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A espécie Cochlospermum regium vem sendo utilizada pela população para fins medicinais contra infecções de um modo geral. É uma espécie que demanda estudos científicos, pois poucas são as informações existentes sobre a mesma. Assim, acontece para os estudos químicos, biológicos, genéticos e agronômicos.

Os estudos agronômicos quanto o seu desenvolvimento vegetativo e também as suas respostas fisiológicas básicas a diferentes estímulos externos são importantes para viabilizar a produção da espécie em campo de cultivo.

2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral

Determinar melhor substrato para desenvolvimento de plântulas de

Cochlospermum regium.

1. Avaliar a influência dos substratos areia e solo+ esterco nas respostas vegetativas de plantas de C. regium;

2. Determinar qual substrato proporciona maior biomassa de parte aérea e raiz;

3. MATERIAL E MÉTODOS

Sementes de C. regium (n= 550) imersas em H2SO4 por 120 min.

foram posteriormente lavadas com água destilada e autoclavada e colocadas em caixas do tipo gerbox contendo vermiculita, e mantidas em fitotron Marconi MA1403/UR com temperatura controlada de 27°C e umidade relativa de aproximadamente 80%. Após germinação, plântulas com presença dos cotilédones foram classificadas de acordo com a relação parte aérea/ raiz nas seguintes categorias: Tipo 1: 4/1 (parte aérea/raiz), Tipo 2: ½ (parte aérea/raiz), Tipo 3: ¼ (parte aérea/raiz). Todas as plântulas foram transferidas para vasos de 3L de capacidade contendo areia (A) ou solo+esterco (SE) e depositadas em casa de vegetação. As plantas permaneceram em vasos por 8 meses e foram avaliadas quanto a altura da parte aérea, quantidade de folhas, comprimento e diâmetro da raiz, número de raiz fasciculada, porcentagem de plantas com raiz maior que parte aérea e peso fresco e seco da parte aérea e raiz. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, composto de 4 repetições com 3 replicatas, totalizando 12 plantas por tratamento. Os resultados obtidos foram submetidos ao teste Tukey 5% com o auxílio do programa SISVAR (FERREIRA, 2005). As sementes utilizadas neste experimento permaneceram armazenadas em câmara fria por 8 meses.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A avaliação do desenvolvimento das plântulas germinadas em fitotron permitiu a classificação em 3 categorias (Figura 12): Tipo 1 com 4:1 de parte aérea/raiz (representando 19,16% das plântulas formadas); Tipo 2 com 1:2 parte aérea/raiz (41,59%) e Tipo 3 com 1:4 parte aérea/raiz (39,25%). Quanto ao efeito do substrato no desenvolvimento das plantas verificou-se que o solo+esterco proporcionou maior crescimento em altura da parte aérea quando comparada a areia (29,56 e 16,83cm respectivamente) (Tabela 19). Resultados divergentes foram obtidos por Viu e colaboradores (2007), em trabalho com a mesma espécie.

Estes verificaram que o substrato comercial vermiculita foi o mais eficiente em promover maior tamanho de plântulas.

Figura 12: Tipo de plântulas referente a relação tamanho parte aérea/raiz.

A=plântulas Tipo 1/; B=Plântulas Tipo 2/; C=Plântulas Tipo 3

As plantas mantidas em areia apresentaram a raiz maior do que a parte aérea. No entanto, ao avaliar o peso fresco e seco das raízes das plantas mantidas em ambos os substratos constatou-se que não houve diferença estatística, quanto ao peso da biomassa (1,62 e 2,09g respectivamente) (Tabela 19).

