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diálogo com os jornais

No documento Política, esporte e mídia impressa (páginas 42-74)

[...] a análise de conteúdos das fontes áudio-visuais deve orientar-se não apenas pelo conteúdo semântico das mensa- gens, como também para a informação estética. (PAIS, 2003)

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sua estruturação, desenvolvimento e transformação, articulando os aspectos econômicos, políticos e sociais presentes no mesmo, de modo a considerar o conflito e a contradição como elementos per- manentes na compreensão dos diversos fenômenos sociais.

Para Minayo (1994), uma investigação de caráter social pres- supõe conhecimento teórico, domínio das técnicas e capacidade crítica e criativa dos pesquisadores. Todos esses elementos devem estar articulados com a opção teórico-metodológica. Com base nessa afirmação, a pesquisa foi organizada em etapas, que foram de- nominadas de: elaboração do projeto de pesquisa; planejamento da pesquisa; ação da pesquisa; redação do relatório final.

Na primeira etapa, foi sistematizado o objeto de pesquisa, a definição dos objetivos e a construção metodológica do estudo. Em seguida, estruturamos a equipe participante da pesquisa e colo- camos em discussão a problemática, a construção metodológica do estudo e o cronograma para a concretização do mesmo.

Na primeira etapa, foi sistematizado o objeto de pesquisa, a definição dos objetivos e a construção metodológica do estudo.

Em seguida, estruturamos a equipe participante da pesquisa e co- locamos em discussão a problemática, a construção metodológica do estudo e o cronograma para a concretização do mesmo.

Na terceira etapa, a ação da pesquisa, efetivamos o levanta- mento e a análise das informações. O primeiro procedimento se caracterizou por reuniões de estudo com vistas ao aprofundamento conceitual sobre políticas públicas, mídia impressa e esporte. Nessa imersão foi possibilitado aos estudantes bolsistas, à coordenação da pesquisa e aos pesquisadores associados uma aproximação teórica com as categorias e o aprofundamento do tema.

O segundo procedimento constituiu-se de visitas às redações e arquivos dos jornais A Tarde, Correio da Bahia e Tribuna da Bahia bem como na Biblioteca Pública do Estado da Bahia. Ainda nessa etapa, foram levantados, via internet, recortes esportivos nos prin-

Pr oc edimen tos met odológ ic os e diálogo c om os jor nais 43 cipais jornais do Nordeste e nos sítios do Ministério do Esporte. Tal material constituiu um dossiê técnico-científico que identificou junto aos referidos periódicos a veiculação de matérias que tratavam de políticas públicas federais de esporte entre 2003 e 2006 e indicadores que possibilitassem uma melhor reflexão da política de comunicação do Ministério do Esporte. Já nessa etapa buscou-se ir além das man- chete e caminhar pelas entrelinhas e como nos adverte Pais (2003, p. 20) “[...] a análise de conteúdos das fontes áudio-visuais deve ori- entar-se não apenas pelo conteúdo semântico das mensagens, como também para a informação estética”.

Com o levantamento de todos os dados, foi realizada uma análise quantitativa das informações, entendendo que tal perspectiva per- mite iniciar o diálogo com as matérias jornalísticas em questão. Para efeito da pesquisa, consideramos 100% dos jornais estaduais da Ba- hia e das matérias publicadas no quadriênio de 2003 a 2006.

Por fim, fizemos uma análise qualitativa dos textos jornalísticos, que foi efetivada a partir da técnica de Análise de Conteúdo, com a compreensão de que os escritos precisam ser submetidos a uma apreciação detalhada porque, segundo Bardin (1977, p. 14), “por detrás do discurso aparente geralmente simbólico e polissêmico es- conde-se um sentido que convém desvendar”.

Assumimos esse tipo de análise levando em conta suas influên- cias semióticas, que consideram o movimento dos processos comu- nicativos. Tratamos, então, com a definição de análise de conteúdo proposta pelo mesmo autor já referido, como técnica pautada em diferentes procedimentos que se aplicam quando se considera que as mensagens não se mostram em essência à primeira vista e é, por- tanto, necessário ir além do significado imediato. Em outras pala- vras, a partir do conteúdo é possível inferir sobre valores, condutas, ideologias postas nas entrelinhas. Um sentido que, aparentemente desprezível, pode estar em segundo plano.

