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Despertar de sonhos e sentimentos

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TURISMO DE EXPERIÊNCIA

5 Despertar de sonhos e sentimentos

Prover as precisões dos turistas, e assim desenvolver os sonhos, empregando primeiramente valores mentais, emocionais e imateriais.

Fonte: Elaborado com base em Soares (2009).

Oh, Fiore e Jeoung (2007), baseam-se nos pensamentos de Pine II e Gilmore (1999), para desenvolverem uma teoria que visa quantificar a experiência memorável turística. Os autores adicionaram quatro (4) variáveis às dimensões descritas por Pine II e Gilmore com o desígnio de mensurar de maneira mais abarcante a experiência memorável no âmbito do turismo. O modelo expõe as quatro dimensões alvitradas por Pine II e Gilmore (1999) (entretenimento, educação, escapismo e estética) e mais (4) quatro adicionadas por Oh et al. (2007) (excitação, memória, qualidade global e satisfação).

Oh et al. (2007) buscaram desenvolver uma teoria que abarca as quatro dimensões de Pine II e Gilmore dentro do contexto turístico, adaptando cada uma à realidade do turismo de experiência, como apresenta a figura a seguir:

Pine II e Gilmore (1999)

+

Oh, Fiore e Jeong (2007) Entretenimento

Esta variável estabelece que as ofertas turísticas enlacem e prendam a atenção dos visitantes.

Excitação

Educação

Procuravam entender se o visitante possuía experiência, aprendizagem, curiosidade e evolução nas

habilidades.

Memória

Escapismo

Procuraram compreender se o visitante saiu do cotidiano e se sentiu diferente, esquivando-se da realidade

Qualidade Global

Estética

Procuravam compreender a harmonia, minúcias do design e do deleite aos sentidos

Satisfação Figura 2 - Modelo teórico

Fonte: Oh et al. (2007).

Dentre as novas dimensões de Oh et al. (2007) destaca-se a memória, considerada uma variante relevante considerada uma síntese da experiência, a forma de “lembrar como sentimos a experiência” (Kahneman,1997)

Estudos empíricos relacionados ao turismo de experiência

Vários estudos sobre o turismo de experiência têm sido feitos sob a ótica da economia da experiência, particularmente tal como concebida por (Pine II & Gilmore, 1999; Bizinelli, Manosso, Gândara & Valduga, 2013; Nunes & Oliveira, 2013; Horodyski, Manosso & Gândara, 2013; Pinto et al., 2014; Pulido-Fernández & Navarro, 2014; Correa, 2015; Pazini, Manosso, Bizinelli & Gândara, 2014).

Bizinelli et al. (2013) estudaram o turismo cervejeiro no Brasil, com destaque para a cidade de Curitiba (PR, Brasil) como destino de referência. O objetivo do estudo foi avaliar estabelecimentos especializados na oferta de cervejas especiais e artesanais nos aspectos da experiência proporcionada e da reputação online do estabelecimento. Doze (12) casas especializadas na negociação de cervejas especiais e artesanais, consideradas rotas do turismo cervejeiro em Curitiba, foram avaliadas. Os dados (qualitativos) analisados foram relatos sobre os aspectos mencionados, recuperados de blogs sobre cervejaria e postagens em mídias sociais referentes à conjuntura cervejeira curitibana. Os relatos nos blogs e nas postagens de consumidores foram comparados e classificados segundo os “reinos experienciais” de Pine II e Gilmore (1999).

Relatos positivos obtidos em ambos os canais puderam ser classificados nos quatro quadrantes experienciais, com destaque para os relatos sobre a qualidade dos produtos e serviços ofertados no quadrante escapista, e sobre a importância dos blogs como ferramentas de busca de informações no quadrante estética. Aspectos classificáveis no quadrante educacional apareceram menos nas mídias sociais que nos blogs. Adicionalmente, os pesquisadores observaram relatos positivos quanto ao caráter informativo dos blogs como canais de apresentação de novidades, tais como meios de vendas online (e-commerce) e parcerias com hotéis.

Nunes e Oliveira (2013) buscaram abarcar a analogia entre o lucro e a experiência da fé na composição de pacotes turísticos com destino ao Circuito Turístico Religioso do Vale do Paraíba, que engloba as cidades de Aparecida do Norte, Guaratinguetá, Cachoeira Paulista, Lorena e Canas, todas do interior do estado de São Paulo (SP, Brasil), e que, juntas, recebem 10 milhões de visitantes anualmente. Especificamente, os autores buscaram verificar se as empresas operadoras do turismo na região, quando da formatação dos pacotes turísticos ofertados e promoção das viagens para o circuito da fé, levavam em consideração (como diferencial) a experiência que turistas religiosos desejavam obter nos destinos do circuito. Dados (quantitativos e qualitativos) foram coletados com 100 consumidores-turistas religiosos e seis (6) operadoras de turismo atuantes na região, tendo sido analisadas as escolhas por categorias de hotéis e pousadas, a preparação espiritual feita para a viagem, o tempo dedicado ao lazer, a ocorrência de períodos solitários e em grupo, o intercâmbio com a comunidade local, e a temporada para visita aos locais sagrados. Os resultados mostraram que certo número de operadoras já busca explorar os anseios, as expectativas e a fé dos consumidores-turistas de que a vivência de experiências significativas se concretize. Contudo, Nunes e Oliveira (2013) consideraram que a exploração da experiência está em fase de transição, pois a maior parte das agências organizam seus pacotes com base nos aspectos tradicionais e inflexíveis dos pacotes que, por sua vez, terminam sendo os objetos mercadológicos para os quais mais atentam os turistas religiosos.