Dessa forma, conclui-se que as raízes das plantas mantidas em areia apresentam a raiz maior que a parte aérea, como uma estratégia de armazenar água em solos arenosos e que as raízes que cresceram em solo+esterco investiram mais no desenvolvimento da parte aérea. Numa demonstração clara de alta plasticidade e adaptação da planta, o que explica a intensa dispersão da espécie em quase todas as fitofisionomias do bioma Cerrado (Figura 13). Outra característica que mostra a plasticidade desta espécie foi estudada por Poppendieck (1981) com relação à floração. Segundo o autor quando o ramo do ano foi destruído, pelos incêndios, por exemplo, que são bastante freqüentes nos Cerrados, as flores nascem ao nível do solo a partir do xilopódio, de onde também saem os ramos. Esta é dada como característica única da espécie C. regium dentre as espécies do gênero.

Algumas características relevantes foram observadas durante o experimento de desenvolvimento das plantas na casa de vegetação. A partir do outono as

folhas das plantas começaram entrar em senescência e caducar, sendo mais freqüente nas plantas mantidas em vasos com solo+esterco e no início do inverno houve formação dos botões florais para plantas mantidas em ambos os tratamentos. Estes dados corroboram com os estudos realizados por Poppendieck (1981), no qual mostrou que a floração da espécie C.

regium acontece na mesma época em que ela está desfolhada.

Característica comum observada durante este experimento foi, além da queda das folhas, a desidratação dos ramos que se apresentaram aparentemente mortos, mas que de maneira inesperada sem aparente modificação do ambiente, rebrotaram (Figura 14). Este efeito foi observado mais pronunciadamente em plantas mantidas na areia do que no solo+esterco (50 e 20% respectivamente). Esta é outra característica que pode ser atribuída à plasticidade da planta, pois, a areia retém menos água que o solo+esterco. Assim, quando a planta está ameaçada, como pela falta de água, ela se protege “secando” as parte aérea e acumulando água nas raízes esperando condições mais favoráveis para voltar a brotar.

O substrato areia acelerou o processo de lignificação dos caules das plantas, e a princípio suas folhas se mostraram mais verdes e mais vistosas. Porém no final do experimento foi verificado que plantas mantidas em solo+esterco apresentavam melhor aspecto, com folhas mais verdes e maior altura, enquanto que as mantidas em areia mantiveram inalterado seu crescimento.

Figura 13: Distribuição geográfica da espécie C. regium.

Fonte: Poppendieck, 1981

SP – São Paulo/ RJ – Rio de Janeiro/ MG – Minas Gerais/ MS – Mato Grosso do Sul/ MT – Mato Grosso/ GO – Goiás/ TO – Tocantins/ BA – Bahia.

Tabela 19: Medidas de altura da parte aérea (APA), quantidade de folhas (QF), comprimento de raiz (CR) e diâmetro da raiz (ØR), número de raiz fasciculada (NRF), peso fresco e seco de parte aérea (PFPA e PSPA) e raiz (PFR e PSR), porcentagem de biomassa da parte aérea (%BPA) e raiz (%BR) e porcentagem de plantas com raiz maior que parte aérea (%RMPA), UNAERP, Ribeirão Preto-SP, 2009.

Trata-

Mento APA (cm) QF CR (cm) (cm) ØR NRF %RMPA PFPA PSPA PFR PSR %BPA %BR

A 16,83b 9,50a 21,00a 0,93a 10,50a 91,67a 3,94b 0,71b 6,64a 1,62a 20,73a 17,49a

S+E 29,56a 11,79a 22,41a 1,31a 6,12a 29,17b 9,54a 1,87a 10,37a 2,09a 19,16a 17,97a

CV% 17,87 16,81 16,92 19,74 32,31 44,69 41,39 32,38 58,74 57,11 12,82 12,31

Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey. (n=12)/ * 8 meses após montagem do experimento/ A= areia; S+E= solo+esterco

5. CONCLUSÃO

1. O substrato solo+esterco proporciona maior peso seco de biomassa de parte aérea;

2. De um modo geral o substrato solo+esterco estimula maior tamanho de raiz em relação a parte aérea.

Capítulo IV. PRODUÇÃO EXTRATOS E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE

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