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3 METODOLOGIA

3.6.3 O Diário da Prática Pedagógica

Assim como os alunos realizaram o registro de suas experiências leitoras, utilizando a ferramenta diário de leitura, nós também fizemos os registros das observações durante o

processo de execução da nossa proposta de intervenção, através do instrumento Diário da Prática Pedagógica – DPP. Esses nossos registros tiveram como foco a análise sobre as produções dos alunos, tanto as orais, fruto dos momentos interativos sobre os textos, quanto as escritas, realizadas em seus DLA.

Para tanto, adotamos o conceito de instrumento Diário da Prática Pedagógica – DPP, desenvolvido por Freitas; Paniz (2007), por entendermos que se ajustam aos nossos propósitos

de registros das análises. Esta ferramenta, conforme relatamos no tópico “Construção do

Corpus”, serviu de suporte para o registro dos dados da pesquisa, na visão da professora pesquisadora e configurou-se como um instrumental de suma importância nos planejamentos, nas observações, nas análises e momentos avaliativos.

De acordo com a concepção teórica de Freitas; Paniz (2007, p. 50), o DPP serve, “para que o professor registre os seus planejamentos seguidos dos comentários sobre a implementação em sala de aula, com o fim de possibilitar uma maior organização e uma reflexão mais orientada

sobre o que se desenvolve na situação prática”. Nessa perspectiva, o DPP ajuda o professor a

construir suas reflexões e análises durante o processo em que desenvolve sua prática.

Quando se refere a esse registro das observações realizado pelo pesquisador, Silverman

(2009, p. 89) afirma: “Mesmo que você esteja usando tanto os olhos quanto os ouvidos, ainda

terá que decidir como registrar os dados”. O autor diz que o pesquisador deve realizar as anotações de campo com os dados de observação. E caso o pesquisador esteja usando gravações eletrônicas em áudio ou em vídeo, as anotações suplementarão esses registros. A essas anotações dos dados o referido autor dá o nome de “tomada de notas”.

Assim, com o propósito de realizar a coleta de dados da melhor forma possível, registrando as experiências e as observações de forma segura para as análises posteriores, o DPP foi um instrumento utilizado em todos os momentos das SD, mesmo quando estávamos registrando as atividades através de gravações em áudio, uma vez que as tomadas de decisão eram planejadas com antecedência e registradas no DPP, de forma que este era utilizado também como uma espécie de guia das nossas ações.

Baseando-se nas concepções teóricas de alguns autores, Freitas; Paniz (2007) citam alguns tipos de diários cujas classificações dependem das características funcionais destes, tais como o diário referencial, onde prevalece a descrição objetiva dos alunos e dos métodos; a vertente expressiva, cujo foco é a autorreflexão do narrador; o diário como ferramenta de organização da aula e de sua estrutura; o diário descritivo de tarefas, onde são registradas as atividades realizadas por professores e alunos, incluindo os planejamentos e a forma como as

tarefas são executadas; além do diário expressivo ou auto expressivo, que tem os registros centralizados nos participantes do processo – alunos e professor.

O DPP produzido especificamente neste trabalho, cujos escritos foram realizados antes, durante e depois das intervenções, tem características variadas, comparando-o aos tipos de diário descritos pelos autores. Dessa forma, pensamos que ele não se encaixa apenas em uma das classificações, mas apresenta traços de algumas delas, como a caracterização dos alunos e a descrição dos momentos de interação verbal; as análises sobre o nosso próprio trabalho enquanto professora; a organização do tempo que utilizamos para a realização das atividades (cronograma); a descrição minuciosa das ações presentes nas sequências didáticas realizadas na turma; além de reflexões diversas e frequentes que permearam todo o processo de construção do Diário. Portanto, o nosso DPP assume características que se coadunam com os objetivos traçados na proposta de intervenção.

Quando nos referimos às observações realizadas antes das SD, estamos nos reportando ao planejamento das atividades. Ao mencionarmos anotações feitas durante as SD, estamos fazendo alusão aos escritos que realizamos a partir das observações, feitos de forma manuscrita e, em um momento posterior à aula, organizados no Diário da Prática Pedagógica (DPP), utilizando um computador, onde reescrevíamos, acrescentando elementos que não haviam sido escritos por impossibilidade do momento, mas eram retomados pela importância que tinham dentro da proposta. Quanto às anotações executadas após as SD, estas relacionam-se tanto à

ação de “passar a limpo” os escritos feitos durante os procedimentos, quanto aos comentários e

reflexões acerca do comportamento dos alunos diante das atividades, os quais sinalizavam ou não determinados avanços, mostravam dados que possibilitavam organizarmos melhor as atividades e, consequentemente, realizarmos uma análise da aplicação das SD de forma mais segura.

Foram muito relevantes as contribuições que o uso do DPP trouxe para este trabalho, haja vista que a utilização deste instrumento de pesquisa nos deu estímulo para buscar compreender, durante todo o processo de intervenção, o comportamento dos alunos diante das atividades. A ação de registrar a nossa própria prática pedagógica, ao mesmo tempo em que realizávamos reflexões sobre a mesma, deu-nos oportunidade de enxergar o nosso trabalho de uma maneira mais crítica. Essa visão incluiu o progresso dos alunos nas atividades de leitura, mas também envolveu a identificação de problemas que os impediam de compreender melhor os textos, além de sinalizar possibilidades de resolvermos os problemas.

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