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DESPACHO DECISÓRIO Nº 078/2013

No documento Boletim do Exército (páginas 85-88)

JUSTIÇA E DISCIPLINA

DESPACHO DECISÓRIO Nº 078/2013

Em 9 de julho de 2013.

PROCESSO: PO nº 1303708/13-A2/GCEx EB: 64536.015432/2013-82

ASSUNTO: anulação de punição disciplinar

1º Sgt Cav (031769104-6) MARCELO LUIZ OLIVEIRA DA SILVA

1. Processo originário do Documento Interno do Exército (DIEx) nº 2.705-Asse Jur/Cmdo CMS, de 6 MAIO 13, do Comando Militar do Sul - CMS (Porto Alegre-RS), encaminhando requerimento, datado de 20 DEZ 12, em que o 1º Sgt Cav (031769104-6) MARCELO LUIZ OLIVEIRA DA SILVA, servindo no 6º Regimento de Cavalaria Blindado - 6º RCB (Alegrete-RS), solicita ao Comandante do Exército a anulação de uma punição disciplinar, prisão, que lhe foi aplicada, em 8 ABR 1998, pelo Comandante do Colégio Militar de Curitiba - CMC (Curitiba-PR), pelas razões que especifica.

2. Verifica-se, preliminarmente, que o Requerente:

a. alega, em síntese, que não lhe foi assegurado o direito aos princípios do contraditório e da ampla defesa, insculpidos no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988, quando da aplicação da sanção disciplinar em questão e que sequer foi instaurada uma sindicância para apurar os fatos objeto da sanção, o que poderia ser comprovado por meio da folha de alterações que anexou ao pedido;

b. aduz, por fim, que seu pleito tem por objetivo amenizar os prejuízos que a referida punição teria causado em sua carreira militar; e

c. para efeito de prova, o Requerente anexou ao processo: uma exposição de motivos; cópia da Folha de Alterações que publicou a punição em análise; cópia de sua Ficha Cadastro; extrato de artigos da Portaria nº 593, de 22 OUT 02, do Cmt Ex e da Constituição Federal de 1988.

3. No mérito:

a. consoante se verifica do disposto no inciso I do § 2º do art. 42 do RDE, a anulação de punição disciplinar, pelo Comandante do Exército, poderá ocorrer em qualquer tempo e em qualquer circunstância, razão pela qual o pleito em exame pode ser admitido e apreciado quanto ao mérito da matéria nele exposta;

b. inicialmente, convém esclarecer que não havia no RDE da época, nem há no atual, qualquer obrigatoriedade de se apurar transgressão disciplinar por intermédio de sindicância, ficando a critério da autoridade competente a definição da forma de apuração, bem como o julgamento da transgressão e a aplicação da sanção devida;

c. ademais, cumpre esclarecer que a punição disciplinar em questão foi aplicada sob a vigência do revogado Regulamento Disciplinar do Exército (RDE), aprovado com o Decreto nº 90.608, de 4 DEZ 1984, e que a formalização do procedimento de apuração de transgressão disciplinar, especialmente quanto ao direito ao contraditório e à ampla defesa, ocorreu por meio da Portaria nº 157, de 2 ABR 01, do Comandante do Exército, portanto, após a data de aplicação da punição em tela;

d. anota-se, por oportuno, sobretudo em relação às transgressões disciplinares apuradas antes da regulamentação dos procedimentos estabelecidos com a citada Portaria nº 157/2001, que a jurisprudência dos tribunais tem o firme entendimento no sentido de que, no ambiente castrense, tem-se por atendidos os princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, com o procedimento sumário em que fique comprovada a existência material do fato reputado como infração disciplinar, com explicações, ainda que orais, sem necessidade de maior rigor formal;

e. a inexistência de regulamentação daqueles procedimentos, anterior à edição da Portaria nº 157/2001, por si só, não faz presumir desobediência aos preceitos constitucionais, devendo tal fato ser amplamente demonstrado pela parte que o alega, por força do atributo da presunção de legitimidade de que goza o ato administrativo;

f. a alegação do Requerente de que não teria tido oportunidade de se defender das acusações pelas quais restou punido, não deve prosperar, pois, segundo se verifica, o Interessado não juntou aos autos do processo provas que realmente confirmem suas declarações, limitando-se, apenas, a fazer meras ilações sobre como eram conduzidos, à época, os processos administrativos disciplinares, não havendo como concluir, com segurança, que não tenha sido ouvido pela autoridade sancionadora;

g. da mesma forma, os documentos juntados aos autos pelo Interessado, em nada comprovam as alegações de que não lhe tenha sido assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa; ao contrário, consoante se verifica da nota de punição transcrita nas suas Folhas de Alterações do 1º semestre de 1998, o ato punitivo foi praticado por autoridade competente e revestido da forma apropriada, nos termos do RDE em vigor à época;

h. portanto, como já mencionado, em decorrência do atributo da presunção de legitimidade, os atos administrativos, até prova em contrário, presumem-se praticados em conformidade com as normas legais a eles aplicáveis e verdadeiros os fatos neles descritos pela Administração;

i. essa presunção de legitimidade acarreta a transferência do ônus probatório para o administrado, cabendo, então, ao interessado provar as alegações que fizer quanto à desconformidade do ato questionado com o direito e os princípios de justiça; não o fazendo, prevalece a validade e a eficácia do ato contestado;

j. consistindo a prova na demonstração material e cabal da existência ou veracidade daquilo que se alega como fundamento do direito defendido ou contestado, de simples afirmações, por si sós, não decorrem os efeitos pretendidos por quem as apresenta - no caso, a nulidade da sanção questionada; nesse sentido, aplica-se a máxima de que a simples alegação não faz direito;

k. a anulação de punição disciplinar só deverá ocorrer quando houver comprovação de ter havido injustiça ou ilegalidade na sua aplicação e, no caso em apreço, não há evidência de que tenham ocorrido;

l. salienta-se que o Interessado não apresentou justificativa plausível para não ter feito uso dos recursos disciplinares previstos no RDE então vigente, por meio dos quais poderia ter demonstrado a sua inconformidade com a sanção disciplinar aplicada e buscado a reversão da situação em momento mais oportuno, proximamente à ocorrência do fato, vindo a fazê-lo somente agora, quando o reflexo da punição tornou-se mais evidente em sua carreira militar; e

m. por fim, à luz do art. 41 da Lei nº 6.880, de 9 DEZ 1989 (Estatuto dos Militares), cabe ao militar a responsabilidade integral pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que praticar.

4. Conclusão

Dessa forma, à vista dos documentos constantes do processo, dos fatos apresentados e da legislação que rege a matéria, não restou comprovado, concretamente, ter havido injustiça ou ilegalidade na aplicação da sanção disciplinar em apreço, pelo que dou o seguinte

D E S P A C H O

a. INDEFERIDO. O pedido não atende a nenhum dos pressupostos exigidos pelo art. 42,

§ 1º, do Regulamento Disciplinar do Exército, aprovado com o Decreto nº 4.346, de 26 de agosto de 2002. b. Publique-se o presente despacho em Boletim do Exército, informe-se ao Departamento-Geral do Pessoal, ao Comando Militar do Sul e à Organização Militar do interessado, para as providências decorrentes.

c. Arquive-se o processo neste Gabinete.

No documento Boletim do Exército (páginas 85-88)