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Diagnóstico ambiental de pequenas e médias empresas do setor metal-mecânico

4. Resultados e Discussão

4.1. Diagnóstico ambiental de pequenas e médias empresas do setor metal-mecânico

Observou-se enorme precariedade na forma com que os operadores de máquinas das pequenas e médias empresas trabalham, e, principalmente, quanto ao descarte dos resíduos da indústria. A pouca informação quanto ao correto e ideal uso de fluidos de corte e outros resíduos originados pela usinagem de materiais ficou evidente.

Problemas relacionados à preparação dos fluidos nas pequenas empresas são freqüentes. O uso de seringas e embalagens usadas de outros produtos são comuns para efetuar-se a mistura. Aliado a isto, existe a possibilidade do uso de diferentes tipos de fluidos de corte e da ineficiência de controle dos mesmos com possíveis contaminações, o que é muito preocupante quanto a seu descarte. Os operários apenas completam os reservatório de fluido, o que indica claramente a adesão aos cavacos ou evaporação do produto. Em raros casos existia um gerenciamento do fluido de corte.

Mostrou-se pouca preocupação quanto ao uso de fluidos do tipo biodegradável. Os que usavam este tipo de fluido em sua linha de produção, o descartavam diretamente no meio ambiente. Este tipo de fluido de corte leva a duas considerações. Em muitos casos o fluido é vendido como biodegradável, mas nem todos os seus componentes são biodegradáveis. O descarte no meio ambiente ou os lançamentos destes tipos de fluidos em sistemas de tratamento biológicos podem trazer sérias conseqüências para o meio ambiente. E caso o fluido seja realmente biodegradável, o seu lançamento direto no meio ambiente também poderá provocar impactos ambientais.

A aplicação do fluido na área de usinagem, por vezes é feita manualmente, o que influencia na qualidade da produção da peça e faz com que o excedente do produto vá diretamente em direção ao piso, revestido por vezes, com pré-moldados de cimento, que permitem a passagem do fluido por entre as frestas existentes, podendo entrar em contato com o lençol íreático como mostrado na figura 05. Foram observados terrenos com este tipo de piso recebendo infiltrações há mais de 10 anos.

Em uma das empresas, o fluido de corte era substituído por querosene, que também pode apresentar incômodos ambientais.

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Os cavacos resultantes do processo de usinagem depositam-se geralmente no próprio chão das metalúrgicas como mostrado na figura 06.

Figura 06. Disposição de cavacos numa pequena indústria metal-mecânica

Transporta-se o cavaco umedecido manualmente sem segurança alguma, tanto para o operário, quanto para o ambiente, e armazena-se a céu aberto num canto da metalúrgica, o qual origina um segundo ponto de infiltração do óleo. Posteriormente este cavaco é recolhido pelo serviço de limpeza municipal, sem nenhuma técnica de transporte para resíduos considerados perigosos. Como todo setor industrial tende a expansão, diversos pontos do terreno podem ser contaminados, pois onde atualmente é o setor produtivo, antigamente poderia ter sido um antigo depósito de resíduos sem qualquer medida de segurança. Geralmente depositam-se os cavacos em recipientes inadequados de metal ou plásticos mal conservados, a céu aberto ou com uma cobertura ineficaz e sem calçamento algum, onde a ação da chuva e vento faz com que ocorra a infiltração do produto (figura 07).

Figura 07. Exemplo de depósito inadequado de resíduos numa pequena indústria metal-mecânica

Dentro das empresas geralmente a poluição sonora é alta e segundo os operários, os equipamentos de segurança como protetor auricular e máscaras atrapalham o serviço. Em nenhuma empresa visitada observou-se o uso de equipamentos de segurança.

Apenas uma empresa visitada apresentou alternativa de aproveitamento de materiais. Uma pequena empresa enviava seus resíduos metálicos para uma fundição próxima. Os cavacos de alumínio e latão que antes desperdiçava-se retornam ao sistema produtivo como matéria-prima reaproveitável. Esta iniciativa traz benefícios ao ambiente e aos empresários, pois tanto as retifícas, quanto às outras metal-mecânicas poderiam criar vínculo com a fundição ou terem sua própria forma de aproveitamento de seus resíduos. Os cavacos de ferro fundido, aço e os fluidos não aproveitáveis, destinavam-se diretamente ao lixo.

Outro ponto de grande preocupação é no setor de lavagem de peças como mostrado na figura 08. Este setor geralmente é muito problemático. A limpeza pode ser feita com o uso de água e produtos como querosene, ou com jatos de materiais abrasivos como granalhas de metal duro, areia ou aparas de alumínio. Os resíduos de jateamento,

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além de sujarem a indústria, poluem o ar com sílica (restos do jateamento com areia), ameaçando a saúde dos funcionários e das populações vizinhas. No caso da sílica, também causam desgastes em outros equipamentos e por fim, ainda sobram rejeitos na forma de pó que precisam ser descartados corretamente.

Figura 08. Setor de lavagem de peças

Algumas empresas não possuem caixas separadoras de água-óleo, resultando em descarga direta dos efluentes do setor de lavagem na rede de esgoto.

Em algumas empresas observou-se preocupação em relação aos óleos usados. Os empresários armazenavam estes óleos em tonéis que eram levados por empresas recicladoras. Este é outro ponto de grande preocupação, pois existe no mercado uma série de recicladores que não são cadastrados junto a Agência Nacional de Petróleo - ANP, e possuem um processo de reciclagem nada confiável, criando problemas ambientais desde o transporte até o descarte em locais inadequados.

4.2. Diagnóstico ambiental de grandes empresas do setor metal-