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3.2 Operacionalização da Pesquisa

3.2.1 Desenvolvimento da Teoria do Programa

A primeira etapa do estudo consistiu no resgate da Teoria do Programa, como forma de planificar o PMCMV/FAR em uma cadeia causal e, com isso, fornecer subsídios para o processo de avaliação que se encontra descrito nas fases subsequentes. Em suma, buscou-se identificar e analisar os elementos normativos e contextuais que caracterizam o Programa.

A suposição implícita a esta etapa é que ao retomar os objetivos do Programa torna-se necessário estruturar uma hierarquia organizada de objetivos cada vez menores que, se forem alcançados em sequência, levarão ao objetivo geral proposto. Este processo traça hipóteses do tipo: ao fazer A, então alcança-se B, que por sua vez levará a C, e assim sucessivamente (CRAWFORD; BRICE, 2003). Desvela-se, destarte, a cadeia de causalidade da intervenção.

Para tanto, a coleta e exame das informações foi conduzida por intermédio da Análise Documental respeitando dois momentos que a técnica sugere: a organização do material coletado e o procedimento de análise em si (PIMENTEL, 2001; SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009).

No primeiro momento, realizou-se a organização do material, de modo a observar o conjunto de documentos e buscando entender como poder-se-ia proceder para torná-los inteligíveis conforme os objetivos de resgatar a Teoria do Programa. O objetivo inicial, em suma, foi encontrar fontes e, nelas, os documentos necessários. As fontes foram os sítios eletrônicos do Ministério das Cidades e da Caixa Econômica Federal (principais agentes gestores do PMCMV/FAR), sendo os documentos as legislações, cartilhas e demais normativos

23 que institucionalizam e orientam a execução do Programa. A sistematização da documentação coletada encontra-se organizada no Quadro 3.

Quadro 3 – Documentação analisada

DOCUMENTO DESCRIÇÃO FONTE SITUAÇÃO1

Lei nº 11.977, de 7

de julho de 2009 Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida.

MCidades

Vigente Portaria n° 139, de

13 de fevereiro de 2009

Dispõe sobre aquisição e alienação de imóveis sem prévio arrendamento, no âmbito do Programa de Arrendamento Residencial – PAR. (Revogada com a publicação da Portaria n° 93, de 24 de fevereiro de 2010).

Revogada

Portaria n° 93, de 24 de fevereiro de 2010

Dispõe sobre aquisição e alienação de imóveis sem prévio arrendamento, no âmbito do Programa de Arrendamento Residencial – PAR e do PMCMV. (Revogada com a publicação da Portaria n° 325, de 7 de julho de 2011).

Revogada

Portaria nº 140, de 5 de abril de 2010

Dispõe sobre os critérios de elegibilidade e seleção dos beneficiários do Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV. (Revogada com a publicação da Portaria n° 610, de 26 de dezembro de 2011).

Revogada

Portaria n° 325, de 7 de julho de 2011

Dispõe sobre as diretrizes gerais para aquisição e alienação de imóveis por meio da transferência de recursos ao FAR, no âmbito do PNHU, integrante do PMCMV. (Revogada com a publicação da Portaria N° 465, de 03 de outubro de 2011).

Revogada

Portaria N° 465, de 3 de outubro de 2011

Dispõe sobre as diretrizes gerais para aquisição e alienação de imóveis por meio da transferência de recursos ao FAR, no âmbito do PNHU, integrante do PMCMV. (Revogada com a publicação da Portaria No. 168 de 12 de abril de 2013).

Revogada Portaria n° 610, de

26 de dezembro de 2011

Dispõe sobre os parâmetros de priorização e o processo de seleção dos beneficiários do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Vigente

Portaria n° 168, de 12 de abril de 2013

Dispõe sobre as diretrizes gerais para aquisição e alienação de imóveis com recursos advindos da integralização de cotas no Fundo de Arrendamento Residencial, no âmbito do Programa Nacional de Habitação Urbana, integrante do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Vigente

Cartilha do

Programa Minha

Casa, Minha Vida (s.d)

Apresenta informações gerais sobre o PMCMV. Desde orientação aos beneficiários, aos gestores públicos e à sociedade em geral. Elenca, também, orientações técnicas e projetuais.

