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TÉCNICAS DE SPRAY DRYING E AGLOMERAÇÃO NA PRODUÇÃO DE DIETAS PARA LARVAS DE PEIXE

4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3.4. Diâmetro médio e distribuição do tamanho de partículas da dieta

desidratada e dos aglomerados

A aceitação e os níveis de consumo de dietas inertes oferecidas às larvas de peixe nas fases iniciais de seu desenvolvimento dependem de diversos fatores, incluindo o tamanho das partículas, relacionado com a detecção das mesmas como alimento e com o tamanho de boca da larva [Kvave et al., 2005; Önal & Langdon, 2005 ].

Os alimentos vivos utilizados mais comumente na alimentação de larvas apresentam variação de tamanho de 125–300 µm para rotíferos como Brachionus.

plicatilis e 428–517 µm para Artemia spp. [Genodepa et al., 2004].

Os resultados de diâmetro médio para a dieta sem recobrimento (D), a dieta adicionada de óleo (DO) e os aglomerados (DOPC e DOGPC) são apresentados na Tabela 13.

Tabela 13: Diâmetro médio das partículas da dieta desidratada e dos aglomerados – produtos finais.

Produto Diâmetro médio (µm) D 46,68 ± 1,05 c *

DO 42,95 ±1,33 c DOPC 361,76 ± 4,09 b

DOGPC 381,43± 6,23 a * Média ± desvio padrão referentes a três leituras do equipamento.

D - dieta sem recobrimento; DO - dieta adicionada de óleo (adição manual); DOPC - dieta adicionada de óleo e recoberta no aglomerador com quatro passagens de pectina (1%p/p) e cálcio (1%p/p); DOGPC - dieta adicionada de óleo e recoberta no aglomerador com duas passagens de gelatina (2% p/p) e quatro passagens de pectina (1%p/p) e cálcio (1%p/p).

A dieta desidratada (D) apresentou tamanho característico de produtos processados em spray dryer [Oneda & Ré, 2003; Buffo et al., 2002; Cardoso, 2000; Rodríguez-Huezo et al., 2004].

Apesar de visualmente a dieta adicionada de óleo (DO) parecer aglomerada em função do óleo disperso na superfície das partículas, o seu diâmetro médio

não diferiu estatisticamente (p ≥0,05) da dieta sem recobrimento (D). Isso provavelmente deve-se ao uso de isopropanol como meio dispersante na análise pelo Mastersizer que solubilizou o óleo, desfazendo assim os aglomerados decorrentes da sua adição, restituindo o material ao seu tamanho original.

Os aglomerados (DOPC e DOGPC) apresentaram tamanhos estatisticamente diferentes da dieta original (p > 0,05), evidenciando que a aglomeração foi bem sucedida com a produção de grânulos de diâmetros bem maiores que os da dieta sem recobrimento.

Para DOPC, os aglomerados obtidos apresentaram um tamanho 7,8 vezes maior que a dieta sem recobrimento. Para DOGPC, que sofreu dois ciclos de aglomeração a mais em função da adição da camada intermediária de gelatina, o aumento foi de 8,2 vezes em relação ao material sem cobertura. Buffo et al. [2002] obtiveram aumentos entre 1,2 a 3,2 vezes dependendo da solução aglomerante utilizada.

Hemati et al. [2003] apresentam o crescimento significativo dos aglomerados em função do tempo de processamento para carboximetilcelulose usada como agente de aglomeração. Saleh [2003] apresentam o crescimento dos aglomerados em função do tempo e do tamanho médio inicial das partículas processadas, onde partículas com menor diâmetro médio inicial (~176µm) tendem a formar grânulos maiores num mesmo período de tempo. Esse comportamento foi associado à maior área superficial dessas partículas, que tendem a capturar mais líquido de cobertura e sofrerem mais colisões dentro do leito fluidizado.

Os diâmetros médios dos aglomerados (DOPC e DOGPC) foram mantidos durante a análise, mesmo com o uso do isopropanol, mostrando que as pontes de pectato de cálcio formadas durante a aglomeração foram eficientes para tornar os aglomerados estáveis quanto ao tamanho.

Para avaliar a resistência da estrutura dos aglomerados, a determinação do tamanho de partícula para os tratamentos DOPG e DOGPC foi feita, com e sem

ação de ultra-som durante a dispersão das amostras (Tabela 14). Diminuições no diâmetro médio das partículas foram observadas com a aplicação de 10 segundos de ultra-som para as duas amostras indicando que uma parte das pontes formadas é relativamente frágil, fragmentando-se sob o efeito do ultra-som.

Tabela 14: Determinação de tamanho de partícula com e sem ultra-som para aglomerados que sofreram recobrimento polimérico.

Tratamento Sem ultrasom Com ultrasom DOPC 361,76 ± 6,23 * 273,51 ± 15,96 DOGPC 381,43 ± 4,09 254,86 ± 8,81

* Média ± desvio padrão referente a três leituras do equipamento.

DOPC - dieta adicionada de óleo e recoberta no aglomerador com quatro passagens de pectina (1%p/p) e cálcio (1%p/p); DOGPC - dieta adicionada de óleo e recoberta no aglomerador com duas passagens de gelatina (2% p/p) e quatro passagens de pectina (1%p/p) e cálcio (1%p/p).

Segundo Cahu & Zambonino-Infante [2001] o tamanho da dieta deve estar adequado ao tamanho da boca da larva e seus estudos mostraram que larvas com comprimento até 4 mm ingeriam preferencialmente partículas entre 50 e 150µm, entre 4 e 6 mm comprimento comeram partículas entre 150 e 250µm e ,acima de 6 mm de comprimento, deram preferência a partículas acima de 250µm. Dietas comerciais microencapsuladas, comercializadas pelo site da Artemia International LLC, são oferecidas em diversas faixas de tamanho que no geral vão de 50 a 1000µm, sendo cada faixa indicada para uma etapa do desenvolvimento da larva. Por exemplo, a dieta com 200 – 300µm é recomendada como substituto da artêmia por ter tamanho semelhante a este microrganismo [Artemia International LLC, acesso em junho de 2004].

Carvalho et al. [2004] em experimentos de crescimento e sobrevivência de larvas alimentadas com dietas inertes contendo diferentes quantidades de caseína (insolúvel, solúvel ou hidrolisada) usaram diferentes faixas de tamanho de dieta de acordo com o estágio de desenvolvimento das larvas variando de 100 a 600 µm.

Kvale et al. [2005] testaram a aceitação de três tipos de dietas inertes produzidas por diferentes métodos e usaram, nos experimentos com larvas, partículas com tamanho entre 120 a 320 µm.

As distribuições de tamanho para a dieta sem recobrimento (D), para dieta adicionada de óleo (DO) e para os aglomerados (DOPC e DOGPC) foram unimodais e são apresentadas no anexo 1.

As dietas aglomeradas produzidas nesse trabalho apresentaram tamanhos de partículas com variações de diâmetro médio entre 361 e 381 µm, estando dentro das faixas de dietas encontradas no mercado e citadas em diversos trabalhos. A aglomeração mostrou-se como um processo promissor na produção de dietas inertes para alimentação de larvas, pois permite ajustar os tamanhos dos aglomerados em faixas distintas, adequadas para cada estágio de desenvolvimento larval.