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DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS

No documento Adolescencia e Depressão (páginas 50-54)

De seguida, estará descrito o processo de desenvolvimento das competências do Enfermeiro Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica, relacionado com as intervenções realizadas e desenvolvidas ao longo da prática clínica, em ambos contextos.

4.1.Competências de Enfermeiro Especialista em Saúde Mental

Durante todo percurso como enfermeira, procurámos traçar um caminho no sentido de adquirir novas competências, bem como melhorar as adquiridas. Este caminho, tem como objetivo principal melhorar a qualidade dos cuidados prestados à pessoa com doença mental, integrada na sua família e na comunidade.

Segundo o Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016, para além das pessoas com doença ou perturbação mental diagnosticável, outras têm problemas de saúde mental que podem ser considerados “subliminares”, isto é, que não preenchem os critérios de diagnóstico para a evidência de uma perturbação psiquiátrica, mas também estão em sofrimento, e, como tal, devem beneficiar de intervenções.

Como enfermeira que desempenha as suas funções nos Cuidados de Saúde Primários, esta constatação torna-se uma preocupação pessoal, uma vez que são as Unidades de Saúde na comunidade a primeira procura de cuidados do indivíduo/família.

Sustentado pela fundamentação teórica - considerada como um excelente instrumento para explicar e predizer, permitindo dar forma às perguntas, estabelecer ligações entre causa e efeito entre os acontecimentos – a realização deste projecto possibilitou, desta forma, atingir o “saber” (Benner, 2001). Assim como a sua operacionalização permitiu o início do desenvolvimento de competências como enfermeira especialista em enfermagem de saúde mental e psiquiatria.

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Consideramos que o enfermeiro especialista em saúde mental compreende os processos de sofrimento, alteração e perturbação mental do indivíduo, assim como as implicações para o seu projecto de vida, o potencial de recuperação e a forma como a saúde mental é afetada por factores contextuais. Deste modo, as pessoas que se encontram a viver processos de sofrimento, alteração ou perturbação mental têm ganhos em saúde, quando cuidados por um enfermeiro especialista.

Importa também referir que o Enfermeiro Especialista foca-se na promoção da saúde mental, na prevenção, no diagnóstico e na intervenção perante respostas humanas desajustadas ou desadaptadas aos processos de transição, causadoras de sofrimento, alteração ou doença mental (Regulamento n.º 129/2011, Regulamento das Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental).

Como constam em Diário da República, 2.ª série — N.º 35 — 18 de Fevereiro de 2011, são quatro as competências específicas de enfermeiro especialista em saúde mental, estas são uma orientação precisa para o desenvolvimento formativo e da prática de enfermagem do Enfermeiro Especialista na Área da Saúde Mental e Psiquiátrica. Assim, a realização de várias actividades, ao longo destes estágios, permitiu-nos desenvolver estas competências.

O estágio de internamento de agudos permitiu desenvolver as competências de âmbito psicoeducacional, onde a promoção à adesão ao tratamento em pessoas com perturbação ou doença mental foi realizada através de sessões psicoeducativas. O tema “Adesão Terapêutica” foi desenvolvido com os clientes que estavam internados e clientes com doença mental que se encontravam no seu meio familiar, social e comunidade, participando e contribuindo na continua reabilitação psicossocial.

Durante este estágio, tivemos a oportunidade de poder participar em reuniões familiares, grupos em quais algum membro familiar tem uma doença mental grave. Foi neste âmbito que também foi possível desenvolver esta competência, ajudando esses familiares com a elaboração do folheto

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“Cognição”, assim como incentivando a organização de grupo de ajuda entre os familiares.

O estágio na comunidade, em que a população alvo são adolescentes, permitiu desenvolver competências através da realização do estudo caso, pela identificação dos problemas do cliente, e as necessidades da pessoa e família, em que, pela observação atenta e participação em actividades terapêuticas realizadas na equipa, possibilitaram este processo. Foram valorizados indicadores sensíveis aos cuidados de saúde, permitindo a realização e implementação de um plano de cuidados individualizado em saúde mental, com base nos diagnósticos de enfermagem e resultados esperados.

Durante o estágio, na comunidade, foi possível desenvolver competências em que a participação na intervenção de enfermagem/actividade física/desporto tinha como foco a promoção da saúde, proteção da saúde e prevenção da perturbação mental. A esta actividade, devemos acrescentar a mobilização de capacidades comunicacionais, sensibilidade e observação do comportamento pela aplicação de um questionário, baseado nos indicadores de resultado NOC no Autocontrole da Depressão, cuja avaliação dos dados permitiu avaliar os benefícios da actividade nos adolescentes em sofrimento mental com sintomatologia depressiva.

Relativamente à competência que se refere à capacidade de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, que consideramos fundamental, teve o seu desenvolvimento e consolidação nos dois contextos clínicos, tornando-se uma base estruturante para todo o desempenho como Enfermeiro Especialista de Saúde Mental e Psiquiátrica, do qual é esperado a humanização dos cuidados prestados ao mais alto nível. O desenvolvimento desta competência é essencial quando cuidamos da pessoa com doença mental ou perturbação, seja ela pessoa adulta, adolescente ou criança. Esta competência é aquela que permite estar em relação terapêutica com o cliente. Assim, ao longo desta prática clínica, as reflexões sobre intervenções realizadas e experiências emocionais vivenciadas no aqui e agora permitiram ter consciência de nós próprios, e inteirar-nos de que forma poderiam

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influenciar a relação com o cliente. Acrescentamos também, que a supervisão teve um papel preponderante no desenvolvimento desta competência.

Estagiar neste serviço permitiu um melhor conhecimento da pessoa com doença mental bem como das relações familiares, sociais e laboral, com impacto na compreensão do ser humano com este tipo de doença. Deparámo- nos com várias situações na relação enfermeiro/cliente, em que se constatou que a consciência de si mesmo, enquanto pessoa e enfermeiro, é crucial para o desempenho de uma intervenção de enfermagem digna e humana, conduzindo a reflexões ao longo deste contexto. Estas reflexões, levaram ao autoconhecimento, remetendo para a procura de estratégias para ajudar a população em estudo. O olhar e o cuidar do enfermeiro em saúde mental tornaram-nos melhor pessoa para o desempenho das funções como profissional de saúde.

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No documento Adolescencia e Depressão (páginas 50-54)

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