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2.5 Conclusão

3.4.1 Dióxido de carbono CO 2

Os valores de emissão de CO2 em função do período de amostragem são apresentados na

Apesar dos altos coeficientes de variação apresentados, o tratamento (T7) que recebeu o dobro da dose de lodo de esgoto recomendada em função do nitrogênio disponível, apresentou valores de emissão sempre superiores ao tratamento controle (T1), com exceção da amostragem do 21° dia. Nos dias 0 e 3 os valores de emissão para o tratamento T7 foi cerca de 2,6 a 3 vezes maior que o T1. Cabe salientar que o tratamento T7 recebeu 20 t ha-1de lodo de esgoto.

Amostragem 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 T1 T4 T5 T6 T7 Dia 0 CO 2 - mg C m -2 h -1

Dia 3 Dia 6 Dia 9 Dia 21

Figura 3.4.1 – Taxas de emissão de CO2 para os tratamentos

Na amostragem efetuada no momento da aplicação (Dia 0) e aos 3 dias (Dia 3), o comportamento de emissão de CO2 para os tratamentos T4, T5, T6 e T7 podem ser consideradas

semelhante (Figura 3.4.1). Quando se avaliam somente os valores médios, observa-se um aumento dos valores de emissão nesses tratamentos de T1<T4<T5<T6<T7. Porém, em função

dos altos coeficientes de variação, não se pode afirmar que os fluxos foram diferentes para qualquer dos quatro tratamentos.

Quando se observa o comportamento da emissão de CO2 para os tratamentos que

receberam lodo de esgoto (T5, T6 e T7) a mesma observação feita acima é verdadeira, ou seja, apesar de não haver diferenças significativas entre os tratamentos, talvez em função do desvio padrão da média, observando-se somente os valores médios, o comportamento é de que quanto maior a quantidade de lodo de esgoto aplicada, maior a emissão de CO2. Resultados semelhantes

foram observados por Fernandes et al (2005) que estudaram a evolução dos gases CO2, N2O e

CH4 em área tratada com doses crescentes de lodo de esgoto até 8 vezes a concentração de

nitrogênio (N) para a necessidade da cultura do milho. De acordo com esses autores, quanto maior a dose de lodo de esgoto aplicada ao solo, maior é a emissão desses gases. Porém, essas conclusões desprezam nesse trabalho os valores desvio padrão da média, como também é observado em outros trabalhos na literatura (CARMO, 2004).

Aos dias 0, 3 e 9 dias após a aplicação (DAA), a emissão de CO2 para todos os

tratamentos foi maior que aos 6 e 21 dias. Tanto aos 6 como para 21 dias, os menores valores de emissão de CO2 observados, podem estar relacionados à variação da umidade do solo (Figura

3.4.2) . Apesar de não ter sido observada qualquer correlação significativa entre os valores de umidade e emissão de CO2 (Tabela 3.4.1 e 3.4.2), a partir da realização de testes de correlação,

parece ser essa condição de menor umidade a responsável pela menor emissão de CO2 pelo

menos para a amostragem do sexto dia após a aplicação do lodo de esgoto. Observa-se na Figura 3.4.2 que aos 6 e 21 DAA houve variação nos valores de umidade do solo, tendo estes sido menores que as respectivas amostragens anteriores.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Dia 0 Dia 3 Dia 6 Dia 9 Dia 21 Amostragem (dias) Umidade (% ) T1 T4 T5 T6 T7

Figura 3.4.2 – Variação da umidade do solo para as amostragens de gases

Mesmo não havendo coeficientes de correlação significativos para emissão de CO2 e

umidade do solo (Tabela 3.4.1 e 3.4.2), observa-se o mesmo comportamento para todos os tratamentos, ou seja, existe uma tendência de que a variação na umidade do solo tenha alterado os valores de emissão. Teixeira et al. (2004) verificaram alterações de emissão de CO2 aos 45 dias

após a aplicação de lodo de esgoto. Os autores atribuíram que esse pulso no fluxo pode ser contribuição do aumento da umidade do solo, sem portanto ter correlacionado significativamente com a emissão de CO2.

O tratamento T6 foi concebido de forma a disponibilizar a mesma quantidade de N que T4, ou seja, 75 kg N ha-1 . Observa-se que a emissão de CO2 para ambos os tratamentos foram

iguais em todas as amostragens, exceto aos 9 DAA. Fernandes et al. (2005), observaram que a emissão de CO2 foi cerca de 75% maior no tratamento que recebeu a aplicação de 8 vezes a dose

Tabela 3.4.1 - Valores de coeficiente de correlação (r) e de significância (p) obtidos a partir das correlações estatísticas simples entre todas as variáveis. Correlação entre fluxos de CH4, CO2 e N2O e umidade no solo para cada amostragem

Dia 0 Dia 3 Dia 6 Dia 9 Dia 21

(r) (p) (r) (p) (r) (p) (r) (p) (r) (p) a CH4 -0,467 0,428 0,529 0,359 0,846 0,070 0,469 0,426 0,942 0,017* CO2 -0,300 0,624 0,652 0,233 0,0875 0,889 -0,056 0,929 0,590 0,295 N2O -0,621 0,263 0,759 0,137 0,205 0,741 -0,241 0,696 0,920 0,027* a

Valores utilizados nas correlações, expressos como média dos fluxos para cada dia amostrado e % média de umidade; * Significativo ao nível de 5% de probabilidade; ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade

A aplicação de lodo de esgoto salvo outras restrições, como por exemplo a presença de metais pesados ou microrganismos patogênicos acima do limite permitido pela legislação, é realizada em função da quantidade e disponibilidade de N no lodo, pois este tem sido na prática o fator mais limitante para seu uso. Assim, assume-se que a quantidade aplicada será diretamente relacionada a quantidade desse nutriente. Utilizando-se a quantidade de lodo de esgoto recomendada a partir do teor e disponibilidade de N, parece não haver diferenças entre as emissões de CO2 para o tratamento que recebeu adubação mineral (T4) e lodo de esgoto (T6).

Fernandes et al., (2005) observaram comportamento parecido quando comparados esses dois tratamentos acima descritos.

Aos 21 dias após a aplicação do lodo de esgoto, as taxas de emissão de CO2 para todos os

tratamentos foram estatisticamente iguais. Como comentado acima, este fato pode estar associado à variação de umidade para esta data de coleta. Embora a umidade do solo para esta data tenha sido inferior aos valores de umidade para a amostragem de 9 DAA, esta foi entre 10 e 12% para os tratamentos com a aplicação de lodo de esgoto. Esses valores considerados intermediários e a falta de correlação entre esses dois fatores para 21 DAA (CO2 x Umidade do solo) (Tabela 3.4.1)

pode sinalizar que esta diminuição do fluxo está associada a outro mecanismo. A matéria orgânica de lodos de esgoto é predominantemente recalcitrante com a fração biodegradável exaurida em poucos dias após a aplicação no solo, tornando o restante do processo de

decomposição do material relativamente mais lento, em comparação a primeira fase do processo e assim diminuindo a emissão de CO2 para a atmosfera (PIRES, ANDRADE, MATTIAZZO,

2002). Em condições de laboratório, utilizando o mesmo lodo de esgoto do presente estudo, Andrade (2004), observou que 50% do total de CO2 emitido em um período de 70 dias ocorreu

nos primeiros 10 dias após a incubação.