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JUSTIÇA E DISCIPLINA

DESPACHO DECISÓRIO Nº 066/2013.

Em 21 de junho de 2013.

PROCESSO: PO nº 1303661/13-A2/GCEx EB: 64536.014085/2013-71

ASSUNTO: pedido de reconsideração de ato administrativo de movimentação 1º Sgt Cav (097037943-4) WALMIR CANTERO

1. Processo originário do DIEx nº 38-CONT/DIR/DCEM, de 10 MAIO 13, do Departamento-Geral do Pessoal - DGP (Brasília-DF), encaminhando requerimento datado de 5 DEZ 12, por meio do qual o 1º Sgt Cav (097037943-4) WALMIR CANTERO solicita, em grau de recurso, a reconsideração do ato administrativo que o movimentou do 5º Regimento de Cavalaria Mecanizado - 5º R C Mec (Quaraí-RS), para o 5º Regimento de Carros de Combate - 5º RCC (Rio Negro-PR), pelas razões que especifica.

2. Verifica-se, preliminarmente, que o Recorrente:

a. foi movimentado com base no Plano de Movimentação de Guarnição Especial/2012, do 5º R C Mec (Quaraí-RS), para o 5º RCC (Rio Negro-PR), sendo atendido na sua 7ª prioridade em 12 opções cadastradas no Sistema Único de Controle de Efetivos e Movimentações (SUCEM);

b. por intermédio de requerimento datado de 29 AGO 12, solicitou ao Sr Chefe do DGP a reconsideração do ato de movimentação em exame, a fim de alterar sua transferência para a guarnição (Gu) de Ponta Porã-MS ou para a de Dourados-MS;

c. por não ter sido possível conciliar o interesse do serviço com o pleito do militar, a citada autoridade indeferiu o pedido, conforme o publicado no Adt DCEM 5D ao Bol DGP nº 094, de 28 NOV 12;

d. inconformado, encaminhou o presente pleito ao Comandante do Exército, com o mesmo objetivo do pedido anteriormente submetido à apreciação do Sr Chefe do DGP, ou seja, alterar sua movimentação para as Gu de Ponta Porã-MS ou de Dourados-MS;

e. alega, em síntese, que seu dependente (filho), ainda menor de idade, cursa faculdade na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) - Campus de Ponta Porã-MS, tendo sido agraciado com bolsa no Programa Institucional de Nivelamento daquela universidade e, por isso, entende que torna- se inviável pleitear transferência de matrícula para instituição de ensino superior (IES) localizada em Curitiba-PR ou em outro município próximo à guarnição de Rio Negro-PR;

f. aduz que efetuou seu cadastramento para servir em Localidade Especial Categoria “A”, tendo feito opção única para a Gu de Ponta Porã-MS, ao se inscrever no Plano de Saída de Guarnição Especial/2012, priorizando, assim, transferência para o Comando Militar do Oeste;

g. anota que seus sogros, residentes em Amambaí-MS, são seus dependentes financeiros, estão idosos, com problemas de saúde e necessitam de assistência familiar, o que tem ocasionado constantes afastamentos de sua esposa para assisti-los;

h. argumenta que a sua movimentação para as guarnições de Dourados-MS ou de Ponta Porã-MS, dada a proximidade com Amambaí-MS, permitiria à prestação de uma melhor assistência aos sogros, sem que se privasse da convivência da esposa e dos filhos; e

g. por fim, infere que possivelmente existam claros nas guarnições pleiteadas, pois, segundo tem acompanhado, militares foram movimentados dessas sedes.

3. No mérito:

a. inicialmente, cumpre ressaltar que a decisão ora recorrida foi publicada no Aditamento da Diretoria de Controle de Efetivos e Movimentações (DCEM) 5D ao Boletim do DGP nº 094, de 28 NOV 12, razão pela qual o presente recurso revela-se tempestivo à luz da legislação pertinente, podendo ser admitido e apreciado quanto ao mérito da matéria nele exposta;

b. todos aqueles que ingressam no serviço militar têm ciência das peculiaridades afetas à

carreira - que submetem o profissional a exigências não impostas aos demais segmentos da sociedade -

conforme estatuído na Lei nº 6.880, de 9 DEZ 1980 (Estatuto dos Militares), em decorrência da destinação constitucional das Forças Armadas, ínsita no art. 142 da Constituição Federal;

c. consoante o Regulamento de Movimentação para Oficiais e Praças do Exército (R-50), aprovado com o Decreto nº 2.040, de 21 OUT 1996, a movimentação indica a “denominação genérica do ato administrativo realizado para atender às necessidades do serviço, com vista a assegurar a presença

do efetivo necessário à eficiência operacional e administrativa das OM”; com efeito, as Instruções Gerais para Movimentação de Oficiais e Praças do Exército (IG 10-02), aprovadas com a Portaria nº 325, de 6 JUL 00, do Comandante do Exército, dispõem que o processo de movimentação pode ser ex officio ou ser iniciado a partir de requerimento ou proposta;

d. salienta-se, ainda, que a natureza e as especificidades da profissão militar impõem aos integrantes das Forças Armadas, para o bom cumprimento da missão constitucional que lhes é afeta, sujeição a movimentações, voluntários ou não, para qualquer parte do País e até para o exterior; tal previsão consta no art. 2º do R-50, que disciplina, ainda, a possibilidade de serem atendidos interesses individuais, quando for possível conciliá-los com as exigências do serviço;

