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CAPÍTULO III: Avaliação do estádio de maturação do fruto na emergência e no

5.3 Desenvolvimento de plântulas jovens em diferentes substratos

A suplementação de vermiculita e casca de coco no substrato comercial Bioplant® não alterou os incrementos em altura do hipocótilo, comprimento de raiz, diâmetro do caule e número de folha (Tabela 3). Os incrementos em altura variaram de 16,18 e 18,45 cm; em comprimento de raiz de 17,18 e 20,45 cm, em diâmetro de 0,291 e 0,355 cm e em número de folhas de 16,44 e 24,76 (Figura 5).

Tabela 3. Incrementos em altura do hipocótilo, comprimento de raiz (cm), diâmetro do caule (mm) e número de folhas de mudas de Eugenia calycina submetidas à mistura de substratos contendo substrato comercial, vermiculita e casca de coco, em diferentes proporções.

Características1 Substratos2

altura da

muda (cm) comprimento da raiz (cm) diâmetro do caule (cm) (número) folhas

Bio (100%) 17,61 a 18,85 a 0,291 a 16,44 a

Bio (80%) + Ver (20%) 17,92a 17,90 a 0,300 a 24,76 a Bio (80%) + Cco (20%) 16,18 a 17,18 a 0,326 a 17,84 a Bio (60%) + Ver (40%) 17,35 a 20,45 a 0,323 a 19,84 a Bio (60%) + Cco (40%) 18,45 a 19,01 a 0,355 a 20,92a

F (ANOVA)3 0,335 1,208 0,521 2,486

F (Levene) 1,333 1,586 0,194 1,103

W (Shapiro-Wilk) 0,944 0,9723 0,958 0,972

1Médias seguidas por letra distintas, na coluna, diferem significativamente pelo teste de Tukey a 0,05 de

significância; 2Bio: substrato comercial Bioplant®, Ver: Vermiculita®, Cco: casca de coco 3W: estatística

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(P>0,05); F: estatística do teste de Levene; valores em negrito indicam homogeneidade entre as variâncias (P>0,05).

Nos experimentos de coloração e substratos, apesar de não ter havido diferenças entre as características de crescimento e desenvolvimento, a relação parte área e raiz foi menor que 1, indicando que as plântulas de Eugenia calycina investem mais no sistema radicular que na parte aérea.

6. DISCUSSÃO

Os resultados obtidos indicaram que, para a produção de mudas de Eugenia

calycina, o estádio de maturação dos frutos não determinou a capacidade de

emergência. No entanto, Alvarenga et al., (1991) relataram que sementes imaturas, quando colhidas principalmente de frutos carnosos, apresentam vigor e poder germinativo baixos. Reis e Salomão (1999) verificaram que, para sementes de Genipa

americana, o grau de maturação dos frutos e a coloração não alteraram o poder

germinativo das sementes; enquanto Passos e Passos (2004) verificaram que, para sementes de L. e Hancornia speciosa Gomes, o grau de maturação dos frutos não afeta o poder germinativo das sementes, desde que seja observado o período que o fruto colhido de vez atinge a maturação ideal pra retirada das sementes. Em Eugenia uniflora Berg., Santana (2007) observou que sementes de frutos de estádio maduro apresentaram maior germinação e tempo médio que os dos outros estádios, indicando que as sementes provenientes de frutos verdes não atingiram a maturidade fisiológica.

De acordo com Carvalho e Nakagawa (2000), as sementes que não se encontram completamente maduras podem germinar, contudo não resultam em plântulas tão vigorosas como aquelas colhidas no ponto adequado. Esta característica não foi observada em Eugenia calycina, uma vez que as plântulas provenientes de sementes obtidas de frutos verdes tiveram o mesmo desenvolvimento daquelas provenientes de frutos completamente maduros. É importante ressaltar que a maturação excessiva do fruto pode ser prejudicial à qualidade das sementes, interferindo negativamente no vigor das mesmas (CASTRO et al., 2004).

A alta capacidade de emergência das plântulas e, consequentemente de germinação das sementes, não é uma característica específica de Eugenia calycina, mas sim das espécies do gênero Eugenia. Eugenia brasiliensis Lam. (grumixameira)

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apresentou 76% de germinação (MALUF et al., 2006), Eugenia dysenterica Mart. ex DC. (cagaita), 92% (DUARTE et al., 2006) e Eugenia pyriformis Cambess. (uvaia), 100% (SILVA et al. 2003). Quanto ao desenvolvimento, Silva (1999) obteve muda de cagaita (Eugenia dysenterica Mart. ex DC.) com altura e diâmetros médios aos 250 dias após a semeadura de 5,56 cm e 0,14 cm respectivamente. Esses valores foram próximos aos encontrados por Eugenia calycina aos 210 dias (6,27 cm de altura e 0,104 cm, de diâmetro, valores médios). Silva (1999), com essas medidas para cagaita, indicou que a espécie possui crescimento lento.

A emergência de plântulas de E. calycina foi lenta, com o início aos 21 dias após a semeadura, assim como sementes de Eugenia uniflora Berg. que iniciaram o processo de germinação aos 23 dias após a semeadura (SCALON et al., 2001). Santos et al. (2004), estudando espécies da família Myrtaceae como Campomanesia guazumifolia Camb. (sete-capotes), Campomanesia xanthocarpa Berg. (gabirobeira), Eugenia

rastrifolia Legr. (batinga) e Psidium cattleyanum Sabine. (araçá-vermelho), observaram

que em poucos casos o tempo médio de germinação foi menor que 30 dias. Este tempo mais longo para o início da germinação das espécies do gênero Eugenia sugere dormência inicial pouco pronunciada (ANDRADE; FERREIRA, 2000).

Avaliando diversos substratos na produção e crescimento de mudas de mangaba, Rosa et al. (2005) observaram que a massa seca das raízes foi maior que a da parte aérea. Esse resultado parece ser característico de plantas nativas do cerrado, uma vez que Souza (2000) também encontrou resultado semelhante, avaliando substratos para emergência e crescimento de planta de cagaita.

7. CONCLUSÕES

- Plântulas de Eugenia calycina apresentam alta capacidade de emergência, independente do estádio de maturação dos frutos, porém o desenvolvimento inicial das plântulas é lento.

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