um sinal analógico pelo sistema VICON de análise de movimento. (Modelo 624, Vicon, Oxford, Reino Unido).

Os sujeitos foram instruídos e encorajados a restabelecer o equilíbrio realizando apenas um único passo para frente no momento em que o sistema fosse liberado. Os participantes usavam um colete de segurança que estava preso ao teto do laboratório ligado a uma segunda célula de carga e que não restringia qualquer movimento anterior ou lateral, mas prevenia o contato de qualquer parte do corpo com o solo, exceto os pés. O ângulo de inclinação foi controlado através do ajuste do comprimento do cabo de sustentação até que a célula de carga acoplada ao cabo indicasse que este estava sustentando uma porcentagem especifica do peso corporal do individuo.

Antes de iniciarem o teste, três simulações com a sustentação de 10± 3% do peso corporal do sujeito foram realizadas. Durante essas simulações, os sujeitos eram avisados sobre o momento da liberação, familiarizando-os com o protocolo experimental. Após a liberação do sistema, o membro inferior responsável pela reação do passo a frente foi denominado como membro da recuperação, enquanto que o membro contralateral, responsável pela sustentação do corpo durante a fase de balanço do passo, foi denominado como membro de sustentação.

Uma tentativa era definida como passo único se apenas um passo fosse realizado ou se o deslocamento anterior do segundo passo (membro de apoio) não

48 excedesse o limite do deslocamento anterior do membro da recuperação (por meio de controle visual em tempo real dos dados cinemáticos). O comportamento de passos múltiplos era definido em casos nos quais o eventual passo realizado pelo membro de sustentação (segundo passo), excedia os limites da base de suporte do primeiro passo (passo de recuperação).

Para o inicio da realização do teste, o ângulo de inclinação do posicionamento para a liberação da queda foi ajustado entre 8% e 10% do peso corporal do indivíduo. Se o sujeito fosse capaz de realizar a reação de recuperação à queda com apenas um passo em meio a três tentativas, o ângulo de inclinação era aumentado novamente, somando-se aproximadamente entre 2 a 3% do peso corporal, tornando o teste cada vez mais complexo e a recuperação do equilíbrio cada vez mais complicada. Dessa forma, o teste era realizado até o momento em que o sujeito não fosse mais capaz de recuperar-se da eminente queda para frente com apenas um passo, fazendo uso da estratégia de passos múltiplos. A análise dos dados foi realizada utilizando a tentativa de maior inclinação e maior descarga de peso sobre o cabo, onde necessariamente foi utilizada apenas a estratégia de passo único.