• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO I ENQUADRAMENTO TEÓRICO

4. Desenvolvimento Profissional

4.1. O Profissional do Séc. XXI

A entrada no século XXI caracterizou-se pela globalização e o surgimento de um nova sociedade, a sociedade do conhecimento. O avanço tecnológico é enorme, incontestável e o crescimento e importância da informação não tem comparação. Agora é possível comunicar informação em qualquer formato sem a preocupação de contabilizar tempo ou distância. Impreterivelmente estes acontecimentos vieram alterar a forma como trabalhamos. A produtividade do trabalhador depende presentemente do seu pensamento, da sua crítica, da sua criatividade e da capacidade de agir e de se adaptar às constantes mudanças na sociedade (Silva & Cunha, 2002).

“trata-se de uma revolução que agrega novas capacidades à inteligência humana e muda o modo de trabalharmos juntos e vivermos juntos” (Gómez, 1997, p. 2).

Esta mudança tecnológica obriga o profissional a ter uma estratégia diferenciada. A presença constante da eletrónica e informática, no âmbito da profissão, obriga à interação do profissional e que este seja um agente no processo e na tomada de decisão. O próprio valor de mercado do profissional está agora dependente do seu dinamismo, criatividade e empreendedorismo (Silva & Cunha, 2002).

Porém, diante deste cenário de mudanças constantes e de globalização da informação, impõe-se que o profissional atual, por um lado tenha capacidade de transformar informação em conhecimento e o gosto pela aprendizagem ao longo da vida, e, por outro, ter em conta “valores como sejam a solidariedade, o respeito, a diversidade, a interação, a colaboração, a criatividade e sobretudo, a capacidade de ousar, de inventar,

24

de inovar e, ao mesmo tempo, de sermos capazes de avaliar os riscos dos nossos atos” (Coutinho & Lisboa, 2011, p. 17).

4.2. O Desenvolvimento Profissional

A aprendizagem do profissional deseja-se que seja contínua, ao longo da carreira, como já tivemos oportunidade de abordar anteriormente, com o objetivo de alcançar um patamar profissional de excelência (Dean, 1991) contribuindo assim, para o desenvolvimento profissional, e, este “ desenvolvimento profissional (…) implica um processo de crescimento do profissional, por ele gerido e direccionado, na interface das fontes e contextos geradores do saber profissional” (Roldão, 1998, p. 32).

De notar que esta ideia de desenvolvimento profissional, não se limita ao conceito de formação contínua, este é apenas um dos caminhos possíveis de desenvolvimento profissional. Assim, a formação contínua deve ser planeada e ter como objetivo, a promoção do desenvolvimento profissional (Meirinhos, 2006), mas não deverá no entanto ser visto como o único processo de crescimento progressivo e contínuo ao longo da vida profissional.

De salientar, que o desenvolvimento profissional não está só dependente do sujeito e da sua vida pessoal, está também dependente do ambiente, das políticas, dos contextos, das oportunidades que lhe surgem. A corroborar esta ideia está Day (2001) ao defender que a vontade de fazer cada vez melhor, de inovar, que provem do investimento na profissão, depende das suas vidas pessoais e profissionais e das políticas e dos contextos nos quais realizam a sua atividade. O desenvolvimento profissional não é, portanto, estruturado apenas no domínio dos conhecimentos específicos da profissão, é também nos domínios das atitudes e das relações interpessoais. Morais e Medeiros (2007), aqui referindo-se especificamente aos docentes, mas que se aplica à maioria dos profissionais e nomeadamente aos osteopatas, afirmam que o processo de desenvolvimento profissional enquanto processo “interativo, inacabado, dependente do indivíduo” é

25

admitido simultaneamente como “dependente das possibilidades do meio, enquanto determinante na construção do seu saber e da sua possibilidade” (p. 62).

