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CAPÍTULO 2 UM BREVE HISTÓRICO DO AMBIENTALISMO E SUA

2.2 Desenvolvimento Sustentável

Segundo Starke (1991), o termo desenvolvimento sustentável surge pela primeira vez em 1980, no documento Estratégia de Conservação Mundial: conservação dos recursos vivos para o desenvolvimento sustentável. Esse documento foi publicado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), pelo Fundo Mundial para Vida Selvagem (WWF) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

De acordo com esse documento: “para ser sustentável, o desenvolvimento precisa

levar em conta fatores sociais e ecológicos, assim como econômicos; as bases dos recursos vivos e não-vivos; as vantagens de ações alternativas, a longo e a curto prazos” (Starke, 1991, p. 9).

Em 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento elabora um novo significado para o termo. Para a Comissão, desenvolvimento sustentável passa a ser “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a

possibilidade de gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”

(CMMAD, 1988, p. 46).

2 Conferência ocorrida em 1997 com o objetivo de discutir sobre a estabilização da concentração de gases que contribuem para o efeito estufa na atmosfera, visando um nivel que possa evitar uma interferência perigosa com o sistema climático, assegurar que a produção alimentar não seja ameaçada e possibilitar que o desenvolvimento econômico se dê de forma sustentável (SMA/SP, vol.l, 1997).

32 Em junho de 1992 no Rio de Janeiro, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, reconheceu-se a importância de assumir a idéia de sustentabilidade em qualquer programa ou atividade de desenvolvimento. Lelé (1995) afirma que o conceito de desenvolvimento sustentável ocupa uma posição central dentro do ambientalismo, particularmente após a publicação do relatório Nosso Futuro Comum. O mesmo autor coloca ainda que, “...nos últimos

anos, o antigo debate dos anos 70, que de certa forma separava as questões ambientais do desenvolvimento, é substituído por outro mais convergente e otimista, preocupado centralmente na questão de como fazer para alcançar um desenvolvimento sustentâveV’ (Viola apud Lelé, 1995, p. 78).

Apesar da inegável importância da definição do termo desenvolvimento sustentável, este gera uma diversidade de idéias que reflete a falta de precisão na conceituação corrente do mesmo. Baroni (1992) apresenta uma visão crítica do termo apontando as contradições e inconsistências das definições adotadas.

Segundo Baroni (1992), há uma linha de pensamento que trata o termo desenvolvimento sustentável como sendo o mesmo que “sustentabilidade econômica”, isto é, aquela que somente tem relação com a capacidade dos recursos se reproduzirem ou não se esgotarem.

Outros autores entendem como desenvolvimento sustentável um patamar superior do desenvolvimento: “...substituem a idéia tradicional do desenvolvimento

sustentável, onde a incorporação do adjetivo sustentável à idéia tradicional do desenvolvimento reconhece implicitamente que este não fo i capaz de aumentar o bem-estar e reduzir a pobreza, como é sua proposta” (Baroni, 1992, p. 17).

Em suma, Baroni (1992) conclui que há um consenso por parte dos autores que abordam o termo, ao sugerir que desenvolvimento sustentável implica em buscar o fim da pobreza, acrescida da preocupação em reduzir a poluição ambiental e o desperdício no uso dos recursos.

Dentro deste contexto de definição do termo desenvolvimento sustentável, Ignacy Sachs (1992) apresenta 5 dimensões do que se pode chamar desenvolvimento sustentável, ou como Sachs denominava na época: ecodesenvolvimento. Para

Sachs todo o planejamento de desenvolvimento que almeje ser sustentável precisa levar em conta as cinco dimensões de sustentabilidade apresentadas na Figura 2.1 e descritas a seguir:

ECOLOGICA

CULTURAL

Figura 2.1: As cinco dimensões da sustentabilidade. Fonte: Sachs (1992).

A sustentabilidade social, que se entende como a criação de um processo de desenvolvimento sustentado por uma civilização com maior eqüidade na distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres.

A sustentabilidade econômica, que deve ser alcançada através do gerenciamento e alocação mais eficientes dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e privados.

A sustentabilidade ecológica, que pode ser alcançada através do aumento da capacidade de utilização dos recursos, limitação do consumo de combustíveis fósseis e de outros recursos e produtos que são facilmente esgotáveis, redução da geração de resíduos e de poluição, através da conservação de energia, de recursos e da reciclagem.

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A sustentabilidade espacial, que deve ser dirigida para a obtenção de uma configuração rural-urbana m ais equilibrada e uma melhor distribuição territorial

dos assentamentos humanos e das atividades

econôm icas.

A sustentabilidade cultural, incluindo a procura por raízes endógenas de processos de m odernização e de sistemas agrícolas integrados, que facilitem a geração de soluções específicas para o local, o ecossistem a, a cultura e a área.

Pode-se perceber, portanto, que o termo desenvolvimento sustentável, por si só, não traz respostas ou soluções ao conflito existente entre a necessidade de crescimento e a sustentabilidade dos recursos naturais que ainda restam.

Considerando que nos dias de hoje as organizações produzem bens vastamente consumidos pelas sociedades modernas, e que algumas destas sociedades assumem estes bens como de suma importância para a sua sobrevivência, toma-se inegável o relevante papel que estas organizações de produção de bens têm na busca pela prática de um desenvolvimento sustentável.

É fato que a produção dos bens consumidos pelas sociedades gera poluição ao meio ambiente, danos que acabam atingindo direta ou indiretamente a própria humanidade. Por outro lado, a mesma sociedade parece não querer abrir mão do conforto e comodidade proporcionados por alguns destes bens.

A busca de uma solução para este eterno conflito deverá passar por uma mudança de valores e de orientação nos sistemas produtivos das organizações e da sociedade, com a produção e o consumo visando a minimização dos danos e impactos ambientais negativos normalmente causados.

Para tanto, há necessidade de se conhecer estes danos e impactos ambientais, identificando a magnitude do impacto, as conseqüências diretas e indiretas do mesmo, buscando ainda medidas mitigadoras mais adequadas a cada situação. Dentro deste enfoque, os itens subseqüentes pretendem apresentar duas

ferramentas que têm por objetivo a identificação de danos ou impactos ambientais associados às atividades das organizações e que tiveram grande parcela de

contribuição no surgimento das ferramentas e modelos dos sistemas de gestão ambiental: as auditorias ambientais e as avaliações de impactos ambientais.

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