3.4 SONDAGEM
3.5.6. Determinação da quantidade e da profundidade dos furos de
Segundo Rebello (2008), para escolha da quantidade de sondagens a serem executadas em uma determinada obra, deverão ser atendidos alguns critérios estabelecidos pela Norma Brasileira.
Devem ser executados no mínimo 3 furos não colineares. Não estando
os furos sobre uma mesma reta, a sondagem pode representar três planos diferentes, o que significa maiores possibilidades de análise do solo.
Deverá ser executado um furo a cada 200 m², para áreas de projeção da
edificação até 1.200 m².
Deverá ser executado um furo adicional, a cada 400 m², para áreas de
projeção entre 1.200 e 2.400 m².
Para projeções acima de 2.400 m², deverá ser estudado cada caso,
respeitando-se os mínimos exigidos pelos critérios anteriores.
A distância mínima entre furos deverá ser de 8 m e a máxima de 25 m.
3.6 FUNDAÇÕES
3.6.1. Definição
O sistema de fundações é formado pelo elemento estrutural do edifício que fica abaixo do solo (podendo ser constituído por bloco, estaca ou tubulão, por exemplo) e o maciço de solo envolvente sob a base e ao longo do fuste.
O melhor tipo de fundação é aquela que suporta as cargas da estrutura com segurança e se adequa aos fatores topográficos, maciço de solos, aspectos técnicos e econômicos, sem afetar a integridade das construções vizinhas.
É importante a união entre os projetos estrutural e o projeto de fundações num grande e único projeto, uma vez que mudanças em um provocam reações imediatas no outro, resultando obras mais seguras e otimizadas.
3.6.2. Tipos de fundações
As fundações são convencionalmente separadas em 2 grandes grupos, de acordo com a profundidade do solo resistente, onde está implantada a sua base:
• fundações superficiais (ou "diretas") e • fundações profundas.
A distinção entre estes dois tipos é feita segundo o critério (arbitrário) de que uma fundação profunda é aquela cujo mecanismo de ruptura de base não atinge a superfície do terreno. Como os mecanismos de ruptura de base atingem, acima da mesma, até 2 vezes sua menor dimensão, a norma NBR 6122 estabeleceu que fundações profundas são aquelas cujas bases estão implantadas a mais de 2 vezes sua menor
dimensão, e a pelo menos 3 m de profundidade.
3.6.2.1. Fundações Superficiais
Define-se como fundação direta ou rasa aquela em que as cargas da edificação (superestrutura) são transmitidas ao solo logo nas primeiras camadas, desde que estas tenham resistência suficiente para suportar as cargas (REBELLO, 2008).
O que caracteriza principalmente uma fundação superficial ou direta é o fato da distribuição de carga do pilar para o solo ocorrer pela base do elemento de fundação, sendo que, a carga aproximadamente pontual que ocorre no pilar, é transformada em carga distribuída, num valor tal, que o solo seja capaz de suportá-la. Outra característica da fundação direta é a necessidade da abertura da cava de fundação para a construção do elemento de fundação no fundo da cava.
Quanto aos tipos de fundações superficiais há:
Bloco – elemento de fundação de concreto simples, dimensionado de maneira
que as tensões de tração nele produzidas possam ser resistidas pelo concreto, sem necessidade de armadura (Figura 15 a);
Sapata – elemento de fundação de concreto armado, de altura menor que o
bloco, utilizando armadura para resistir aos esforços de tração (Figura 15 b);
Viga de fundação – elemento de fundação que recebe pilares alinhados,
geralmente de concreto armado; pode ter seção transversa, tipo bloco (sem armadura transversal), quando são freqüentemente chamadas de baldrames, ou tipo sapata, armadas (Figura 15 c);
Sapata associada – elemento de fundação que recebe parle dos pilares da obra,
o que a difere do radier, sendo que estes pilares não são alinhados, o que a difere da viga de fundação;
Radier – elemento de fundação que recebe todos os pilares da obra (Figura 15
d);
Grelha – elemento de fundação constituído por um conjunto de vigas que se
cruzam nos pilares (Figura 15 e).
FIGURA 15 - Principais tipos de fundação superficial: (a) Bloco, (b) Sapata, (c) Viga, (d) Radier e (e) Grelha.
Fonte: QUARESMA et al. (1998) e Multisolos (2012).
3.6.2.2 Fundações Profundas
A fundação profunda, a qual possui grande comprimento em relação a sua base, apresenta pouca capacidade de suporte pela base, porém grande capacidade de carga devido ao atrito lateral do corpo do elemento de fundação com o solo. A fundação profunda, normalmente, dispensa abertura da cava de fundação, constituindo-se, por
exemplo, em um elemento cravado por meio de um bate-estaca.
Obviamente, a fundação profunda é adotada quando a fundação direta não for aconselhada.
Estaca – elemento de fundação profunda executado com auxílio de ferramentas
ou equipamentos, execução esta que pode ser por cravação a percussão, prensagem, vibração ou por escavação, ou, ainda, de forma mista, envolvendo mais de um destes processos (Figura 16 a);
Tubulão – elemento de fundação profunda de forma cilíndrica, em que, pelo
menos na sua fase final de execução, há a descida de operário (o tubulão não difere da estaca por suas dimensões mas pelo processo executivo que envolve a descida de operário) (Figura 16 b);
Caixão – elemento de fundação profunda de forma prismática, concretado na
superfície e instalado por escavação interna (Figura 16 c).
FIGURA 16 - Tipos de fundações profundas: (a) Estaca, (b) tubulão e (c) caixão.
Fonte: Multisolos (2012).
3.6.2.3. Fundações Mistas
São fundações mistas aquelas que associam fundações superficiais e profundas (Figura 17):
Sapatas sobre estacas – associação de sapata com uma estaca (chamada de
"estaca T" ou "estapata", dependendo do contato ou não entre a estaca e a sapata);
Radiers estaqueaclos – radiers sobre estacas (ou tubulões), que transfere parte
das cargas que recebe por tensões de contato em sua base e parte por atrito lateral e carga de ponta das estacas.
FIGURA 17 - Tipos de fundação mista: (a) Estaca ligada a sapata (“estaca T”), (b) Estaca abaixo de sapata (“estapata”), (c) Radier sobre estacas e (d) Radier sobre
tubulões.
Fonte: QUARESMA et al. (1998).