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O dever é da prefeitura

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Seção 2 - SAÚDE MENTAL DO ENCARCERADO, BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS

2.6 O dever é da prefeitura

Por determinação do Ministério da Saúde, a responsabilidade pelos cuidados de saúde é, na verdade, da prefeitura. É neste contexto jurídico que é dado ao ente público municipal o

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dever de assegurar ao encarcerado, dentre eles o provisório, o pleno direito à saúde, inclusive com a disponibilização de corpo médico municipal para realizar visitas aos encarcerados necessitados de consulta e tratamento. Não prestando a efetiva e gratuita assistência à saúde do encarcerado, o município transgride preceitos legais garantidos pela Constituição.

Para o Egrégio Supremo Tribunal Federal: “O preceito do artigo 196 da Carta da República, de efi cácia imediata, revela que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”. A referência, contida no preceito, a ‘Estado’

mostra-se abrangente, ao alcançar a União Federal, os Estados propriamente ditos, o Distrito Federal e os Municípios.

Por outro lado, como bem assinalado no acórdão, a falta de regulamentação municipal para o custeio da distribuição não impede que fi que assentada a responsabilidade do Município.

Reclamam-se do Estado (gênero) as atividades que lhe são precípuas nos campos da educação, da saúde e da segurança pública, cobertos, em si, em termos de receita, pelos próprios impostos pagos pelos cidadãos.

A inércia municipal, nesses casos, vai de encontro, também, ao Plano de Saúde Nacional no Sistema Penitenciário, criado pela Portaria Interministerial no. 1777/03, o qual, já na introdução, esclarece:

A Portaria Interministerial nº 1777, de 09 de setembro de 2003, que instituiu o Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário, é fruto de um trabalho matricial construído com a participação de diversas áreas técnicas dos Ministérios da Saúde e da Justiça e com a participação do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde e do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.

Nesse passo, os municípios, entes públicos componentes do Estado brasileiro que são, possuem obrigação legal e Constitucional na efetiva assistência ao preso. A omissão municipal no atendimento ao encarcerado viola dispositivos que constituem cláusulas pétreas e fere inclusive o princípio da isonomia.

Sugestão de leituras complementares:

NASCIMENTO, A.M.B., LEMOS, J.A, SAPUCAIA, J.S.B. Unidades de programa de saúde penitenciária: humanização e saúde para a população prisional na Bahia. ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DA ABDEH – IV SEMINÁRIO DE ENGENHARIA CLÍNICA – 2004.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como você pode notar as diretrizes para atenção à saúde da população carcerária estão bem defi nidas, porém para efetivá-la ainda há um longo caminho. Para dar atenção integral a esta população é necessário ainda desenvolver diversas ações, desde a implantação da estrutura de ambulatórios dentro do sistema prisional, recrutamento de profi ssionais para trabalhar no atendimento destes indivíduos, a regularização do fl uxo de atenção para serviços de média e alta complexidade entre outras.

Entretanto, somente a regularização dos fatores acima apontados não garantem a qualidade do serviço, pois são necessárias outras ações, tais como a reforma da estrutura do sistema carcerário. O sistema prisional está com problemas de superlotação, sendo este um dos fatores que perpetuam as condições de contaminação entre os indivíduos, perpetuando o ciclo de doenças infecto contagiosas.indo

A nós profi ssionais de saúde, cabe o papel de assistir os pacientes integralmente, procurando garantir condições adequadas de saúde.

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EAD - UFMS REVISÃO:

Prof. Dr. Ricardo Magalhães Bulhões EDITORAÇÃO ELETRÔNICA E PROJETO GRÁFICO:

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