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Estudo 2. Uma experiência no campo da educação parental

4. Procedimentos

4.1. Diário de Campo das sessões

Neste dia contámos com a presença de 11 mães e avós e ainda duas adolescentes que acompanhavam as mães. Fez-se uma breve apresentação do programa e de seguida realizou-se a atividade previamente delineada do novelo de lã, procedeu-se à apresentação de cada elemento do grupo terminando com uma reflexão dos objetivos que se pretendia com o grupo. Foram também preenchidos os questionários sobre os hábitos e práticas educativas alimentares. No final, a sessão terminou com fotografias das famílias e respetivos filhos e um lanche.

Sessão 2: Hábitos Alimentares

Devido às questões climatéricas não houve muita adesão a este segundo encontro, apenas contámos com a presença de uma mãe e uma avó. Não foi possível seguir o que estava previsto no plano de atividades, pela falta de tempo devido à espera da chegada de mais famílias e pela dificuldade sentida em guiar os assuntos em alguns momentos. No início as mães começaram a dialogar sobre outros assuntos, tendo sido um pouco difícil desviar para o foco pretendido. Então depois de nos focarmos no tema da sessão, iniciamos o diálogo com o que as crianças habitualmente comem ao pequeno-almoço e daí surgiram várias discussões, desde os alimentos escolhidos, as dificuldades dos pais em comerem alimentos mais saudáveis, o exemplo que os pais dão, o elogio dos comportamentos positivos, o uso da recompensa e do castigo. Uma mãe referiu que “em casa não se come legumes porque o marido não gosta e o filho também não e, ela apesar de gostar não faz apenas para ela e mostrou alguma dificuldade em fazer o filho comer legumes”. A avó referiu o “caso da neta com 19 anos que já tem problemas de ossos, tendo sido esta diagnosticada com falta de cálcio associado ao facto de ter deixado de beber leite materno

e ter passado a beber coca-cola, hábito que se mantem no presente”. Na tentativa de seguir o plano de atividades inicial decidiu-se marcar um encontro extra.

No encontro extra contámos novamente apenas com a presença de uma mãe e uma avó. A atividade a realizar passava por montar uma sequência lógica com a rotina diária da criança tenso sido pedido que cada uma das famílias escolhesse de entre um conjunto de recortes os alimentos que as crianças habitualmente comem em casa momento do dia. À medida que se iam fazendo as colagem ia-se discutindo algumas estratégias que elas adotavam para que os filhos/netos comessem determinados alimentos e como funcionava a rotina. A avó presente referiu que “o neto tinha algum excesso de peso e que sentia que para a situação ser diferente deveria existir uma reeducação alimentar de toda a família, o que julgava complicado. Apesar de ela estar disposta a fazer e ter alguns cuidados, os restantes elementos da família não tinham a mesma postura, o que dificultava muito a situação”.

Sessão 3. Educação e Hábitos Alimentares na Família

Neste encontro tivemos a presença de 5 famílias, a vice diretora da escola e uma professora. Esta sessão começou com a apresentação de alguns alimentos consumidos habitualmente pelas crianças (refrigerante, achocolatado, salgadinho, iogurte, bolachas recheadas, sumo em pó, bolo ana maria) e posteriormente as famílias foram convidadas a classificar os alimentos de acordo com o que estas consideravam ser mais ou menos saudável, ao que maioria respondeu como mais saudável o iogurte e o achocolatado. A partir daí começou a discutir-se sobre a quantidade de açúcares e gorduras existentes em cada alimento, tendo-se percebido que a maioria não tinha noção real da elevada quantidade de açúcares e gorduras existente nos produtos apresentados. Depois foram explorados os rótulos dos alimentos e da importância de uma leitura correta dos mesmos. Um dos aspetos referidos foi a questão do açúcar muitas vezes ser substituído por outras palavras que são igualmente açúcares (dextrose, xarope de glicose, glucose, sacarose, maltose, melaço, xarope de milho, dextrina, frutose). Outro aspeto foi a ordem da lista de ingredientes, aparecendo pela ordem em que a sua percentagem no alimento é maior. Desta discussão surgiram outras dúvidas que se prendiam com alguns mitos sobre a alimentação, que coincidiu com a atividade seguinte que se baseava nos mitos e verdades sobre os alimentos e o excesso de peso e obesidade infantil. Antes de iniciar a atividade pudemos contar com a participação das nutricionistas da Secretaria de Alimentação

Escolar que já haviam sido convidadas para participar nesta sessão, tendo assim esclarecido várias dúvidas apresentadas pelas famílias. No final as nutricionistas ainda entregaram às famílias um folheto com os “10 passos da alimentação saudável para crianças” contemplado na Política Nacional de Promoção da Saúde para alimentação saudável e um livro de receitas saudáveis.

Sessão 4. As Crianças, os Caprichos na Ida ao Supermercado

No último encontro apenas estiveram presentes duas famílias, tendo-se iniciado a sessão perguntando como correu semana e se havia algum momento que quisessem partilhar. Pelo que uma avó partilhou que “o seu neto deixou de beber refrigerante por sua vontade e que queria beber água ou sumo natural”. Esta avó verbalizou que “passou a ter mais cuidado na confeção dos alimentos, substituindo alguns fritos por assados”. Depois deste momento, foi explicado que nesta sessão ir-se-ia passar um vídeo, que estava programado para a sessão anterior mas que por falta de tempo não foi possível passar. Este vídeo apresenta pequenos excertos do documentário “Muito Além do Peso”, nomeadamente sobre os hidratos de carbono, gorduras, açúcar dos alimentos, alimentação atual das crianças e produção de alimentos como as salsichas. No final houve uma discussão com as famílias, tendo estas discutido o problema do excesso de peso e obesidade infantil e a alimentação das crianças como problema global não existindo apenas nas suas casas. Discutiu-se também a ausência de informação sobre os produtos comercializados, que leva muitas vezes a que não se tenha noção do que se está a consumir. Uma das avós inclusive defendeu que “a televisão deveria atuar de forma socialmente mais responsável, pois a publicidade na televisão era entendida como uma forma de apresentar ou dar conselhos sobre alimentos supostamente saudáveis, caso contrário não deveria ser feita publicidade”. Este assunto levou ao início da discussão sobre a ida ao supermercado acompanhado pelas crianças. Foram assim discutidas algumas estratégicas possíveis para que a crianças acompanhem os pais nas compras no supermercado sem receio das temidas birras em público. Falou-se sobre a importância de antecipar a ida ao supermercado começando com a elaboração prévia da lista de compras, e em que a criança pode participar na sua construção, devendo ser avisada que apenas se vai comprar o que consta na lista, e que ela apenas poderá comprar um item que queira e que não conste na lista (a importância de negociar com a criança e estabelecer um acordo). No supermercado esta pode ajudar a procurar alguns alimentos e colocar no carrinho, sendo-lhe delegado uma

tarefa e esta sentir-se confiante e feliz por lhe ter sido dado esse voto de confiança. Foi referido a importância que esta ida ao supermercado assume na reeducação alimentar, isto é, se os pais apenas comprarem alimentos saudáveis a criança terá menos possibilidades de comer alimentos não saudáveis, alterando aos poucos a sua rotina. Encerrou-se a sessão e o módulo reforçando a importância que a família assume no processo de adoção de hábitos saudáveis, não apenas da criança mas de toda a família.