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3. MÉTODOS

3.3. Diagnóstico da bacia

O diagnóstico ambiental é uma ferramenta para compreensão das potencialidades e fragilidades da área de estudo, considerando as pressões antrópicas sobre os sistemas naturais. Com isso é esperado um embasamento para um modelo de organização territorial e soluções alternativas para as situações desfavoráveis (SANTOS, 2004).

Depois de concluída a análise do histórico do monitoramento da qualidade da água foram avaliadas as etapas dos sistemas de abastecimento de água das bacias às captações, com o detalhamento das fontes de poluição e das condições de uso e ocupação do solo nas bacias de contribuição das captações visando à identificação dos fatores de perigo associados à ocorrência de desconformidades na qualidade da água.

A incidência de processos de urbanização sobre condições limitantes do ambiente pode resultar em desequilíbrios ambientais, podendo esses impactos ser estimados por geoprocessamento considerando os diversos aspectos territoriais do

ambiente que determinam seus potenciais ou aptidões e necessidade de proteção ambiental. A aplicação de técnicas de geoprocessamento em sistemas de informação geográfica (SIG), que são modelos digitais do ambiente, propicia a formulação de planejamentos baseados no conhecimento da realidade espacial, o que permite a utilização racional dos recursos físicos, bióticos e socioeconômicos disponíveis (XAVIER DA SILVA, 2001).

Para descrição dos fatores de interesse existentes na bacia foram inseridas em um SIG, com o programa computacional QGIS®, as seguintes características da área de estudo: hidrografia, limites municipais e zoneamento da bacia, sistemas de abastecimento de água, delimitação das sub bacias, zoneamentos municipais, áreas urbanas, vegetação, unidades de conservação, sistemas de transporte, lançamentos superficiais, áreas contaminadas e sistemas de esgotamento sanitário. A seleção dos aspectos da bacia a serem levantados no descritivo procurou enfatizar aqueles com consequências diretas na qualidade da água, seja por meio de impactos negativos ou positivos, levando em conta, ainda, as particularidades da área de estudo, que tem característica predominantemente urbana.

Embora possam resultar em impactos na qualidade da água, não foram diretamente considerados os fatores de poluição difusa, tais como o carreamento de sedimentos e poluentes pela drenagem das áreas urbanas e agrícolas, uma vez que não há para a área de estudo dados disponíveis sobre essas fontes, demandando estudos específicos. A poluição difusa, entretanto, foi tratada no âmbito da análise sobre a cobertura vegetal, os transportes, entre outros. De todo modo, é recomendável que, em um segundo momento, a avaliação da segurança da água da bacia seja complementada com a avaliação específica dos riscos decorrentes da poluição difusa.

A partir de informações obtidas nas legislações municipais (JUNDIAÍ, 2016; LOUVEIRA, 2013; VINHEDO, 2007; ITUPEVA, 2007; VALINHOS, 2004; CAMPINAS, 2018; MONTE MOR, 2015) identificou-se os zoneamentos incidentes na área de estudo, que foram classificados nas seguintes categorias:

Urbano: áreas urbanas consolidadas ou destinadas a usos urbanos futuros;

Conservação: áreas rurais, com vocação ambiental ou destinadas à proteção de mananciais;

Intermediário: áreas de expansão urbana, sem destinação específica ou outras situações intermediárias entre usos urbanos e conservação ambiental.

As áreas com características urbanas dos municípios foram identificadas pela interpretação de imagens de satélite obtidas no sistema Google Earth® (GOOGLE, 2019), sendo posteriormente classificadas quanto à destinação do solo prevista no zoneamento municipal. Na identificação das áreas urbanas procurou-se adotar uma definição mais ampla destas, incluindo adensamentos residenciais inseridos em contexto rural, áreas industriais e outros usos que podem resultar em impactos ambientais análogos aos das áreas urbanas propriamente ditas.

