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A unidade de análise da pesquisa é a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais. A investigação desenvolveu-se por meio da análise dos dados secundários coletados na Instituição e de sua relação com os valores repassados pelo Ministério da Saúde, via Tabela do SIGTAP.

4.1 COLETA DE DADOS

Tendo como base o tempo em que foram organizadas as amostras, pode-se definir a pesquisa como de natureza pesquisa transversal (GONÇALVES e MEIRELLES, 2004).

Na fase de coletas dos dados, duas vertentes principais foram analisadas: a) a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, com vistas ao entendimento do processo de formação do valor dos custos dos procedimentos hospitalares; b) o Ministério da Saúde, para entendimento dos mecanismos de pagamento aos prestadores de serviços e busca dos valores apresentados pela Tabela SUS. Os dados relativos aos custos dos procedimentos hospitalares foram disponibilizados pelo Observatório de Custos da Diretoria de Desenvolvimento Estratégico (DIEST) da FHEMIG. A coleta de dados na FHEMIG abrangeu o período de agosto de 2011 a julho de 2012, sendo utilizado o custo médio do período. Optou-se pela escolha desse período, pelo fato de que a base de dados da FHEMIG estava em construção nesse intervalo; portanto, dispunha de dados mais atualizados. Todos os valores de custos calculados por Unidades Assistenciais foram considerados, já que o objetivo da pesquisa é estabelecer o paralelo entre os valores de custos e os valores de Tabela. Buscou-se, dessa forma, contemplar a diversidade das unidades assistenciais e, consequentemente, a diversidade de seus custos. Os dados utilizados estão apresentados no Apêndice B. A caracterização dos hospitais está apresentada no

O período de abrangência dos dados de faturamento, por sua vez, refere-se ao intervalo de janeiro a dezembro de 2011. Não foram utilizados dados de 2012, considerando que o faturamento desse período ainda podia sofrer alterações, conforme previsto no Manual do SIH/SUS, por serem mais recentes e permitirem retificações e ajustes.

O período de abrangência dos valores constantes da Tabela do SUS foi o mês de setembro de 2012, por se tratar de dados mais recentes e por não terem sofrido alterações durante o ano de 2012.

Apesar de os períodos de abrangência das coletas não terem sido uniformes, esse fato não invalida os dados nem compromete sua análise compreensiva.

4.2 A ABORDAGEM QUANTITATIVA

Os dados coletados foram aplicados no desenvolvimento de uma análise de probabilidade de retorno e mensuração do risco operacional, sendo desenvolvida uma análise de desempenho em relação aos valores repassados via tabela. A identificação dos procedimentos hospitalares e ambulatoriais, geradores do maior quantitativo de recursos na FHEMIG, baseou-se nos dados de faturamento consolidado das unidades assistenciais quanto à produção hospitalar e ambulatorial, disponibilizados pelo Departamento de Informática do SUS – DATASUS. Os dados, coletados por meio do TabWin, referem-se ao período de janeiro a dezembro de 2011. As informações de produção ambulatorial foram coletadas por meio do TabWin no Sistema de Informação Ambulatorial – SIA/SUS, coletando valores de frequência, valor unitário e valor total. As informações de produção hospitalares utilizam as informações disponíveis no Sistema de Informação Hospitalar – SIH/SUS.

Para a definição dos procedimentos geradores de maior quantitativo de recursos na instituição pesquisada, considerou-se a relação entre frequência e valor total pago por Autorização de Internação Hospitalar, considerando especificamente cada procedimento, conforme definido na Tabela do SIGPTAP. A definição dos procedimentos a serem custeados teve como base o Gráfico de Paretto, também conhecido como Curva ABC (princípio 80-20). Isso significa que, em muitos fenômenos, 80% das consequências advêm de 20% das causas. Esse princípio é utilizado para distinguir os itens que demandam altos investimentos ou consomem muitos recursos. Esses itens, de maior importância ou impacto, são normalmente em menor número. Esse princípio é aplicável em variados casos de classificação de itens, de várias naturezas, sob critérios específicos. O que se observa é que uma pequena parte dos itens é responsável pela maior parte dos investimentos. Martins (2003) acrescenta que os itens são classificados em três categorias: a classe A é constituída por

