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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 DESENVOLVIMENTO INFANTIL: ENFOQUE NA PREVENÇÃO

processo educacional, não se tratando de estímulos e intervenções à prevalência do discurso de uma ou de outra especialidade, mas da articulação entre si

(JERUSALINSKY, 2003).

Dessa forma, a Inclusão embora muito incipiente no Brasil, configura-se como um modelo conceitual que oferece a possibilidade de abrir mão do caráter

permanente das modalidades de atendimentos da Educação Especial (BEYER, 2005).

2.4 DESENVOLVIMENTO INFANTIL: ENFOQUE NA PREVENÇÃO.

A falta de estimulação nos primeiros anos de vida diminui o ritmo do processo evolutivo, aumentando grandemente as probabilidades de se desenvolverem transtornos

psicomotores, socioafetivos, cognitivos e da linguagem (FONSECA, 1995).

Décadas de pesquisa da neurociência e do comportamento humano ajudam a ilustrar o motivo da necessidade de um desenvolvimento saudável da criança, do nascimento até os 5 anos de idade, considerando que nos primeiros anos de vida 700 novas conexões neurais (chamadas sinapses) são formadas a cada segundo.

(SHONKOFF, 2010). De acordo como o autor, a arquitetura do cérebro é construída

por meio de um processo contínuo, que inicia antes do nascimento da criança e continua até a sua maturidade. As primeiras experiências afetam a qualidade dessa arquitetura, podendo estabelecer um alicerce, robusto ou frágil, para a aprendizagem, tanto quanto para a saúde e para os comportamentos subsequentes. Dessa forma, a qualidade do ambiente familiar e educacional que se pode oferecer à criança, desde seu nascimento, tem efeito posterior nas distintas etapas do desenvolvimento infantil

(SHONKOFF; MEISELS, 2000). O estresse crônico na primeira infância, causado por

adversidades significativas, como a pobreza extrema, o abuso sexual, a negligência, entre outros, pode debilitar o desenvolvimento do cérebro e colocar o sistema corporal de resposta ao estresse, em permanente estado de alerta, aumentando os

riscos de diversas doenças crônicas (SHONKOFF, 2010).

A identificação e a análise de sinais e fatores que podem afetar o desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida, em diferentes áreas, podem auxiliar na atenuação de diversos problemas que comprometem o desenvolvimento

infantil tanto em habilidades cognitivas quanto em habilidades motoras e socioemocionais. Os benefícios da estimulação precoce são uma constante, uma condição fundamental nos casos de crianças diagnosticadas com patologias ou em convivência com fatores de risco. Shonkoff (2010) refere-se à Estimulação Precoce como um serviço que pode evitar as consequências das adversidades na primeira infância, propiciando relacionamentos responsivos que garantam a segurança e o bem-estar da criança, tentando prevenir ou reverter os efeitos danosos sob todas as áreas do desenvolvimento do indivíduo.

A proposta de Estimulação Precoce prevê a articulação de fatores estruturais tais como: a maturação, a estruturação psíquica e a cognitiva; fatores instrumentais como a linguagem, a comunicação, a psicomotricidade; fatores sociais como o brincar, o início das relações e da autonomia. Referencia o seu trabalho, intencionando que a criança consiga o melhor desenvolvimento possível em todas as áreas do seu

desenvolvimento (BRANDÃO, 1990).

Porém, os danos no processo evolutivo da criança podem retardar o desenvolvimento da criança. Eles podem ser observados desde muito cedo por meio da ausência de reflexos e assimetria, da alteração de tônus muscular (hipotonia, hipertonia, localizadas ou generalizadas), de posturas anormais, de paralisia, de infecção óssea crônica e da descalcificação óssea considerados evidentes indicativos de atrasos na área motora. Indicativos frequentes de atraso na área visual, como a ausência de reação à luz, o desvio fixo de um ou ambos os olhos, a ausência de retidão de reflexos de proteção palpebral, a diferença de tamanho de globo ocular, as quedas constantes, a impossibilidade de fixação do olhar em pessoa ou objeto, a fotofobia, a reação inflamatória, o nistágmo, o lacrimejamento constante, as cefaleias são, de acordo com Fonseca (1995, p.96), desde muito cedo perceptíveis.

A área médica destaca alguns fatores que podem colocar a criança em risco prejudicando o seu desenvolvimento, tais como, entre outros: as alterações de genes ou cromossomos, os fatores ambientais ligados à saúde da gestante; os erros inatos do metabolismo (fenilcetonúria, hipotiroidismo congênito); a microcefalia,

hidrocefalia; as Infecções na gravidez (rubéola, toxoplasmose, sífilis, AIDS); a

desnutrição, alcoolismo, fumo, uso de remédios, exposição à radiação. Situações que podem vir a ocorrer no momento do nascimento do bebê como a prematuridade, o baixo peso ao nascer, os problemas de parto (partos demorados, circular de

cordão, parto pélvico), as icterícias graves por incompatibilidade sanguínea, as Infecções, a hemorragia cerebral, o uso de fórceps, a anóxia, entre outros, também

são relevantes nesse histórico do desenvolvimento do bebê (FONSECA, 1995).

A condição da má alimentação (desnutrição), as Infecções agudas, as parasitoses intestinais, as doenças metabólicas e os problemas emocionais (privação de afeto e de estímulos), a violência, os traumas, entre outros, também merecem uma atenção especial.

A área auditiva evidencia atrasos por meio da ausência de reação a sons ou percepção apenas de sons muito intensos; ainda quanto à indiferença ao meio; a ausência ou pobreza de emissão de sons e o próprio atraso ou impossibilidade na aquisição da linguagem. A sintomatologia da área intelectual é identificada por características de respostas aos estímulos de forma lenta ou até inexistente; de alterações de comportamento; de irritabilidade ou apatia constante; de pobreza de contato visual; de respostas inadequadas, pobres ou ausentes aos estímulos sensoriais ou motores; de indiferença às pessoas e ou ao meio; e da ocorrência de crises convulsivas e condutas estereotipadas.

Franco e Apolónio, (2008, p.53) referenciam as dimensões ambientais e de contexto do desenvolvimento, bem como as condições familiares passadas e atuais, como indicativos de alta probabilidade de atraso no desenvolvimento da criança. Situa, dentre outros aspectos já mencionados, perturbações de ordem emocionais como as perturbações de ansiedade, as perturbações de estado de ânimo, as depressões infantis, as perturbações mistas de expressividade emocional (dificuldade de expressar emoções adequadas ao seu nível de desenvolvimento, ausência de sentimentos de prazer, alegria, fúria medo, curiosidade tristeza etc.). Franco e Apolónio (2008) consideram, ainda, as perturbações da identidade de gênero (desejo intenso de pertencer ao outro gênero), as perturbações reativas da vinculação (apresenta interações ambivalentes ou contraditórias), as perturbações adaptativas e o mutismo seletivo. De acordo com o autor, padrões de comportamento diferente podem ser apresentados pela criança como as reações de temor e cautela excessivos, quando a tendência é a criança apresentar-se sempre muito assustada e agarrar-se em situações já conhecidas; a conduta negativa e desafiante, quando a criança demonstra atitudes negativas, de teimosia, de controle e de oposição; a

conduta hiporreativa onde a criança evidencia grande dificuldade em

comprometer-se, atitude de desinteresse e fadiga constante (FRANCO; APOLONIO, 2008).

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