e. as movimentações visam, prioritariamente, ao preenchimento de cargos previstos no Quadro de Cargos Previstos (QCP), que estabelece todas as especificidades exigidas para o desempenho do cargo, no intuito de assegurar a existência do efetivo necessário à eficiência administrativa e operacional das Organizações Militares, no contexto do cumprimento de uma Política de Pessoal determinada pelo Comandante da Força Terrestre;

f. nesse sentido, cabe à Administração Militar realizar a movimentação de pessoal, atendendo as necessidades e pautada na prevalência do interesse público sobre o privado, sob os critérios de conveniência e oportunidade, examinados no momento do ato de movimentação;

g. no caso em tela, verifica-se que o Recorrente serviu no 5º R C Mec (Quaraí-RS) por 2 (dois) anos consecutivos, sendo movimentado, por necessidade do serviço, para o 5º RCC (Rio Negro- PR), com base no Plano de Movimentação de Guarnição Especial/2012;

h. registre-se que, para transferir o peticionário, ex officio, o Órgão Movimentador buscou atender os requisitos de habilitação militar para o exercício do cargo, o efetivo previsto para a OM e o interesse do serviço;

i. a guarnição de destino constou como a sua 7ª prioridade em 12 opções cadastradas no SUCEM, sendo a transferência realizada para atender a necessidade do serviço, qual seja, o preenchimento de claro de 1º sargento de cavalaria no 5º RCC (Rio Negro-PR);

j. o Recorrente pleiteia a alteração de sua movimentação para as mesmas guarnições constantes de seu pedido de reconsideração de ato dirigido ao Sr Chefe do DGP (Ponta Porã-MS ou Dourados-MS), o qual foi analisado e indeferido por aquele de órgão de gestão de pessoal da Força Terrestre;

k. quanto à movimentação para a Gu de Ponta Porã-MS, guarnição classificada como Localidade Especial Categoria “A”, apesar de não existir impedimento para o militar que estiver saindo de Guarnição Especial se inscrever no Plano de Movimentação para Localidade Especial Categoria “A”, o Recorrente não pôde ser atendido em seu pleito pelo fato de ter servido naquela sede por cerca de cinco anos, no período de 19 JAN 06 a 13 DEZ 10, antes de ser movimentado para Quaraí-RS;

l. verifica-se, assim, que, no ano de 2012, o Recorrente se inscreveu no Plano de Movimentação de Guarnição Especial, apresentando a sede de Dourados-MS como a sua 1ª prioridade, sendo que, naquele processo, todos os inscritos foram ordenados de acordo com o tempo passado na sede de origem e com o seu desempenho profissional, consoante determina o art. 3º, § 3º, das Instruções Reguladores para Aplicação das IG 10-02, Movimentação de Oficiais e Praças do Exército (EB 30-IR- 40.001), aprovadas com a Portaria nº 47-DGP, de 30 MAR 12, do Departamento-Geral do Pessoal, e, com base nesses critérios, somente foi possível atendê-lo na 7ª prioridade das 12 opção cadastrada no SUCEM: a Gu de Rio Negro-PR;

m. anota-se que, segundo o estudo apresentado pelo Órgão Movimentador (DCEM), não existe claro compatível com a graduação e a Qualificação Militar Singular (QMS) do Recorrente na guarnição de Dourados-MS, porquanto existem 4 (quatro) 1º sargentos da QMS de Cavalaria, na condição de excedentes, naquela sede, aguardando abertura de claro;

n. ante ao exposto, em que pesem os relevantes argumentos de ordem educacional, familiar e social apresentados pelo Interessado, o pleito não se coaduna com a legislação vigente ou mesmo com o interesse do serviço;

o. salienta-se que, na questão em exame, a Autoridade Administrativa Militar atentou para os princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade, razoabilidade, publicidade e eficiência, consoante o art. 37, caput, da Constituição Federal de 1988, de observância permanente e obrigatória para o Administrador Público; e

p. por fim, não se configurando nenhuma das hipóteses estabelecidas na legislação pertinente que enseje a anulação ou a retificação do ato de movimentação do militar em tela, deverá prevalecer o interesse do serviço sobre os interesses individuais do administrado, o que orienta no sentido de manter o ato de transferência do Recorrente.

4. Conclusão:

Dessa forma, à vista dos elementos constantes do processo, conclui-se que o ato administrativo que envolveu a movimentação do Interessado para o 5º RCC (Rio Negro-PR) foi praticado em conformidade com os preceitos legais e regulamentares pertinentes, não incidindo em nenhuma das situações autorizadoras da anulação ou retificação de movimentação, previstas no art. 10 das IG 10-02, pelo que dou o seguinte

D E S P A C H O

a. INDEFERIDO. Mantenho a o ato administrativo de movimentação do militar em questão, publicado no Aditamento da Diretoria de Controle de Efetivos e Movimentações (DCEM) 3F ao Boletim do DGP nº 067, de 22 AGO 12, em face das razões de fato e de direito acima expendidas.

b. Publique-se o presente despacho em Boletim do Exército e informe-se ao Departamento- Geral do Pessoal, ao Comando Militar do Sul e ao 5º RCC, para as providências decorrentes.

c. Arquive-se o processo neste Gabinete.