poucos itens (até 10% ou 20% dos itens), e o valor de consumo acumulado é alto (acima de 50% até 80%). A classe B, por sua vez, é formada por um número médio de itens (20% a 30% em geral) e apresenta um valor de consumo acumulado ao redor de 20% a 30%. Já a classe C é constituída por um grande número de itens (acima de 50%) e o valor de consumo acumulado é baixo (5% a 10%). Logo, é possível identificar quais itens são mais críticos, considerando seu peso em relação ao total de recursos consumidos. Apesar de o Gráfico de Paretto considerar a relação 80-20, para fins deste estudo, foram considerados os 25 (vinte e cinco) procedimentos geradores de mais recursos na FHEMIG, com base na disponibilidade da informação de custos pelo Observatório de Custos da FHEMIG. Verificou-se que tais procedimentos representam aproximadamente 50% do faturamento da Instituição. Esses procedimentos pesquisados correspondem a 26,02% do faturamento total dos prestadores de serviços ao SUS no Brasil.. Se considerarmos, separadamente os procedimentos, por tipo de atendimento, temos que a amostra estudada representa, no faturamento do SUS, 13,41% dos procedimentos ambulatoriais e 38,25% dos procedimentos hospitalares brasileiros.

4.3 A ABORDAGEM QUALITATIVA

As entrevistas foram realizadas no Ministério da Saúde, nos meses de julho e agosto de 2012, com servidores do Departamento de Regulação, Avaliação e Controle – DRAC da Secretaria de Assistência à Saúde/ Ministério da Saúde – SAS/MS, cuja identidade será omitida, sendo identificados, para efeito de pesquisa, como ENTREVISTADOS 1, 2,3 e 4.

Adotou-se a seguinte dinâmica para a realização das entrevistas: as conversas foram conduzidas a partir do roteiro básico de entrevista desenvolvido. No decorrer de cada conversa, buscou-se obter informações a respeito dos mecanismos de pagamento aos prestadores de serviços de saúde, com vistas a identificar os elementos que determinavam, facilitavam e restringiam o financiamento pelo SUS. As conversas foram conduzidas, tendo como referência o arcabouço teórico que fundamentou esse trabalho. Foram registradas e transcritas aproximadamente 9 (nove) horas de entrevistas, que geraram 45 páginas de material bruto.

Buscou-se, com a realização das entrevistas, o entendimento do processo de financiamento pelo SUS e a sistemática de repasse aos prestadores de serviços. Optou-se pela coleta de dados por meio de entrevistas considerando serem as pessoas entrevistadas

servidores que acompanharam o processo de evolução dos mecanismos de pagamentos, ao longo de mais de 30 (trinta) anos, sendo responsáveis, atualmente, pela coordenação dos repasses dos recursos no Ministério da Saúde enfatizados na pesquisa. O resultado das entrevistas propiciou, além de conhecimento suplementar sobre aspectos relacionados às aferições efetivas realizadas na mensuração a que se procedeu na pesquisa, subsídios para o entendimento dos mecanismos de repasse do pagamento aos prestadores de serviços de saúde.

Complementando os relatos orais, o estudo também envolveu a realização de pesquisa bibliográfica e pesquisa documental, nos moldes recomendados por Gonçalves e Meirelles (2004). Foram utilizados como instrumentos de coleta documentos internos do Departamento de Regulação, Avaliação e Controle – DRAC da Secretaria de Assistência à Saúde/ Ministério da Saúde – SAS/MS. Trata-se de Portaria e manuais, gentilmente cedidos para esta pesquisa, não disponíveis em acervos públicos, os quais fundamentaram a compreensão da evolução dos mecanismos de pagamento aqui apresentados, possibilitando a esta pesquisadora averiguar aspectos conjunturais relacionados aos resultados.

5 A INSTITUIÇÃO PESQUISADA: FUNDAÇÃO HOSPITALAR DO ESTADO DE