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6 ANÁLISE E RESULTADOS

6.2 Despesa Previdenciária

6.2.1 Análise da Evolução da Despesa – 2003 a 2011

A partir da análise da evolução da despesa total no período de 2003 a 2011 (Anexo IV), incluindo os benefícios de pensões, verifica-se trajetória de crescimento da despesa previdenciária em todos os anos analisados, com aumento de despesas na ordem de 80% em 2011 com relação ao ano de 2003 (Gráfico 21).

Gráfico 21 – Evolução da despesa previdenciária (com pensões) 2003-2011

Fonte: AEPS Infologo.

Desdobrando a análise da evolução da despesa por grupos de idade, observa-se que somente no grupo de 45 a 49 anos houve queda da despesa no período de 2003 a

2011. Nos demais grupos de idade, a despesa apresentou forte trajetória de crescimento, com destaque para as despesas na faixa até 19 anos e acima de 60 anos de idade (Gráfico 22).

Gráfico 22 – Evolução da despesa previdenciária por grupos de idade 2003-2011

Fonte: AEPS Infologo.

Em que pese a tendência de crescimento da despesa previdenciária em todos os anos analisados, quando se compara a participação de cada grupo de idade na

evolução da despesa previdenciária em 2011 com relação a 2003, verifica-se que

houve queda da participação da despesa nas faixas de 25 a 59 anos de idade e aumento da participação nos demais grupos de idade, bem como no caso das despesas com pensões (Gráfico 23).

Gráfico 23 – Evolução da despesa previdenciária por grupos de idade no período de 2003 a 2011

Uma explicação para a queda da participação da despesa nas faixas de 25 a 59 anos de idade pode ser a introdução, pela Lei 9.876/1999, do fator previdenciário, correlacionando, entre suas variáveis, o tempo de contribuição e a idade de aposentadoria, visando promover o equilíbrio entre as receitas e as despesas do RGPS.

Na prática, segundo Lima et al (2012), o fator previdenciário representa uma espécie de “pedágio” que reduz o benefício do segurado que antecipa seu pedido de aposentadoria, e a expectativa com sua introdução era desestimular as aposentadorias precoces.

De fato, a análise efetuada pelos pesquisadores mostrou que implantação do fator previdenciário abrandou a tendência de crescimento das despesas com benefícios de aposentadorias por tempo de contribuição (ATC), mas, como esses benefícios representam apenas uma parte do volume de despesas previdenciárias pagas pelo RGPS, esse abrandamento não foi capaz de modificar a tendência de crescimento da despesa previdenciária (LIMA et al, 2012).

A tendência de crescimento da despesa previdenciária também é observada

quando se agregam os valores pagos na faixa acima de 60 anos de idade (menos

pensões), a partir da base de dados do MPS (Tabela 22), quase dobrando os valores pagos em 2011 com relação ao ano de 2003.

Tabela 22 - Fluxos da despesa previdenciária acima de 60 anos (menos pensões) segundo dados do MPS 2003-2011

Ano Nº Beneficiários acima de 60 anos Benef Médio Anual (R$) Despesa RGPS acima 60 anos (R$) 2003 10.526.480 7.585,33 79.846.862.697,06 2004 11.184.357 7.704,17 86.166.151.031,52 2005 11.652.478 8.133,36 94.773.800.592,40 2006 12.165.960 8.763,99 106.622.328.993,16 2007 12.674.963 8.952,71 113.475.290.448,87 2008 13.288.644 9.029,34 119.987.664.675,68 2009 13.890.631 9.508,85 132.083.990.126,83 2010 14.495.960 10.299,97 149.308.002.116,30 2011 15.045.858 10.419,47 156.769.851.225,88 Fonte: AEPS Infologo.

Ao projetar a mesma análise para o conjunto da população brasileira em inatividade acima de 60 anos de idade, a partir da base de dados do IBGE, com a manutenção dos valores médios pagos pelo RGPS, verifica-se que o crescimento da despesa previdenciária seria um pouco menor, em torno de 80% em 2011 comparativamente a 2003 (Tabela 23). Ou seja, a margem de crescimento da despesa se manteria, ainda que em menor proporção, caso houvesse uma política de maior inclusão previdenciária.

Tabela 23 - Fluxos da despesa previdenciária estimada para a população acima de 60 anos de idade a partir de dados do IBGE 2003-2011

Ano População IBGE acima de 60 anos Benef Médio Anual (R$) Despesa acima de 60 anos (R$) 2003 15.299.357 7.585,33 116.050.671.632,81 2004 15.780.328 7.704,17 121.574.329.567,76 2005 16.286.717 8.133,36 132.465.732.579,12 2006 16.822.276 8.763,99 147.430.258.641,24 2007 17.387.664 8.952,71 155.666.713.369,44 2008 17.984.922 9.029,34 162.391.975.611,48 2009 18.615.742 9.508,85 177.014.298.316,70 2010 19.282.049 10.299,97 198.604.526.238,53 2011 19.986.116 10.419,47 208.244.736.078,52 Fonte: AEPS Infologo e IBGE (2008)

Com relação ao valor médio anual do benefício ativo pago pelo RGPS, a análise efetuada mostra que os valores foram crescentes em todos os anos analisados, com aumento real de quase 40% nos valores pagos no ano de 2011 comparativamente ao ano de 2003 (Gráfico 24).

Gráfico 24 – Evolução do valor médio do benefício ativo do RGPS no período de 2003 a 2011

Fonte: AEPS Infologo.

Registra-se que parte do crescimento do valor médio da despesa previdenciária observado no período pode ser explicada pela indexação do piso previdenciário ao salário mínimo, estabelecida pela Lei n◦ 8.542/1992, com efeitos a partir do ano de 1993.

