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3 DINÂMICA URBANA NO BRASIL

3.4 DESENVOLVIMENTO URBANO, ECONÔMICO E METROPOLITANO

Nas palavras de Sousa (2006): “O desenvolvimento urbano é visto como destruição de ambientes construídos e deteriorados ou antigos para que dê lugar a construções mais novas”. Daí vem a importância de alguns profissionais como o arquiteto, o urbanista, o sociólogo, o geógrafo, o economista. Cada profissional citado tem sua contribuição ao desenvolvimento urbano.

O desenvolvimento humano e o progresso são equivalentes, embora tenham origens e conotações diferentes. O desenvolvimento humano está próximo ao desenvolvimento econômico e abrange uma mudança estrutural e está conectado a um determinado Estado–nação, a ligação é que progresso é um conceito universal. O progresso é sempre o produto de um organismo social, mas a passagem para ele não é nem pacífico, nem unidimensional, é um processo de tentativa e erro em que os agentes carecem da competência de prever com plausível exatidão as consequências de suas ações. Então, é um processo conflituoso nos níveis individual, coletivo e também de classes sociais, no qual os conflitos são resolvidos, às vezes pela incidência de uma terceira opção que atende aos dois lados, mas geralmente pelo uso da força ou por meio de acordos políticos. Esse conflito pode tomar uma forma leve e positiva porque propaga na concorrência, mas é quase sempre produto de uma superioridade, e se expressa em monopólio e revolta (BRESSER–PEREIRA, 2014).

O progresso é uma ideia e uma ambição do século XVIII, o desenvolvimento, uma ideia e um projeto do século XX que continua no século XXI. Então todo país e cidade busca uma coisa, o desenvolvimento, seja ele econômico, urbano e social, busca o bem- estar social da sociedade. Nas palavras de Bresser–Pereira (2014 p. 53):

Desenvolvimento econômico é o processo histórico de acumulação de capital incorporando conhecimento técnico que aumenta o padrão de vida da população.

O desenvolvimento econômico está ligado ao crescimento em estimativas reais, ou seja, em cifras. Como por exemplo, o crescimento de uma empresa ou de um setor produtivo especializado, é considerado uma maneira de desenvolvimento. O conceito de desenvolvimento, está atrelado ao crescimento. O conceito de crescimento deve ser alocado para explicar a expansão da produção real no conjunto de um setor econômico. O crescimento é o aumento da produção, ou seja, do fluxo de renda ao nível de um subconjunto econômico especializado e que o desenvolvimento é o mesmo fenômeno quando observado do ponto de vista de suas repercussões no conjunto econômico de estrutura complexa que inclui o setor especializado (FURTADO, 1920).

O desenvolvimento segundo Celso Furtado (1920), possui lugar mediante ao aumento da produtividade ao nível do conjunto econômico complexo. Esse avanço de produtividade como da renda per capita são determinados por fenômenos de crescimento que tem lugar em subconjuntos, ou setores, particulares. As mutações de estrutura são transformações nas relações e proporções internas do sistema econômico, as quais têm como causa básica modificações nas formas de produção, mas que não se poderiam consolidar sem modificações na forma de distribuição e uso da renda. A ampliação da produtividade física com respeito ao conjunto da força de trabalho de um sistema econômico unicamente é possível mediante a introdução de formas mais dinâmicos de utilização dos recursos, as quais implicam seja acumulação de capital, seja inovações tecnológicas, ou a ação conjugada desses dois fatores. Por outro lado, a realocação de recursos que acompanha o aumento do fluxo de renda é condicionada pela composição da procura, que é expressão do sistema de valores da coletividade. Então, o desenvolvimento é ao mesmo tempo um problema de acumulação e progresso técnico, e um problema de expressão dos valores de uma sociedade (FURTADO, 1920). Nas palavras de Furtado é possível entender o que é realmente o desenvolvimento econômico, que está ligado ao crescimento de algum setor econômico que impulsiona a economia. Para haver urbanização é preciso haver crescimento econômico ou progresso técnico, para o qual, as pessoas buscam melhores condições de vida. Então, quando uma cidade se desenvolve, ela atrai uma massa da população que reside nas suas proximidades. Isso quer dizer que ocorreu um desenvolvimento urbano, que está ligado ao crescimento econômico.