Pezzi (2013) conduziu uma pesquisa que visava abranger as experiências que tornaram a visita de turistas que estiveram em Gramado nos anos de 2010 e 2011 memorável. 0 estudo se dividiu em dois momentos, sendo o primeiro

momento quantitativo, onde se coletou informações por meio de questionário com uma amostra selecionada previamente, com o objetivo de verificar “quais apresentariam maior probabilidade de terem vivenciado uma experiência extraordinária na viagem”. O segundo momento do estudo foi qualitativo, por meio de entrevista, visando levantar informações que ancorasse a análise do conteúdo dos relatos dos visitantes que mais intuíram a experiência turística como memorável.

O instrumento utilizado na pesquisa foi baseado nas (4) quatro dimensões de Pine II e Gilmore (1999) (educação, estética, entretenimento e escapismo) e a variável memória apresentada por Oh et al. (2007). O instrumento desenvolvido teve como objetivo analisar o perfil e as percepções dos turistas de São Paulo que visitaram a cidade de Gramado e assim diferenciar as experiências ordinárias de experiências extraordinárias. Ao analisar a repetição de determinados termos e o sentido do discurso dos participantes da pesquisa, o autor levantou mais três dimensões, a saber: hospitalidade, segurança, experiência, como apresentado no quadro a seguir.

Quadro 8 - Dimensões do modelo teórico

Propostas

Dimensões Subcategorias

Entretenimento Atrativos Diversos Gastronomia Educação

Escapismo

Estética Criados Herdados

Emergentes

Hospitalidade Acolhimento Comportamental Segurança

Experiência Inédita

Fonte: Utilizado na pesquisa de Pezzi (2013).

Os resultados apontaram que Gramado é um destino turístico com capacidade de criar momentos extraordinários. Embora o estudo trata-se de uma análise subjetiva, percebe-se por meio da pesquisa que os turistas levantaram vários aspectos inerentes de uma experiência memorável.

Horodyski et al. (2013) investigaram a importância dos souvenirs para o turismo, sendo os objetos assim caracterizados considerados componentes significativos para a promoção da tangibilidade da experiência turística. Entende-

se que o souvenir comprado pelo consumidor-turista é rico em significado e representa as experiências por ele vivenciadas. Com o uso de entrevistas narrativas em profundidade, numa perspectiva fenomenológica, os autores obtiveram relatos significativos sobre a relevância do consumo de souvenirs na experiência e o que estes representavam para os consumidores. Horodyski et al. (2013) apontaram, também, para o poder das entrevistas narrativas para que se possa entender os sentimentos e a percepção experiencial de consumidores- turistas, o que, segundo os autores, não seria possível de ser feito com instrumentos fechados como questionários e escalas, visto não permitirem o aprofundamento das análises.

Pulido-Fernández e Hermoso (2014) atacaram a importante questão metodológica da medida da experiência em consumo turístico. Os autores argumentaram sobre a importância das empresas turísticas voltarem suas estratégias para a geração de experiências reais, únicas, diferentes e memoráveis. Contudo, salientaram que, apesar da existência de estudos que muito têm contribuído para o conhecimento e crescimento do turismo de experiência, o processo de medir experiências ainda é algo inerme na literatura. Assim, o estudo visou identificar componentes que, através de conjuntos de indicadores, pudessem ser úteis a esforços de mensuração de experiências de consumidores-turistas em localidades turísticas.

Na identificação dos indicadores a ser mensurados, Pulido-Fernández e Hermoso (2014) utilizaram inicialmente pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo com um grupo de especialistas em turismo. Na sequência, análise Delphi foi utilizada, análise esta que consiste em um método de avaliação da probabilidade e o do impacto de eventos futuros e incertos. Basicamente, um grupo de peritos é consultado para auxiliar na identificação de hipóteses e premissas (no caso, sobre os indicadores), apresentam individualmente suas opiniões para um facilitador, que avalia e sintetiza as informações. Pulido- Fernández e Hermoso (2014) trabalharam com 31 especialistas na primeira rodada, 26 na segunda e 20 na terceira e última rodada. O Quadro 9 abaixo relata que, segundo o estudo, os diferentes indicadores devem ser considerados com vistas à mensuração da experiência turística de consumidores-turistas no processo de consumo turístico no destino.

Quadro 9 - Indicadores da experiência turística em destinos turísticos

SINGULARIDADE;

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