Na visão de Giambiagi et al (2007), o valor das aposentadorias deveria ser indexado a um índice de preços, inclusive o piso previdenciário, para eliminar a pressão estrutural pelo fato de que dois em cada três aposentados vêm tendo ganhos reais expressivos, o que eliminaria a fonte de crescimento da despesa que se superpõe com o aumento físico do número de benefícios.

Pelo cenário apresentado, há evidências que o crescimento da despesa previdenciária total no período de 2003 a 2011, observado em todos os anos analisados,

esteja relacionado tanto com o aumento do número de benefícios pagos (menos na faixa de 45 a 49 anos de idade) quanto com relação ao ganho real desses benefícios.

Quanto ao perfil etário dos beneficiários, a análise da despesa previdenciária do ano de 2011 comparativamente ao ano de 2003 mostra a tendência de aumento da despesa previdenciária na faixa até 19 anos e dos grupos de idade mais velhos, quase dobrando na faixa acima de 60 anos de idade.

Com relação ao conjunto da população inativa acima de 60 anos de idade, verifica-se que tanto a partir da base de dados do MPS como da base de dados do IBGE, a despesa previdenciária no período mais que dobrou, ratificando que a tendência de crescimento da despesa também se confirmaria caso houvesse uma política de maior inclusão previdenciária para essa faixa de idade.

6.2.2 Análise da Evolução da Despesa – 2012 a 2030

No primeiro cenário da projeção da despesa previdenciária para o período

de 2012 a 2030, a partir da razão demográfica (Anexo V), observa-se a tendência de

crescimento da despesa previdenciária em todos os anos, com aumento de 75% em 2030 comparativamente a 2012, muito próximo do crescimento da despesa previdenciária observado no período de 2003 a 2011 (Gráfico 25).

Gráfico 25 – Evolução da despesa previdenciária 2012-2030 (Cenário 1 – razão demográfica)

Fonte: AEPS Infologo.

Quando se analisa, neste primeiro cenário, a participação de cada grupo de idade no ano de 2030 comparativamente ao ano de 2012, verifica-se a tendência de queda do número de benefícios ativos na faixa até 29 anos, e aumento significativo das despesas com benefícios ativos a partir de 65 anos de idade (Gráfico 26).

Gráfico 26 – Participação dos grupos de idade na despesa previdenciária 2012-2030 (Cenário 1 – razão demográfica)

Fonte: AEPS Infologo.

Ao efetuar a análise do segundo cenário da projeção da despesa para o

período de 2012 a 2030 a partir da razão demográfica e do reajuste ponderado

(Anexo VI), o cenário apresentado é ainda mais preocupante, quase triplicando os valores a serem pagos, mantendo a prevalência de aumento da despesa nos grupos de idade mais velhos (Tabela 24).

Tabela 24 – Evolução da despesa previdenciária a partir da razão demográfica e do reajuste ponderado para o período de 2012 a 2030

Grupos de Idade Expectativa de Despesa em 2012 (R$) Expectativa de Despesa em 2030 (R$) Variação 2012-2030 Até 19 Anos 4.077.593.813,21 5.348.009.526,13 1,3116 20 a 24 Anos 1.804.381.552,85 2.627.684.622,21 1,4563 25 a 29 Anos 2.554.479.408,48 3.918.406.098,80 1,5339 30 a 34 Anos 3.496.542.122,59 5.667.656.013,80 1,6209 35 a 39 Anos 4.499.530.949,51 8.019.504.510,52 1,7823 40 a 44 Anos 6.030.246.756,23 12.029.699.388,06 1,9949 45 a 49 Anos 9.618.079.500,41 20.473.522.464,01 2,1286 50 a 54 Anos 19.299.140.043,47 41.382.647.779,39 2,1443 55 a 59 Anos 35.662.180.744,09 84.438.807.152,79 2,3677 60 a 64 Anos 45.296.446.336,74 127.615.892.465,91 2,8173 65 a 69 Anos 43.643.044.782,56 145.037.596.419,49 3,3233 70 Anos e Mais 78.174.838.520,86 254.379.010.672,89 3,2540 Subtotal 253.926.504.484,87 716.056.981.884,33 2,8199 Pensões 75.805.447.768,45 213.766.657.598,76 2,8199 Total 329.731.952.253,32 929.823.639.483,09 2,8199

Quando é feita a análise da evolução da despesa previdenciária no período de 2003 a 2030 a partir da razão demográfica (Cenário 1), verifica-se que o valor da despesa manterá trajetória de crescimento com o passar dos anos (Gráfico 27).

Gráfico 27 – Cenário 1: evolução da despesa a partir da razão demográfica de 2003 a 2030

Fonte: manipulação de dados a partir do AEPS Infologo e IBGE (2008)

Ao analisar a evolução da despesa previdenciária no período de 2003 a 2030 no Cenário 2 – a partir da razão demográfica e considerando o reajuste dos benefícios e o crescimento vegetativo do valor da despesa, verifica-se que a trajetória de crescimento da despesa será ainda mais acentuada (Gráfico 28).

Gráfico 28 – Cenário 2: evolução da despesa a partir da razão demográfica e do reajuste ponderado de 2003 a 2030

Fonte: manipulação de dados a partir do AEPS Infologo e IBGE (2008)

Portanto, independentemente do cenário projetado, e a exemplo do observado no período de 2003 a 2011, a despesa previdenciária apresenta trajetória de crescimento acentuado com o passar dos anos, mais que quintuplicando seus valores no cenário 2. Também, com relação à despesa, observa-se a modificação no perfil etário dos beneficiários, sinalizando que haverá crescimento do número de benefícios, e, consequentemente, das despesas previdenciárias, dos grupos de idade mais velhos.