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3.1 | Design Science Research Methodology

Foi realizada uma análise comparativa de soluções metodológicas previamente à escolha do DSRM, com o objetivo de analisar os processos de cada uma e auxiliar na escolha da mais adequada para o presente projeto de investigação (Consultar Tabela 13, Apêndice K). Após a análise desses processos, a metodologia de DSRM foi escolhida para implementação no presente projeto de investigação.

No âmbito da escolha do DSRM, é necessário em primeira instância explicar o conceito de metodologia e de Sistema de Informação (SI), que estão intrinsecamente ligados à estrutura deste trabalho. Uma metodologia baseia-se num sistema de princípios, práticas e procedimentos aplicados a uma área de conhecimento (Hevner et.al., 2004), enquanto um SI é um conjunto de componentes que juntam, processam, guardam e por sua vez distribuem informação com o intuito de suporte a tomada de decisões (Laudon et al., 2012).

De forma a perceber o conceito da metodologia DSRM, temos primeiro de definir o significado do termo Design Science, introduzido por R.Buckminster Fuller (Fuller, 1992), definido como uma forma metódica e sistemática de design, resultado da introdução de novos artefactos com o objetivo de resolver problemas específicos. Este conceito foi mais tarde redefinido (Nunamaker et al.,1991), passando a ser descrito como uma pesquisa conduzida no contexto do desenvolvimento de um produto ou modelo, com o intuito de melhorar o artefacto idealizado. Hevner et al. (Hevner et al., 2004) partiram então deste conceito de forma a desenvolver uma metodologia que fosse possível utilizar em pesquisas e investigações relacionadas com o tema dos sistemas de informação, a qual foi dado o nome de DSRM. Esta é uma metodologia que visa a criação de artefactos artificiais que possuam como propósito a resolução de problemas, com objetivos bem definidos e usando a pesquisa científica como forma de geração de conhecimento para a criação dos mesmos.

“Design Science Research é um processo rigoroso de projetar artefactos para resolver problemas, avaliar o que já foi projetado ou o que existe e funciona, e comunicar os resultados obtidos”. (Çağdaş et al., 2011)

Segundo March e Smith (March et al., 1995), estes artefactos não precisam obrigatoriamente de ser um objeto físico concreto, podendo ser um conceito, um modelo ou um método que represente uma solução a um problema encontrado, ou uma evolução do estado da arte de um objeto. A partir do trabalho de Peffers et al., (Peffers, 2007), a metodologia passou a ser largamente utilizada em diversas pesquisas tecnológicas, sendo

bem-sucedida aquando a criação e avalização de artefactos baseados em tecnologias da informação. Definida a temática de estudo, e enquadrando-se na área dos SI, foi escolhida esta metodologia pois permite guiar a pesquisa do sistema aplicacional, de forma a que este corresponda às necessidades do projeto, encaminhando o processo para o desenvolvimento de um artefacto que possibilite a resolução do problema exposto. A Figura 15 mostra a forma como está organizada a metodologia DSRM. Esta metodologia é um processo iterativo e está dividida em seis atividades. Segundo o autor (Peffers, 2007), a DSRM pode ser assim aplicada com base em seis fases que são executadas de acordo com as necessidades de cada projeto:

• Identificação: Consiste na definição do problema e da respetiva motivação para a proposta de solução. É nesta fase que se realizam as primeiras pesquisas de forma a caracterizar o problema, e para que o artefacto produzido seja no final uma solução viável e funcional.

• Definição: Possuindo o conhecimento acerca do problema, define-se os objetivos da solução a desenvolver. É importante salientar que o conhecimento do estado da arte nesta fase tem necessariamente de ser conhecido, sendo que devem ser avaliadas as possíveis soluções existentes e a sua viabilidade enquanto projeto verificada. • Desenvolvimento: Após a revisão do estado da arte, segue-se a fase de criação e

desenvolvimento do artefacto, onde já tendo definidas as suas funcionalidades e necessidades funcionais, se desenvolve de forma a tornar-se numa solução funcional. • Demonstração: Após a sua criação, o artefacto é aplicado em forma de teste de forma

a comprovar o seu funcionamento. Por norma, os exercícios são feitos dentro do âmbito do problema a resolver, por meio de simulações, estudos de caso ou utilização do mesmo de forma formal e objetiva, entre outros procedimentos. A metodologia de UCD é utilizada nesta fase para a realização dos testes, com múltiplas baterias de iterações.

• Avaliação: Nesta fase o objetivo é observar e medir a maneira como o artefacto atende à resolução do problema, comparando os resultados dessa avaliação com os objetivos previamente definidos. É nesta fase que acontece o retorno às fases 3 e 4, de forma a que os problemas encontrados possam ser revistos e modificados. • Comunicação: Momento final de apresentação do problema e consequentemente do

artefacto como proposta de solução para o mesmo. É Comunicado todo o trabalho desenvolvido para investigadores ou público relevante.

Fonte: Hevner et al., 2004

De acordo com a metodologia aplicada, existem quatro tipos distintos de abordagens iniciais possíveis, sendo que para a presente investigação a abordagem inicial escolhida foi centrada no problema, sendo este definido e demonstrada a sua pertinência de investigação. As quatro possíveis abordagens iniciais do DSRM são:

• Abordagem centrada no problema – a pesquisa e investigação começa com a caracterização do problema;

• Abordagem centrada no objetivo – existem inicialmente um conjunto de objetivos definidos;

• Abordagem centrada no design e desenvolvimento – existe inicialmente um artefacto que não foi formalmente analisado como proposta de solução;

• Abordagem centrada no cliente/contexto – recorre à observação e criação de uma solução prática que funcione de acordo com as necessidades.

Figura 16. Diagrama de estudo

O Diagrama de estudo representado na Figura 16 foi realizado através da incorporação da metodologia de DSRM, apresentando as etapas necessárias para o desenvolvimento da proposta de solução apresentada. A primeira fase centra-se na definição do problema e do início da revisão da literatura (1), assim como a definição dos objetivos e hipóteses de investigação (2). Na fase seguinte foi realizada a construção da proposta de solução (3), onde em simultâneo com a revisão da literatura foi realizada a ideação do design e a sua validação junto do utilizador. Por último a fase das conclusões e comunicação onde é apresentada a proposta e definido o trabalho futuro (4). As fases representadas no diagrama de estudo da Figura 16 fazem parte de um processo iterativo, tendo a capacidade de cooperar entre si até à apresentação da proposta final, facilitando todo o processo de desenvolvimento.