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2.1 Problema da Gestão de Resíduos Sólidos

2.1.2 Destinação adequada: reciclagem

Como discutido previamente, o problema do excesso de resíduos gerados é com- provado diariamente nos centros urbanos, devendo-se criar mecanismos para solucioná-lo. Segundo Moura [2011], existem algumas soluções melhores e outras piores do ponto de vista dos impactos ambientais. É consenso entre muitos autores, que a prevenção seria a melhor solução. Com uma redução no consumo haveria menos impactos e uma diminuição de gastos com programas de tratamento e destinação [MOURA, 2011; BARBIERI, 2011].

Segundo a PNRS, no Artigo 3o, a destinação ambientalmente adequada é:

VII - destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos

ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos;

Nessa Lei ainda é colocado como objetivo no Artigo 7o a "não geração, redução,

reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos". Esses objetivos também são conhecidos como 4Rs (Redução, Reutilização, Reciclagem e Recuperação de energia), e ainda podem ser transformados em 8Rs, como no caso do Instituto Akatu4 que acrescentou o Refletir, Respeitar e Reparar e Repassar.

Em busca do desenvolvimento sustentável, há publicações que mostram os resíduos sólidos urbanos como uma potencial fonte de energia alternativa e um mecanismo de preservação dos recursos naturais (matéria-prima) [LINO; ISMAIL, 2011; BOVEA et al., 2010]. Esses resíduos, resultantes das atividades humanas, são nocivos ao meio ambiente devido ao descarte e tratamento inadequado, porém, podem ter sua característica negativa revertida e retornarem à cadeia produtiva. Para tanto, são usadas técnicas de compostagem (aproveitando os resíduos sólidos orgânicos na produção de fertilizantes naturais), sistemas de reciclagem (retornos dos materiais descartados como papel, plástico e vidro na cadeia produtiva) e produção de biogás a partir de dejetos de alto teor energético [PIRES; MARTINHO; CHANG, 2011a].

Segundo a PNRS Brasil [2010b], "a reciclagem é um processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos". Os resíduos pós consumo coletados podem ser reprocessados tornando-se novamente matéria prima ou insumos de novos produtos. Esse processo de reciclagem prolonga a vida de bens ambientais esgotáveis, aumenta o tempo de vida dos aterros e permite a criação de empregos para pessoas com pouca qualificação profissional [MOURA, 2011].

De acordo com a PNSB, os programas de reciclagem e coleta seletiva iniciaram- se no Brasil da década de 1980, como estímulo à reciclagem e diminuição dos resíduos gerados. Identificou-se em 1989 a existência de 58 programas de coleta seletiva. De 2000 à 2008 houve um crescimento no número de municípios com programas de coleta seletiva, conforme pode ser observado na tabela da Figura 8, passando de 451 para 994, mas ainda representando apenas 17,86% do total de 5562 municípios [IBGE, 2010a]. A abrangência dos programas de coleta seletiva em alguns municípios não se referem a área total urbana, e sim a algumas regiões urbanas ou a pontos de entrega voluntárias de recicláveis.

Na Figura 9, observa-se que do total de 5562 municípios brasileiros com manejo de resíduos sólidos 684 tem cooperativas ou associações de catadores, havendo uma maior concentração nas Regiões Sul e Sudeste, com 236 e 272 respectivamente.

4 Instituto Akatu <http://www.akatu.org.br/Temas/Consumo-Consciente/Posts/

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Figura 8 – Coleta seletiva no Brasil em 2008 [IBGE, 2010a]

Figura 9 – Cenário das cooperativas existentes em 2008 [IBGE, 2010a]

Os índices de reciclagem variam de acordo com o tipo de resíduo. Por exemplo, em 2012, segundo a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), o índice da reciclagem de latas de alumínio chegou a 97,9%5. Em 2011, obteve o índice recorde de 98,3%, reciclando

248,7 mil toneladas de latas de alumínio [ABAL, 2012].

A reciclagem do papel e do plástico Poli(Tereftalato de Etileno) (PET) são bem menores comparados ao do alumínio, mas ainda expressivos. No caso do papel em 2011, foram 45,5% segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA)6. Quanto ao plástico PET, a Associação Brasileira de Indústria de PET (ABIPET) informou que em 2012 a reciclagem chegou a 58,9% (cerca de 331 mil toneladas) [ABIPET, 2012]. Segundo a BRACELPA, o aumento da reciclagem é devido às campanhas de incentivo ao descarte adequado e esclarecimento da população sobre a preservação do meio ambiente e que eles poderiam ser maiores com políticas públicas de incentivo, maior organização das cooperativas e novas atitudes do consumidor.

Na pesquisa de Lazarevic et al. [2010], são feitas comparações entre as formas de destinação (reciclagem, incineração e aterros sanitários) do plástico pós consumo na Europa e relatados seus impactos ambientais. A reciclagem se mostrou ambientalmente a

5 ABAL- Estatística da reciclagem no Brasil <http://www.abal.org.br/estatisticas/nacionais/reciclagem/

latas-de-aluminio/>

melhor opção de tratamento em comparação com a incineração.

Há publicações que relatam a reciclagem como uma opção de destinação adequada dos resíduos e importante meio de apoio dentro da gestão dos resíduos sólidos [DENG et al., 2011; TAO; XIANG, 2010; TAI et al., 2011; MI; LIU; ZHOU, 2010; MALAKAHMAD; KHALIL, 2011; LAZAREVIC et al., 2010]. Também, há aquelas que evidenciam os custos ambiental e econômico, como no caso da reciclagem do níquel [YANG; SHEN, 2010].

Segundo Moura [2011], os gestores públicos municipais precisam criar condições para a viabilidade da reciclagem, seja incentivando a formalização do trabalho de catadores, apoiando-os na formação de cooperativas e/ou dando suporte na infraestrutura dos locais e equipamentos, como também implantando programas de coleta seletiva. Moura [2011], destaca a necessidade de instalação de coletores de resíduos em locais selecionados, podendo ser caçambas ou contêineres. Nesta dissertação esses locais são denominados ecopontos.

Os resíduos eletroeletrônicos são destaque na gestão de resíduos sólidos. Devido à rápida mudança da tecnologia, à redução dos preços dos produtos e ao consumo crescente, há um descarte muito grande desse tipo de resíduo Araujo et al. [2012], Tao [2010], Ren e He [2010], Achillas et al. [2012], Phuc, Yu e Chou [2012]. Esses tipos de resíduos não podem ser descartados em locais impróprios por causa dos seus diversos tipos de componentes (perigosos e tóxicos) e por possuírem componentes potencialmente recicláveis e rentáveis, com metais valiosos [TAO, 2010; REN; HE, 2010; KUO, 2010; WANG et al., 2012; JANG, 2010]. Segundo Araujo et al. [2012] e o relatório da UNEP [2009], no Brasil há falta de dados confiáveis e consolidados sobre a geração e destinação dos resíduo eletroeletrônicos.

O AcheSeuEcoponto disponibiliza opções de consulta de ecopontos de resíduos secos (recicláveis), eletroeletrônicos, óleo de cozinha, baterias/pilhas, entulhos. O óleo de cozinha, apesar de não ser um resíduo sólido é contemplado na ferramenta, pois está no plano de coleta seletiva dos municípios adotados.

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