Vimos que a formação deve ser perspetivada em termos de desenvolvimento numa linha de formação permanente que valorize o desenvolvimento pessoal ao longo de toda a vida do indivíduo. Para Silva (1990) a formação/educação para o desenvolvimento tem que assentar em quatro princípios de base: i) reforço do papel decisivo da educação na formação das capacidades das pessoas; formação "de competências utilizáveis em diferentes situações e que constituem meios cruciais de apropriação cognitiva e de prática do mundo” (p. 99); ii) reconhecer a diversidade de competências e sua hierarquização e valorizá-las, ou seja, o saber, o saber-fazer e o saber-ser; iii) eleger um modelo de formação adequado tendo em conta as formas de aprendizagem e dos saberes, ou seja, considerando as necessidades e motivações das pessoas de forma a garantir a sua adesão; iv) agir de forma consciente e autónoma, defendendo a "formação na e para a acção"(p. 102). Esta deverá fazer-se, seja ela de natureza socioeconómica, sociocultural, sociopolítica ou de promoção pessoal ou coletiva.

Acrescenta ainda Lerbet, (1986) que o desenvolvimento é todo um conjunto de processos que tendem a complexificar um sistema aberto. Assim, “De acordo com as variantes do meio, os adultos reagem às mudanças pondo em prática reacções de auto- controlo, auto-avaliação assemelhando-se às que encontramos nos sistemas vivos evoluídos hipercomplexos, com grande capacidade de auto-finalização” (p. l08). “É também necessário considerar como fundamental a continuidade do vivido, tanto no plano do discurso científico como no do funcionamento das pessoas." (p. 110).

A formação - educação no seu sentido lato -, não são mais do que acções que tendem a "acompanhar economicamente o desenvolvimento" do sistema-pessoa. A necessidade da formação permanente, ao longo da vida do indivíduo, justifica-se nesta concepção. Quanto maior for a capacidade de resposta do sistema-pessoa, quanto mais diversificada for a sua informação disponível, mais complexo ele é, podendo adaptar-se mais facilmente ao seu meio, resistindo mais adequadamente às agressões exteriores.

26

4.3. O Osteopata e o Desenvolvimento Profissional

Segundo o “Subject Benchmark Statement” sobre a osteopatia da “Quality Assurance Agency for Higher Education” do Reino Unido, os estudantes/profissionais de osteopatia devem ter atitudes profissionais próprias e não devem apenas adquirir conhecimentos e compreensão, devem ainda desenvolver as técnicas clínicas que aprenderam, relacionando assim, autonomia profissional, conhecimento, competência e identificação do profissional osteopata. “O paciente é considerado ”sócio” nos seus cuidados osteopáticos e está no centro do envolvimento, nas decisões relacionadas com a sua saúde.” (Henriques, 2011, p. 51). A osteopatia coloca assim, o paciente no centro do processo de aprendizagem, teórica e prática das técnicas osteopáticas e técnicas clínicas.

Porém, o profissional osteopata não deverá, nunca, deixar de se autoanalisar, quanto ao seu estado de desenvolvimento profissional e deve, segundo o General Osteopathic Council através da sua revista “the osteopath”4

, registar sempre as atividades que considera importantes para o seu desenvolvimento profissional no seu formulário de resumo anual e deverá ainda explicar como a atividade tem contribuído para o seu desenvolvimento. É importante refletir sobre onde quer estar no futuro, a fim de identificar áreas de desenvolvimento que podem ser abordadas para melhorar a condição de profissional e contribuir ativamente para o seu desenvolvimento profissional. A mesma revista propõe que o osteopata se questione com questões como: i) O que já consegui alcançar; ii) Quais são os meus pontos fortes e quais são as áreas que preciso desenvolver; iii) Quais as áreas de interesse que gostaria de prosseguir; iv) Quais foram os desafios que surgiram que considerei difíceis e não completamente resolvidos; v) Que evolução do meu conhecimento e habilidades poderia melhorar na minha prática para o benefício dos meus pacientes; vi) Quais são as aspirações que tenho e que áreas de aprendizagem são vitais para a minha progressão na carreira. É também benéfico olhar para trás, sobre as atividades de desenvolvimento profissional

4

General Osteopathic Council. (Agosto /Setembro de 2015). Identifying learning needs. the osteopath, p. 10.

27

que realizou anteriormente, para avaliar o seu progresso até ao momento e refletir melhor sobre o caminho futuro.