CEF -

Termo de Adesão ao

Programa Minha

Casa, Minha Vida (s.d)

Termo que firma a parceria entre a União e o Município que participa do Programa. Traz as principais atribuições e compromissos que ambas as partes se comprometem ao firmar o acordo.

Especificações

Mínimas das

Unidades Habitacionais

Detalhamento das especificações mínimas para contratação com valor máximo de aquisição da unidade de acordo com o item 7.2.1 do Anexo I da Portaria n° 168, de 12 de abril de 2013.

Conceitos

Orientadores para

Concepção de

Projetos de HIS

Matriz que traz elementos e suas definições norteadores para a elaboração de projetos de Habitação de Interesse Social.

Fonte: elaboração própria. Nota: 1Representa o estado de apreciação do documentado analisado durante o horizonte temporal considerado na pesquisa (2009-2014).

A partir da estruturação dos documentos, o segundo momento consistiu na análise documental propriamente dita, ou seja, a reunião de todas as partes: contexto, instituições,

24 interesses, confiabilidade, natureza do texto, conceitos chave (LAVILLE; DIONE, 1999), tendo como uma base a leitura orientada segundo critérios de análise (PIMENTEL, 2001).

De tal modo, para demonstrar a Teoria do Programa tomou-se como base os constructos indicados pelo Modelo Lógico (AUSAID, 2002; CRAWFORD; BRICE, 2003; PAVARINA, 2003; W.K KELLOGG FOUNDATION, 2004; REIS, 2013), sendo eles: insumos, atividades e resultados (de curto, médio e longo prazos).

Os insumos representam o conjunto de recursos (humanos, financeiros, materiais, gerenciais e técnicos) necessários para a execução das atividades e posterior obtenção dos produtos (CRAWFORD; BRICE, 2003; PAVARINA 2003). As atividades dizem respeito as principais ações e tarefas necessárias ou que os executores devem cumprir para que o Programa seja implementado (CRAWFORD; BRICE, 2003; REIS, 2013). Consequentemente, por meio da execução do conjunto de atividades planejadas pretende-se alcançar o conjunto de produtos (resultados imediatos e/ou de curto prazo), sejam bens ou serviços (CRAWFORD; BRICE, 2003; REIS, 2013), que comporão o projeto habitacional. E, Dada a obtenção dos produtos do Programa, é possível atingir os resultados esperados (de médio e longo prazos) e que justificam a execução dos empreendimentos habitacionais (REIS, 2013): melhorias sociais, sustentabilidade e incremento à qualidade de vida da população beneficiária, por exemplo.

Além dos construtos trazidos pelo Modelo Lógico, autores como Pawson e Tiley (2004) e Sridharan e Nakaima (2011) comentam sobre a importância de inserir o contexto que envolve o programa analisado.

Neste sentido, é válido ressaltar que ao longo do período escolhido como recorte temporal, os normativos sofreram modificações. E, por isso, o processo de desenvolvimento da Teoria do Programa levou em consideração a sua evolução, isto é, as alterações ocorridas no decorrer do período estabelecido (principalmente em termos de normativos revogados) tendo em vista a conjuntura nacional.

Ao explicitar a Teoria do Programa e toda a lógica por trás da intervenção, a proposição foi fornecer o conjunto de hipóteses causais para avaliar os resultados do PMCMV/FAR. Todavia, antes de executar a referida proposta, foi necessário conhecer quais os municípios seriam analisados e, para subsidiar a escolha, fez-se um levantamento secundário de informações sobre o PMCMV/FAR além de configurá-los em novos agrupamentos, tendo em vista a adoção de atributos sociais, demográficos, econômicos e habitacionais. Os detalhamentos sobre a estratégia estão na próxima subseção.

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