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Foi realizado o tipo de análise de conteúdo definido por Bardin (1977) como análise temática, que se constrói a partir de três etapas. A primeira etapa é a pré-analise, na qual se organiza o próprio pro- cesso de pesquisa: a escolha do material a ser analisado e com que objetivo. O material analisado nesta pesquisa foram as matérias jor- nalísticas que tratam das políticas públicas federais de esporte, pu- blicadas nos jornais de circulação estadual na Bahia entre 2003 e 2006, a partir dos temas encontrados que estão descritos na Tabela 3. Organizado o material, com o levantamento de todas as matérias de jornal, seguiu-se uma primeira leitura panorâmica.

A segunda etapa, exploração do material ou descrição analítica, consistiu em codificar e categorizar as informações. Nesse momento, os dados brutos foram organizados sistematicamente para esclarecer aos pesquisadores as características do conteúdo.

Em tal processo, foram determinadas as unidades de registro (frases ou palavras), organizadas em temas. Nas palavras de Bardin (1977, p. 105): “Fazer uma análise temática consiste em descobrir ‘nú- cleos de sentido’ que compõem a comunicação e cuja presença, ou freqüência de aparição, podem significar alguma coisa para o obje- tivo analítico escolhido”.

O estabelecimento de temas tem como objetivo a categorização do conteúdo. Esta consiste, portanto, na classificação dos elementos que constituem todo o material analisado. Então, estabelecemos as seguintes unidades de significação temática: concepções de esporte e função social do esporte.

Seguimos com a descrição analítica, que se constitui no confronto e reflexão sobre os aspectos que emergiram desses dados com base no referencial teórico construído no decorrer do estudo.

Dessa forma, fizemos inferências relativas aos elementos subjacen- tes nas matérias publicadas nos jornais de circulação estadual na Bahia, constituindo a terceira etapa da análise de conteúdo temática: inter-

Pr oc edimen tos met odológ ic os e diálogo c om os jor nais 45 pretação inferencial. É nesse momento, segundo Minayo (2006), que se chega às entrelinhas, à essência do que fora explicitamente afirmado.

E, finalmente, foi elaborado o relatório final da pesquisa, apre- sentando um corpus de questões a serem refletidas pelas instituições pesquisadas e pelo próprio na avaliação daquilo que figura como prioridade das políticas públicas federais de esporte no Brasil.

Jornais nas entre linhas

O presente tópico traz, de forma sistematicamente organizada, a exposição quantitativa e a análise qualitativa dos dados encontrados nos jornais do quadriênio pesquisado, como também o diálogo entre números, categorias temáticas e referenciais teóricos do estudo. Tabela 1 – Jornais mais vendidos do país

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Foto 8: Jornal O Povo Digital – Placar da Rodada

Foto 9: Jornal O Estado do Maranhão

Foto 11: Jornal Jornal Povão - Sergipe Foto 10: Jornal O Imparcial on Line

Importa ressaltar a tendência ao desaparecimento gradual do jornal (standard ou tablóide) impresso em papel e consequente afir- mação on line. Ainda assim, apresentamos o levantamento realizado acerca dos jornais que circulam no país com maior volume de vendas.

As fontes e os procedimentos de avaliação de circulação de periódi- cos reúnem distintos modos de verificação sendo o Instituto Verifica- dor de Circulação (ICV) uma referência importante como indicador.

A seguir, os jornais de maior circulação no nordeste do Brasil dis- poníveis on line e sua manchetes registradas no mesmo período de levantamento das informações nos periódicos baianos.

Após a identificação dos principais periódicos nordestinos ficou evidente também a tendência exarcerbada de enfoque futebolístico de alto rendimento nas suas páginas esportivas.

