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Desenvolvimento Tradicional versus Desenvolvimento Ágil

3. Apoio ao Processo de Desenvolvimento de Software

3.4 Desenvolvimento Tradicional versus Desenvolvimento Ágil

Os métodos ágeis para o desenvolvimento de software estão a ganhar cada vez mais adeptos nas organizações de TI, mas nem sempre são bem aceites ou entendidos pelos executivos das organizações, que estão acostumados com a gestão de projetos de forma tradicional, nomeadamente a utilização do modelo de cascata (Sousa, 2011).

Muitas vezes são discutidas as vantagens e desvantagens de cada uma das abordagens mas nem sempre por conhecimento de causa, mas apenas por ideias formadas do que são sem que sejam profundamente estudas.

A maioria dos métodos ágeis nada possui de novo em relação à abordagem tradicional, mas o que as difere são os princípios e valores. De realçar que o foco na abordagem ágil são as pessoas e não os processos, como é defendido nos métodos tradicionais, e despende-se assim menos tempo com documentação e mais tempo com implementação. Dessa forma, os métodos ágeis são adaptativos, em vez de serem preditivos. Com isso, adaptam-se a novos fatores decorrentes do desenvolvimento do projeto, ao invés de procurar analisar previamente tudo o que pode acontecer no decorrer do desenvolvimento.

Portanto, a diferença primordial está em evitar os problemas já conhecidos de tentar estimar e fazer o planeamento total do software em detalhes, atividades que comprovadamente falham (ver Figura 28). Para contornar isso, a abordagem ágil permite o envolvimento ao longo do projeto do cliente e da equipa nas tomadas de decisão o que pressupões maior interesse e motivação da equipa por se sentir parte do projeto, ao longo de todas as etapas do decorrer do mesmo.

3 – Apoio ao Processo de Desenvolvimento de Software

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Figura 28 Abordagem tradicional e ágil (extraído de (Sousa, 2011))

De acordo com os factos descritos neste trabalho são de destacar as seguintes grandes vantagens entre as abordagens tradicionais e ágeis:

 Com o detalhe pormenorizado das funcionalidades que o sistema vai ter, na abordagem tradicional, assim será possível fazer uma melhor estimativa dos recursos e custos do projeto logo no início do mesmo;

 A especificação dos requisitos do sistema ao terem que ser definidos no início do projeto, na abordagem tradicional, não permitirá adaptação através de alterações que possam ser identificadas ao longo do projeto, ao contrário da abordagem ágil que prevê entregas periódicas e assim o cliente pode introduzir mudanças ao longo do projeto permitindo uma maior flexibilidade e agilidade;

A vantagem competitiva que se possa ter com o lançamento em primeiro no mercado e a obtenção da liderança no mercado será muito mais provável com a utilização da abordagem ágil, pois conseguem-se resultados muito mais rápidos. O mesmo se aplica para alterações e correções nos produtos para que possam ser disponibilizados em períodos menores que os da abordagem tradicional;

Melhoria da qualidade do produto na abordagem ágil, quando a fase de testes está presente durante todo o desenvolvimento do produto, o que permite ao utilizador fazer ajustes, e se necessário, fornecer à equipa de desenvolvimento uma visão sobre os problemas a ultrapassar ainda relativamente cedo e sem comprometer o produto final;

 A abordagem ágil recomenda que o utilizador deve ter um papel ativo no decorrer do projeto, o que permite ao cliente acompanhar o progresso do projeto e certificar-se que

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89 este não fica abaixo das suas expectativas e assim aumenta a satisfação do cliente com o projeto;

 Como a abordagem ágil as entregas periódicas de pequenos incrementos possibilitam um melhor controlo dos riscos do projeto, através da sua mitigação periódica ao longo do projeto associado a tomadas de decisão mais corretas e o mais cedo possível;

Na abordagem ágil consegue-se um melhor controlo dos custos ao possibilitar que se disponha de um orçamento fixo e são as características do produto e a duração da fase de desenvolvimento que aumentam se necessário;

 Com base nos pontos anteriores pode dizer-se que a ênfase do desenvolvimento ágil está em criar o produto certo, ao passo que o desenvolvimento tradicional se preocupa mais em completar o projeto com sucesso, mesmo que mais tarde venham a perceber que o produto não é bem aquilo que se esperava.