Foi realizado um levantamento das áreas feições florestais e adensamentos arbóreos existentes na área de estudo com base na interpretação de imagens de satélite também obtidas no sistema Google Earth® (GOOGLE, 2019). Em virtude da metodologia aplicada não foi possível a diferenciação entre os fragmentos de vegetação nativa, áreas com vegetação exótica de porte arbóreo e as áreas de cultivo comercial de espécies florestais tais como o eucalipto. Não foram incluídas as áreas com vegetação mais esparsa, tais como árvores isoladas, áreas brejosas etc.

As áreas de preservação permanente (APPs) definidas na legislação (BRASIL, 2012-a) foram delimitadas a partir da hidrografia, adotando-se a largura de dez metros para o rio Capivari e um metro para os demais cursos água, o que resultou em APPs com larguras de cinquenta e trinta metros, respectivamente. Partindo da delimitação das APPs incidentes foi verificada a proporção de cobertura vegetal dessas áreas. Por conta de limitações nos dados disponíveis não foi possível a delimitação das APPs decorrentes de nascentes, topos de morro e outras categorias previstas na legislação.

No que se refere aos recursos naturais, também foram mapeadas as unidades de conservação existentes na área de estudo, com a verificação do percentual de cobertura vegetal nestas. Não foi feita quantificação direta das áreas de reserva legal incidentes nos termos do código florestal (BRASIL, 2012-a), uma vez essas áreas ainda estão em fase de cadastramento junto aos órgãos responsáveis, não havendo delimitação consolidada destas. Apesar disso, os eventuais trechos de

reserva legal com cobertura vegetal existentes foram indiretamente contemplados no levantamento da vegetação.

O mapeamento das estruturas de transporte relevantes do ponto de vista ambiental foi realizado com os dados disponibilizados pelo Ministério dos Transportes (BRASIL, 2019-b) para as rodovias e ferrovias, e pelo Ministério da Infraestrutura (BRASIL, 2019-a) para as dutovias. Em relação às rodovias, foram selecionadas somente aquelas de porte significativo, onde o tráfego de caminhões e outros veículos possa representar perigos para os mananciais próximos, o que, no caso, correspondeu às rodovias estaduais. Foram consideradas todas as ferrovias identificadas na área, uma vez que as mesmas são destinadas a transporte de carga, podendo haver produtos perigosos em função da atividade industrial significativa na região, que inclui o polo petroquímico de Paulínia. Em relação às dutovias, foram selecionados somente os oleodutos, nos quais são transportados derivados de petróleo provenientes de Paulínia, sendo desconsiderados os gasodutos, pois o gás natural transportado não representa potencial poluidor para as águas.

Para verificação dos perigos relacionados às rodovias e ferrovias foi arbitrada uma faixa de influência com largura de trinta metros no entorno destas, e, no caso das dutovias, dez metros. Também foi estabelecida uma faixa de influência com largura de cinquenta metros para as estruturas de captação, reservação e tratamento de água. Em seguida foram determinadas as áreas de risco como as interseções entre as faixas de influência dos transportes e as áreas de interesse, que incluem as APPs, a hidrografia e as áreas de influência dos sistemas de abastecimento.

Os lançamentos superficiais provenientes de indústrias, estações de tratamento de esgoto e outras atividades foram identificados com base no cadastro de outorgas do DAEE (2019), cadastro de cobrança pelo uso da água da Agência das Bacias PCJ (2019) e nos dados públicos disponíveis nos processos de licenciamento da CETESB (medições da CETESB e automonitoramentos). Uma vez identificados os lançamentos superficiais foram selecionados os parâmetros para monitoramento destes conforme o potencial poluidor relacionado à atividade para cada um dos lançamentos, considerando o recomendado pela CETESB (2005), levando em conta ainda os parâmetros de interesse por trecho verificados na análise dos dados de qualidade da água.

Por meio da relação de áreas contaminadas divulgada pela CETESB (2018), foram mapeadas aquelas incidentes na área de estudo, identificando as com potenciais impactos nas águas superficiais.

Com base nos dados dos sistemas de esgoto fornecidos pelas entidades responsáveis pelo saneamento nos municípios, foram identificadas as áreas urbanas desprovidas de sistemas públicos de coleta e tratamento de esgoto, que também foram classificadas quanto à tipologia de ocupação para melhor compreensão dos fatores de perigo.