Pr oc edimen tos met odológ ic os e diálogo c om os jor nais 47 Foto 13: Jornal O Jornal de Hoje

Foto 12: Jornal Tribuna do Norte

Foto 15: Jornal Diário do Nordeste Foto 14: Jornal Diário de Natal

Foto 16: Jornal Diário do Povo Foto 17: Jornal Meio Norte Ceará

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Na Tabela vê-se que as políticas públicas de esporte em âmbito federal são as que tem menos espaço de divulgação. É possível quan- tificar que o total de matérias acerca das políticas públicas federais de esporte em 1460 dias dos 4 anos do primeiro mandato do Go- verno Lula (no período de 01/2003 a 12/2006) é de 35 matérias.

Figura 20: Três jornais analisados na Bahia.

Então, para fins desta pesquisa, consideramos 100% das publi- cações destes jornais no quadriênio 2003-2006. Inicialmente, iden- tificamos as matérias que tematizavam as políticas públicas de es- porte em âmbito municipal, estadual e federal, como uma forma de selecionar criteriosamente as matérias que deveriam ser submetidas, de acordo com o objetivo do estudo, a uma análise mais rigorosa. Os números estão apresentados na tabela 2.

Conteúdo dos periódicos pesquisados em números

Conforme dito no segundo capítulo, no Estado da Bahia, a parte mais significativa da mídia impressa esportiva está concentrada em três jornais: Correio da Bahia, Tribuna da Bahia e A Tarde.

Tabela 2 – Número de matérias/jornal em âmbito municipal, estadual e federal considerando 100% dos jornais pesquisados no quadriênio 2003 - 2006

Pr oc edimen tos met odológ ic os e diálogo c om os jor nais 49 Percebe-se que no primeiro ano do Governo Lula, até mesmo devido às expectativas geradas após a eleição em que “a esperança venceu o medo”, houve centralidade nas matérias que discutiam as políticas públicas, algumas herdadas do governo anterior. No ano se- guinte, praticamente houve abandono do debate de tais políticas, que foi retomado, numa intensidade muito menor, nos anos de 2005 e 2006.

Uma pergunta ainda nos restava para que fosse possível tecer um diálogo mais profundo com tal numerário. Quais os temas dis- cutidos nas 35 matérias sobre as políticas públicas de esporte em âmbito federal? A resposta a esta questão foi organizada na Tabela 4 com suas respectivas caracterizações.

Tabela 3 – Incidência de matérias nos jornais pesquisados em cada ano do quadriênio pes- quisado

Tabela 4 – Caracterização das matérias por tema

Por ano de divulgação, temos a incidência de matérias indicada na tabela a seguir.

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Diante desta tabela cabe perguntar: até esse momento da análise, os jornais comunicam qual ação?

Foram 12 matérias sobre o Estatuto dos Torcedores. A Lei 10.671, de 15 de maio de 2003, estabelece o Estatuto dos Torcedores, com a intenção de proteger e defender o torcedor. A primeira pergunta que se coloca é: quem são os torcedores? No Artigo 2° do próprio Estatu- to diz-se que “Torcedor é toda pessoa que aprecie, apóie ou se asso- cie a qualquer entidade de prática desportiva do País e acompanhe a prática de determinada modalidade esportiva”. (BRASIL, 2003)

Num outro ponto de vista, a ajuda para elaborar a resposta vem com as reflexões tecidas por Betti (1998), ao afirmar que no tempo do esporte espetáculo troca-se a prática pela assistência e, ao mes- mo tempo, essas duas ações confundem-se. Por isso, há espaço para pensar e elaborar um estatuto para o sujeito que se realiza assistindo o jogo, ao vivo ou através dos meios de comunicação de massa no quais a cultura corporal, especialmente o esporte, tem centralidade.

Já sobre a Lei Agnelo/Piva foram 4 notícias. Essa Lei foi sancio- nada em 2001, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso e deixou estabelecido que 2% da arrecadação bruta de todas as lo- terias deve ser direcionada ao esporte. Vale ressaltar que com dire- cionamento para o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e para o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB).

Só isto já nos dá bastante material para discussão, quando se po- dem lançar as perguntas: para que referência de esporte está sendo direcionado esse recurso? Quantas pessoas serão beneficiadas com a possibilidade de praticar esportes?