Da mesma forma, é de destacar, como base no estudo apresentado no presente trabalho, as grandes desvantagens que diferenciam as abordagens tradicionais das ágeis:

 A abordagem ágil requer um grande envolvimento dos utilizadores durante o desenvolvimento do produto, apesar da vantagem na participação ativa ao longo do projeto, pressupõe também grande responsabilidade e compromisso o que pode exigir muito tempo. De destacar também o tempo gasto com os testes de aceitação, em que entregas frequentes pressupõem maior dedicação e tempo para execução de todas as validações necessárias frequentemente;

 Com as constantes mudanças no decorrer do projeto, na abordagem ágil, todas as mudanças podem ser adotadas, o que pode provocar o adiamento constante do fim do projeto. Para tal deve existir maturidade para definir um preço fixo para o projeto para fazer-se os reajustes necessários no limite do projeto;

 A abordagem ágil pressupõe a diminuição de documentos escritos, pelo que pode ocorrer existir pouca informação disponível para novos elementos da equipa, o que dificulta a integração no projeto, podendo criar desentendimentos no grupo e dificuldades para toda a equipa que se podem traduzir no não cumprimento dos objetivos em cada ciclo de desenvolvimento;

 Ao incluir a fase de testes ao longo de todo o desenvolvimento na abordagem ágil, apesar de possibilitar a qualidade do produto provoca também um aumento de custos do projeto;

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 Na abordagem ágil o facto do incentivo ao constantemente envio de feedback pelo cliente faz do desenvolvimento algo bastante intenso para quem nele participa, conjuntamente com o ter de implementar a totalidade dos componentes em cada iteração, e ainda a quantidade de iterações, pode ser mentalmente cansativo e tornar difícil para a equipa de desenvolvimento encontrar equilíbrio.

A análise de vantagens e desvantagens apresentada traduz de uma forma geral a comparação entre as duas abordagens ágeis e tradicionais, poder-se-ia ir mais além através da análise detalhada de cada um dos métodos apresentados, nomeadamente os métodos ágeis, no entanto a revisão bibliográfica revelou que não existem os mesmos critérios a caraterizar cada um dos métodos não possibilitando assim uma correta e completa comparação entre os métodos.

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4. Análise dos Métodos e de Benchmarking

Depois de apresentados os vários métodos de PDS apresenta-se agora uma análise dos métodos ágeis. Faz-se também uma análise de Benchmarking tendo em conta um trabalho importante na área.

4.1 Análise dos Métodos Ágeis

Esta secção pretende complementar o estudo dos métodos, ou seja, surge como resultado da secção 3.2.2, na qual são apresentados e descritos os método ágeis: ASD, AUP, Crystal, DSDM, YP, ESSUP, XP, FDD, LSD, Openup e Scrum.

Todos os métodos têm as suas particularidades o que permite a sua diferenciação e são as suas características próprias que facilitam o processo de tomada de decisão para a escolha do melhor métodos a usar para um projeto.

Muitos dos métodos não possuem uma estrutura idêntica, nem tão pouco um comportamento similar no decorrer de cada projeto, pelo que se evidencia a necessidade de elaborar uma matriz comparativa. Portanto, para uma melhor análise dos métodos ágeis apresentados anteriormente é, de seguida, produzida uma análise comparativa a partir de interpretação de dois quadros elaborados tendo em conta alguns critérios e os respetivos comportamentos dos métodos ágeis enumerados em epígrafe.

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