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A Figura 18 ilustra os procedimentos realizados no campo de design.

Figura 18 - Processo de análise dos artefatos na perspectiva do design

Fonte: o autor (2019)

O design é um dos campos de discussão desta pesquisa, especificamente o design de superfície e território. Para a presente pesquisa, o design de superfície estudou os artefatos cerâmicos por meio das abordagens representacional, estrutural e relacional, buscando analisar a superfície, a textura e a produção de sentido. O design e território teve o propósito de analisar as relações entre os artefatos confeccionados com a utilização da técnica de raku durante o

workshop de cerâmica e o território no qual foram produzidos sob a perspectiva da análise de

valor, autenticidade e rastreabilidade.

Antes de mais nada, é substancial entender que nesta pesquisa o objetivo foi analisar artefatos já elaborados, sendo um caminho oposto ao trilhado geralmente pelo design (especificamente o design de produto), pois frequentemente os trabalhos acadêmicos e/ou profissionais, buscam construir produtos a partir de determinados conceitos e pensamentos teóricos.

As análises pela perspectiva do design de superfície foram baseadas nos trabalhos de Schwartz (2008) e Rinaldi (2013). Schwartz (2008) em sua pesquisa determina três abordagens para analisar e projetar um produto com base no design de superfície, sendo estas abordagens: representacional, constitucional e relacional. Anos mais tarde, Rinaldi (2013) aperfeiçoou a metodologia utilizada por Schwartz (2008), alterando a abordagem constitucional para estrutural, tendo em vista o intuito de destacar a qualidade estrutural do artefato analisado.

Na abordagem representacional, os artefatos foram digitalizados em formato tridimensional por meio de um scanner 3D para observação detalhada dos artefatos cerâmicos selecionados em diversos ângulos.

Design

Design de

superfície Digitalização 3D Fotografia Análise

Representacional

Estrutural

Relacional Design e

território Fotografia Análise

Análise de valor

Artefato x território

Na estrutural utilizou como método a fotografia dos artefatos, bem como os relatos que foram gravados por meio de entrevistas livres com o ceramista. Esta abordagem discutiu os materiais e os procedimentos utilizados na construção dos artefatos. Foi importante refletir sobre a camada interior e exterior do artefato, por mais que a exterior seja vista em primeiro plano, agindo como uma pele ou, como define Schwartz (2008, p. 26), uma “membrana osmótica”.

A camada exterior pode sofrer interferência direta do meio ambiente, intervir nas relações de troca entre artefato e o meio ou artefato e sujeito. Dependendo da relação que o artefato tem com o meio, ele pode ser modificado momentânea ou definitivamente, inclusive alterando sua composição material (no aspecto físico-químico). Como a abordagem estrutural se dedica a superfície, o que se buscou analisar foi o campo exterior dos artefatos, em suas qualidades visuais, táteis e simbólicas.

A relacional procurou entender a relação entre sujeito, objeto e o meio, analisando não só o artefato físico, mas também sua representação gráfica e virtual. De certa forma, a abordagem relacional tem seus traços de semelhança com a abordagem estrutural quando se pauta nas trocas, contudo, na abordagem relacional, esta troca transpõe o campo físico, com o foco no caráter dinâmico da interface, entendida como “espaço de relação entre dois elementos, e não espaço de separação” (DANTAS, 2005, p. 3).

Com base nisso, tem-se o foco a relação entre a superfície dos artefatos e o ceramista, evidenciando os estímulos sensoriais, as percepções táteis e visuais que o fizeram projetar a superfície em determinado formato.

O design e território insere-se por meio do entendimento sobre a conexão entre o artefato confeccionado com a aplicação da técnica de raku e o território de Cunha-SP. A cidade tem uma vasta produção cerâmica, ampliada a partir dos anos de 1975, por causa do ingresso dos primeiros ceramistas. Por meio da análise das imagens dos artefatos e as entrevistas livres com o ceramista, averiguou-se dois aspectos fundamentais nas ligações entre território e artefato, a autenticidade e a rastreabilidade destes artefatos.

Além disso, na perspectiva de Krucken (2009), observou-se os artefatos confeccionados com a utilização da técnica de raku sob análise de valor a partir de seis aspectos: o valor funcional, o valor emocional, valor ambiental, o valor simbólico e cultural e o valor social. Como método o design e território utilizou a fotografia dos artefatos para auferir as análises pertinentes entre o artefato e o território e a de valor.

As análises pertinentes ao design de superfície e design e território foram realizadas no Laboratório de Modelagem, Texturas e Materiais Prof. Wilson Kindlein Junior do Centro Universitário Teresa D’Ávila (UNIFATEA).

3.3.1 DIGITALIZAÇÃO TRIDIMENSIONAL E MODELAGEM

A digitalização tridimensional por meio da utilização de um Scanner 3D móvel permite capturar dados de determinada superfície, além de realizar a construção ou reconstrução de objetos, transformando-os em modelos 3D virtuais (SILVA, 2006).

Foi realizada a digitalização tridimensional de quatro artefatos, confeccionados no decorrer do workshop de cerâmica, por meio de um scanner 3D móvel, modelo 3D System Sense, do Laboratório de Modelagem, Texturas e Materiais Prof. Wilson Kindlein Junior, do UNIFATEA, Figura 19.

Figura 19 - Laboratório de Modelagem, Texturas e Materiais Prof. Wilson Kindlein Junior - UNIFATEA

Fonte: ISPIC (2019)

Esta digitalização é compatível com o sistema CAD (Computer-Aided Design), sendo vastamente utilizado na modelagem de produtos. De acordo com Ferreira (2003), o escaneamento 3D possibilita capturar detalhes do objeto, independentemente de sua dureza, por não haver contato entre o equipamento e o artefato.

Posteriormente, as imagens dos artefatos foram transmitidas para um software do mesmo modelo do scanner, 3D System Sense. A Figura 20 evidencia o processo de digitalização tridimensional e modelagem, que ocorrem da seguinte forma:

1. Observação dos detalhes, cores e formato do artefato por meio de uma lupa;

2. O scanner foi conectado ao computador para transmitir as imagens do escaneamento diretamente para o software;

3. O artefato foi alocado em uma mesa redonda branca no laboratório e o scanner foi utilizado para capturar as imagens da superfície do artefato; e,

4. Após o escaneamento, as imagens foram transmitidas e modeladas no software 3D Sense.

Figura 20 – Etapas de digitalização tridimensional e modelagem dos artefatos cerâmicos

Fonte: o autor (2019)

Esses procedimentos foram essenciais para a abordagem representacional do design de superfície, pois com a imagem tridimensional foi possível analisar a representação gráfica dos artefatos.

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