As respostas são, também, facilmente articuladas. É evidente que o COB e o CPB estão interessados no esporte de rendimento com a meta de, nas competições eliminatórias, classificar atletas para as Olimpíadas e, nestas, ganhar medalhas. Mas é interessante pensar com Bracht (2005) que atualmente o esporte de rendimento é um

Pr oc edimen tos met odológ ic os e diálogo c om os jor nais 51 grande fenômeno econômico, que produz seus heróis e estes pro- movem a venda de uma série de produtos a reboque do esporte.

É preciso considerar, ainda, que o esporte de rendimento traz uma perspectiva educacional que envolve dois aspectos significa- tivos que é preciso considerar. Primeiro, o modelo educacional do autoritarismo em que o técnico representa a ordem, quem manda, e o atleta representa um executor de tarefas que tem que atingir o máximo de sua produtividade. Palavra esta muito bem atrelada à lógica do capital global que se instalou no cenário brasileiro a partir da década de 1990. (FRIGOTTO, 2003) O segundo aspecto é que o modelo de esporte de rendimento, de acordo com Kunz (2004), pro- porciona à maioria das pessoas experiências frustrantes de práticas corporais, pois nem todos têm a habilidade técnica para se tornarem atletas e terminam sendo excluídos de determinados momentos das práticas corporais ou sendo desvalorizados por não conseguirem al- cançar a desejada eficiência esportiva.

No entanto, tais considerações sobre a Lei Agnelo/Piva não ga- rantem que os jornais a estão colocando necessariamente como o modelo de esporte que o Brasil deve seguir. Isto só foi possível saber a partir da análise do texto jornalístico. Hipóteses são colocadas quan- do consideramos a afirmação de Gramsci (2001) de que os jornais são espaço de divulgação de ideologias concatenadas com os grupos hegemônicos. Mas, antes de fazer qualquer afirmação simplista no sentido de criticar os jornais, é preciso, também, considerar quando Briggs e Burke (2004) colocam que os jornais foram, historicamente, espaço para protestos e reinvidicações das classes populares.

O Bolsa Atleta foi alvo de preocupação em mais 4 das maté- rias identificadas. Não precisamos ampliar as análises feitas anteri- ormente quando se sabe que se trata de um Programa do Governo Federal, gerido pelo Ministério do Esporte, com o objetivo de custear os atletas de alto rendimento ou que tenham potencialidade para

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tal, no sentido de garantir a continuidade de seus treinamentos e seu crescimento na carreira esportiva. O vínculo com o que Kunz (2004) chama de dimensões inumanas do esporte e com o universo do espetáculo fica claro quando se coloca tal benefício apenas para aqueles sujeitos que praticam esportes vinculados ao Comitê Olím- pico Internacional e ao Comitê Paraolímpico Internacional.

É preciso esclarecer que o nosso desejo com tal análise não é, simplesmente, fazer uma crítica vazia ao esporte de rendimento. Afinal, esta é, sem dúvida, uma manifestação moderna e contem- porânea da cultura corporal. O que se coloca em questão é a de- mocratização das práticas corporais esportivas no âmbito do laz- er para a população, já que se trata um direito constitucional do cidadão brasileiro. E essas duas iniciativas até agora analisadas direcionam-se para um pequeno percentual de nossa população, que são aqueles que vão ganhar medalhas nos grandes eventos esportivos mundiais.

A trilha continuou a mesma quando se identificou que a Time- mania ocupou duas matérias nos jornais do período analisado. Jogo criado para ajudar os clubes brasileiros a pagar suas dívidas com o governo brasileiro. Débitos contraídos devido ao não pagamento de impostos, ao fato de se pagarem salários milionários para os heróis do futebol. Essa ajuda governamental é destinada a manter vivos os clubes que contribuem para a construção do maior de todos os espe- táculos: o futebol brasileiro. Do dinheiro arrecadado com a nova lo- teria, 46% é destinado aos apostadores vencedores, 22% aos clubes que aderiram à loteria, 20% à Manutenção do Serviço, 3% aos Proje- tos esportivos na rede de Educação Básica e Superior e para ações dos clubes sociais, 3% ao Fundo Penitenciário Nacional, 3% vai para a Santa Casa de Misericórdia, 2% destina-se à Agnelo/Piva e 1% à se- guridade social.

