3. Crescimento empresarial
3.3 Determinantes do crescimento empresarial
Delmar et al. (2003), concluíram no seu estudo que o crescimento empresarial é um fenómeno multidimensional, e que diferentes formas de crescimento podem ter diferentes determinantes e efeitos. Vários determinantes para o crescimento empresarial têm sido apresentados na literatura, no entanto continua a não existir consenso nos investigadores sobre os fatores que levam ao crescimento da empresa (Weinzimmer, 2000). Segundo De Wit e Zhou (2009), o crescimento empresarial é um fenómeno complexo, que não pode ser explicado por uma dimensão particular ou por um determinante. Os autores classificam os determinantes do crescimento empresarial em três dimensões:
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Individuais: características como, traços de personalidade, motivação para o crescimento, competências individuais, antecedentes pessoais afetam o crescimento das empresas;
Organizacionais: Têm um impacto mais direto no crescimento das empresas. Referem-se a atributos da empresa, estratégias, recursos específicos, estrutura organizacional e capacidade dinâmica;
Ambientais: o ambiente varia ao longo de várias dimensões, tais como, dinamismo, heterogeneidade, hostilidade e generosidade, e isso pode determinar em grande parte o potencial de crescimento das empresas.
De Wit e Zhou (2009), concluíram no seu estudo que determinantes como motivação para o crescimento, competências específicas, necessidade de realização, idade da empresa, desempenho financeiro, financiamento adicional e preparação para crescer, são os determinantes mais importantes para o crescimento empresarial. Os mesmos autores concluíram ainda, que os determinantes organizacionais são os que mais influenciam o crescimento das organizações. Tem sido claramente demonstrado, que as empresas de crescimento rápido são mais frequentemente encontradas em indústrias e regiões que são mais dinâmicas, confirmando que o dinamismo tem um efeito positivo no crescimento. O mesmo já não se pode dizer das restantes dimensões ambientais. Wiklund, 1998 cit. em Davidsson et al. (2005) conclui que a hostilidade tem um efeito negativo no crescimento, e que a heterogeneidade não produz qualquer efeito.
Assim, a evidência sugere que o crescimento da empresa é ditado em certa medida por fatores externos. No entanto, estudos que incluem explicações em diversos níveis tendem a não destacar as características ambientais como sendo as mais influentes no crescimento da empresa (Davidsson et al., 2005). No que diz respeito aos determinantes do crescimento, a motivação por parte do gestor/proprietário para crescer mostra-se importante. Relacionado com a motivação, existem fortes indicações que fatores de capital humano como educação e experiência levam ao crescimento somente quando a vontade de crescer existe. Um fator que por vezes é crucialmente importante, mas não é uma receita para o crescimento, é a disponibilidade de capital externo (Davidsson et al., 2005). Wiklund e Shepherd (2003), concluíram no seu estudo que as aspirações dos gestores para expandir os seus negócios, estão positivamente relacionados com o crescimento das organizações.
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Para Delmar et al. (2003) os padrões de crescimento empresarial estão relacionados com as características demográficas, como por exemplo a idade da empresa. De acordo com Evans (1987), o crescimento das empresas diminui à medida que a idade da empresa aumenta. As conclusões de Davidsson (1989) apontam também no mesmo sentido, referindo no seu estudo que a idade e o tamanho da empresa estão relacionados negativamente com as taxas de crescimento, revelando que as empresas mais jovens tendem a ser mais orientadas para o crescimento. O autor concluiu ainda que a idade da empresa está negativamente correlacionada com a inovação.
De acordo com Nickell (1996) o principal motivo pelo qual as empresas crescem é a competição do mercado. Para ele, quanto menor o número de monopólios da indústria, maior será a competitividade nela e, consequentemente, o crescimento das empresas alocadas nesta indústria. Ainda segundo Nickell (1996), observações feitas mostram que a competitividade gera aumento de produtividade. O autor apresenta um exemplo prático, onde compara a Europa oriental com a Europa ocidental, concluindo a Europa ocidental possui maiores índices de produtividade porque possui um mercado mais competitivo.
O crescimento da empresa é nitidamente influenciado por fatores externos e internos. Os fatores externos dizem respeito ao meio macroeconómico envolvente e estão fora do controlo do empresário/gestor. Quanto aos fatores internos controlá-los ou pelo menos influenciá-los faz parte da competência do gestor (Ferreira, 2005). Várias classificações de fatores que afetam o crescimento da empresa têm sido apresentadas. As pré-condições gerais para o crescimento têm sido sugeridas como sendo (1) orientação do empreendedor para o crescimento, (2) adequar os recursos da empresa para o crescimento, e (3) a existência de oportunidades de mercado para o crescimento (Pasanen, 2006). O crescimento é um fenómeno que necessariamente acontece ao longo do tempo. Assim, o crescimento deve ser estudado longitudinalmente, a avaliação dos preditores precede a avaliação dos resultados, ou seja, a mudança de tamanho (Davidsson et al., 2005).
Storey (1994) numa revisão da literatura sobre o crescimento da pequena empresa, organizou os preditores de crescimento em três categorias, o empreendedor, a empresa e a estratégia. A tabela seguinte apresenta as variáveis estudadas pelo autor em cada categoria:
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Tabela 8 - Variáveis preditoras do crescimento empresarial Categoria Variáveis estudadas
Empreendedor Motivação; Situação de desemprego; Educação; Experiência de gestão; Número de fundadores; Emprego anterior; História da família; Marginalidade social; Habilidades funcionais; Formação; Idade;
Falência do negócio anterior; Experiência anterior no sector;
Experiência anterior do tamanho da empresa; Sexo. Empresa Idade; Sector/mercados; Forma jurídica; Localização; Tamanho; Propriedade.
Estratégia Formação dos trabalhadores; Formação da gestão;
Abertura do capital próprio a investidores externos; Sofisticação tecnológica;
Posicionamento do mercado. Ajustamento de mercado; Planeamento;
Introdução de um novo produto; Recrutamento de gestão; Apoio estatal; Concentração do cliente; Concorrência; Sistema de informação; Exportação.
Fonte: Storey (1994), elaborado pelo autor.
Storey (1994) concluiu do seu estudo que as variáveis motivação, educação, experiência de gestão, número de fundadores e competências funcionais, associadas ao indivíduo, têm uma influência positiva no crescimento da empresa. O desemprego foi associado negativamente ao crescimento, e variáveis como emprego anterior, marginalidade social, idade, experiência anterior no sector, formação e sexo
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demonstraram não ter qualquer efeito no crescimento. No que diz respeito às variáveis associadas à empresa, como idade e tamanho da empresa, filiação sectorial, forma jurídica e localização, o mesmo autor concluiu que todas estão sistematicamente associadas positivamente ao crescimento.
Finalmente relativamente às variáveis de estratégia, as evidências são menos conclusivas. Encontrando-se efeitos positivos da sofisticação tecnológica, posicionamento do mercado e introdução de um novo produto. Relativamente às outras variáveis estratégicas os estudos existentes não são conclusivos quanto ao seu impacto no crescimento (Storey, 1994). Para Weinzimmer (2000), a estratégia é o determinante mais importante no crescimento das empresas. Estas três categorias não são mutuamente exclusivas, e influenciam o crescimento das empresas de forma combinada (Ferreira, 2005).