Se não houvesse ativos específicos sendo transacionados na economia, possivelmente não haveria escopo para a atuação do Estado no desenvolvimento além da promoção dos mercados, como supõem os teóricos que enfatizam o papel do ambiente institucional no desenvolvimento.

Porém, ativos específicos têm usualmente um papel enorme na economia, exigem estruturas de governança específicas e têm um papel mais importante no processo de desenvolvimento econômico. O desenvolvimento abarca investimentos em ampla escala com a promessa mais ou menos arriscada de que haverá uma demanda futura por estes investimentos, o que deriva em ativos dedicados. Por sua vez, muito do sucesso do processo de desenvolvimento estar sujeito da formação de mão de obra com elevado grau de especialização e experiente, o que resulta em especificidade de capital humano resultado do aprender fazendo, e assim por diante. O processo de desenvolvimento está densamente adjunto a investimentos em ativos específicos. O fato de o processo de desenvolvimento estar fortemente associado a investimentos em ativos específicos demanda uma responsabilidade significativamente maior por parte do Estado, neste processo, do que é normalmente aceitado, nas visões mais ortodoxas da economia. Muitas vezes, o Estado é o único agente em condições de desempenhar as funções necessárias para que o processo seja bem-sucedido. A primeira função que o Estado deve exercer é a de coordenar os investimentos privados em ativos específicos rumo a um equilíbrio superior, corrigindo, as falhas de coordenação, que incidem quando a incompetência dos agentes para coordenar suas ações resulta em um equilíbrio que é ineficiente (FIANI, 2013).

A urbanização aumenta com o crescimento econômico, quando o perfil da renda se transforma e o emprego se concentra mais nos serviços e na indústria do que na agricultura. O crescimento urbano ocorrido nas últimas décadas transformou o Brasil num país essencialmente urbano com 83% de população urbana. Esse processo se deu especialmente nas Regiões Metropolitanas (RMs) e nas cidades que se transformaram em pólos regionais, ou seja, cidades médias. As RMs possuem um núcleo principal com várias cidades circunvizinhas (TUCCI, 2008).

Com o processo de urbanização, vêm também os problemas, que estão diretamente relacionados com a infraestrutura e a urbanização o que vem acontecendo nos países em desenvolvimento, com evidência na América Latina. Segundo (TUCCI, 2008 pág. 98 e 99) são eles: Grande concentração populacional em pequena área, com deficiência no sistema de transporte, falta de abastecimento e saneamento, ar, água

poluída e inundações. Essas condições ambientais inadequadas reduzem condições de saúde, qualidade de vida da população, impactos ambientais, e são as principais limitações ao seu desenvolvimento. Aumento da periferia das cidades de forma descontrolada pela migração rural em busca de emprego. Esses bairros geralmente estão desprovidos de segurança, de infraestrutura tradicional de água, esgoto, drenagem, transporte e coleta de resíduos sólidos, e são dominados por grupos de delinquentes geralmente ligados ao tráfico de drogas. A urbanização é espontânea e o planejamento urbano é realizado para a cidade ocupada pela população de renda média e alta. Para áreas ilegais e públicas, existe invasão e a ocupação ocorre sobre áreas de risco como de inundações e de escorregamento, com frequentes mortes durante o período chuvoso. Parte importante da população vive em algum tipo de favela. Portanto, existe a cidade formal e a informal. A gestão urbana geralmente atinge somente a primeira (TUCCI, 2008).

A política nacional de desenvolvimento urbano foi estruturada nos anos 1960 e 1970 através da montagem de um sistema de financiamento de habitação e saneamento (RONIK; KLINK, 2011). O governo federal arrecada e redistribui, por meio de empréstimos, os recursos da principal fonte de financiamento destas políticas: um fundo destinado a indenizar trabalhadores demitidos sem motivo, cuja arrecadação líquida é destinada a financiar programas de saneamento e habitação o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Na habitação, o modelo se baseava no financiamento da produção privada e de companhias públicas, ligando posteriormente a oferta de crédito bancário paro consumidor final. No âmbito do governo federal, modificações importantes na política de habitação ocorreram no governo Lula, com um aumento espetacular no volume de recursos disponibilizados para o desenvolvimento urbano.