É possível perceber que a maior parte dos recursos está dire- cionada, claramente, ao esporte de rendimento. Apesar disto, cabe

Pr oc edimen tos met odológ ic os e diálogo c om os jor nais 53 questionar: qual o objetivo do Estado ao disseminar a prática es- portiva nos espaços de educação formal? Que modelo de esporte tem sido incentivado nesse espaço pedagógico? Portanto, o esporte numa perspectiva meramente tecnicista deve ser ressignificado em tal instituição, que tem como objetivo garantir aos educandos todas as possibilidades de expressão e a sistematização do conhecimento produzido pela humanidade no sentido de conhecerem, interpreta- rem e intervirem no mundo em que vivem.

Notícias sobre parcerias e convênios foram em número de oito. E, enfim, foram três os momentos em que apareceram reivindica- ções por políticas públicas de esporte e lazer. Diante de tantos pro- jetos e programas do governo federal, por que reivindicar políticas públicas de esporte e lazer? As análises anteriores resolvem nossas questões. Os programas anteriores eram todos voltados ao esporte de rendimento.

Para Carrano (2007), é preciso que a Educação Física no campo do esporte estabeleça um amplo e profundo debate sobre a natureza do Estado e a influência, que ele chama de perversa, das políticas neoliberais em desresponsabilizarem-se pelo que é direito públi- co. Tal processo se concretiza por meio da inserção das empresas privadas estabelecendo parcerias com o próprio governo e engen- drando ações da dita “responsabilidade social” e responsabilizando- se, por consequência, por parte das ações que deveriam ser garanti- das no âmbito público. (SILVA; SILVEIRA; ÁVILA, 2007) É a concretiza- ção, no âmbito do Esporte e Lazer, do Estado Mínimo.

Quando os jornais abrem espaço para esse tipo de reivindicação, é significativo destacar, tornam-se explicitamente, como todo e qual- quer espaço de interação entre os seres humanos na sociedade, espa- ço de disputa de poder e luta por afirmação de interesses. Isto mostra que, apesar de ser instrumento da ideologia oficial, hegemônica, há brechas e vazios que são ocupados com manifestações de defesa dos interesses das maiorias com menos poder de ação e expressão e que

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vão, sorrateiramente, executando uma ação contra-hegemônica nos espaços cotidianos de interação.

Dialogando com as matérias de cada jornal

A partir deste momento, traremos a análise de conteúdo das matérias publicadas nos jornais pesquisados. Tal apreciação está or- ganizada por jornal, tratando as matérias e dialogando com o refe- rencial teórico a partir das categorias anteriormente explicitadas: concepção de esporte e função social do esporte.

Inicialmente, tecemos o diálogo com o jornal Correio da Bahia, que conforme explícito a Tabela 2 publicou duas (02) matérias sobre as políticas públicas de esporte em âmbito federal.

Em pesquisa nos arquivos do referido jornal, vimos que ambas as reportagens são do ano de 2003, respectivamente em 3 de janeiro e 4 de abril. A primeira traz o título “Ministro dos Esportes reforça pro- jeto de inclusão social” e a segunda trata de medida provisória para regulamentar o futebol brasileiro.

No que se refere à concepção de esporte e a sua função social, é circular, na matéria que ocupa meia página do caderno de esportes do referido jornal, frases que relacionam a prática esportiva com a inclusão social e com o desenvolvimento humano:

“Agnelo Queiroz está decidido a usar o esporte como meio para beneficiar um universo de 32 milhões de crianças” (p. 12);

“[...] transformar o desporto em um poderoso instrumento de inclusão so- cial” (p. 12);

“[...] esporte como fator de desenvolvimento humano” (p. 12);

“[...] prioriza o papel do esporte como mecanismo de inclusão social” (p. 12).

Todavia, aparece, também, que os projetos esportivos estarão voltados para a educação e para a saúde e que o esporte de rendimen- to, especialmente as atividades dos times de futebol aparecem “[...] como uma ‘alavanca’ para o incremento do desporto nacional” (p. 12).

Pr oc edimen tos met odológ ic os e diálogo c om os jor nais 55 O que cabe questionar, já como forma de análise é: o que signifi- ca dizer que o esporte é ferramenta de inclusão? De que perspectiva

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