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As teorias de desenvolvimento regional mudaram de forma considerável ao longo do tempo. Essa evolução pode ser compreendida e dividida em três períodos, formando três grupos de teorias distintas.

O primeiro grupo vai até meados do século passado, se compõe por teorias tradicionais de localização industrial, cujos autores mais destacados foram Von Thünen, Weber, Cristaller, Lösch e Isard. Estes autores dedicaram suas atenções em dois aspectos característicos da vida econômica: a distância e a área.

A preocupação dessas teorias naquele momento era de definir modelos de localização da produção, de forma a minimizar os custos de transporte. São teorias estáticas que limitam-se a quantificar os custos e os lucros na determinação da localização física perfeita de uma empresa numa determinada região, colocando que a aglomeração, a concentração industrial e o desenvolvimento regional seriam conseqüência microeconômica da decisão de localização que minimizava custos de transporte.

O segundo grupo vai até a década de 80, e é composto por três teorias principais: a dos Pólos de Crescimento, de Perroux; a da Causação Circular Cumulativa, de Myrdal; e a dos Efeitos de Encadeamento para trás e para frente, de Hirschman. Essas teorias chamam a atenção para as interdependências setoriais como fator de localização das organizações e de desenvolvimento da região, incorporando a ideia de que se faz necessário economias externas e mecanismos dinâmicos de reforço endógeno, olhando a região em sua totalidade, sua estrutura produtiva, com suas interligações comerciais e tecnológicas.

Essas teorias, apresentadas no primeiro e segundo grupo, deram suporte a políticas de desenvolvimento regionalizado, e foram adotadas tanto no âmbito federal como no estadual. No âmbito federal, foram implantados grandes projetos estruturantes nas diferentes regiões, com vistas a complementar produtividade nacional e/ou reduzir as desigualdades. No âmbito estadual, elas deram e continuam dando suporte às políticas de atração de novos investimentos, principalmente oriundos do setor industrial. Em geral, esses investimentos são atraídos por isenções fiscais, com prioridade para àqueles com maior poder de encadeamento intersetorial e que complementem a matriz produtiva regional.

O terceiro grupo nasceu e passou a ganhar força a partir da década de 80, tendo como característica a incorporação de externalidades dinâmicas do tipo marshallianas. Esse grupo traz duas abordagens distintas, de um lado a incorporação em seus modelos das ideias marshallianas de economias externas, de outro lado, temos autores evolucionistas e institucionalistas, que também passaram a incorporar em seus modelos as economias marshallianas, agregando à estas os retornos crescentes, atribuindo um importante papel aos agentes locais na organização dos fatores e na coordenação do processo cumulativo.

Observa-se que as teorias de desenvolvimento regional evoluíram de abordagens microeconômicas de localização da indústria para abordagens com ênfase nas economias de aglomeração. O interesse maior dessa corrente é verificar as repercussões dessas transformações nas economias regionais e como essas regiões podem tirar proveito delas para a promoção do seu desenvolvimento, surgindo assim proposições de formação de distritos industriais como ferramenta para o alcance do desenvolvimento de determinadas regiões.

Neste sentido, discussões sobre desenvolvimento regional passaram a se intensificar, fazendo com que os estudiosos buscassem definição e esclarecimentos sobre as dinâmicas do desenvolvimento regional, ampliando assim a visão e as idéias acerca do tema, tendo em vista que mudanças econômicas e sociais resultam em desenvolvimento.

O desenvolvimento regional está direcionado à participação da sociedade local e no planejamento que vise o crescimento. Neste sentido, o desenvolvimento deve ser entendido como um processo de mudanças econômicas, políticas, sociais e humanas. Desta forma, o desenvolvimento é o crescimento transformado para satisfazer as necessidades da sociedade como um todo, tais como: saúde, educação, habitação, transporte, alimentação, lazer, dentre outras. (OLIVEIRA, 2002, p.40)

Compreendendo o conceito de desenvolvimento fica mais fácil a elaboração e implementação de um plano de desenvolvimento regional. Para tanto, este plano de desenvolvimento regional deve ser eficaz e atender as cinco dimensões do desenvolvimento sustentável, que são: sustentabilidade social, sustentabilidade econômica, sustentabilidade ecológica, sustentabilidade espacial e sustentabilidade cultural. Por meio destas é possível elaborar e operacionalizar políticas de desenvolvimento regional, tomando por base as potencialidades e características de cada região.

Boisier (1989) coloca que o processo de crescimento econômico regional pode ser considerado como essencialmente originado em forças e mecanismos exógenos à região; depende

principalmente das políticas macroeconômicas, do critério que guia a alocação de recursos entre as regiões e da demanda externa. Pelo contrário, o processo de desenvolvimento regional deve ser considerado, principalmente, como a internalização do crescimento e, em conseqüência, como de natureza essencialmente endógena.

O desenvolvimento de uma Região se dá a longo prazo e pode ser explicado como resultado da relação entre três forças: recursos financeiros, política econômica e participação social. Isto por que o desenvolvimento está atrelado à disponibilidade de recursos, dependendo da participação regional no uso dos recursos nacionais e estaduais vinculadas à ação do governo, que pode afetar a região de forma positiva ou negativa. Para tanto, depende da participação social como ferramenta capaz de criar um conjunto de elementos políticos, institucionais e sociais, capazes de direcionar o crescimento, vinculando a melhora social (qualidade de vida) e à preservação do meio ambiente.

Serres (1991 e 1999), coloca que quando a política econômica não é suficientemente humilde e, portanto, sábia para escutar e sentir as razões e necessidades das populações locais, vem a gerar todos os tipos de desordens e desequilíbrios. Desta forma, ao invés de ecodesenvolvimento, ou desenvolvimento sustentável, serão reforçados mecanismos de exclusão da sociedade e consequentemente, atraso e subdesenvolvimento.

Percebe-se então que, quando há a sensibilidade e a coerência do poder público em atender as necessidades da população, atrelado a participação efetiva da sociedade em cobrar e fiscalizar a implantação e execução de políticas públicas o processo de desenvolvimento se consolida, gerando benefícios à comunidade. Tal desenvolvimento, quando colocado de forma sustentável contribui para o crescimento local, ou seja, a região e cada localidade se beneficia com o desenvolvimento, viabilizando a melhoria na qualidade de vida, conscientização ambiental e crescimento econômico.

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