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Uma das dificuldades em realizar um diagnóstico da Doença de Alzheimer é a aceitação da demência como conseqüência normal do envelhecimento.

O diagnóstico da Doença de Alzheimer é feito por meio da exclusão da possibilidade de outras doenças que também evoluem com quadros demências. Por exemplo:

• Traumatismos cranianos • Tumores cerebrais

• Acidentes Vasculares Cerebrais • Arterioesclerose

• Intoxicações ou efeitos colaterais de medicamentos • Intoxicação por drogas e álcool

• Depressão • Hidrocefalia • Hipovitaminoses • Hipotireoidismo

No entanto, o fato de maior relevância no momento de um diagnóstico de um caso de demência, sobretudo nos dias atuais, é formar um quadro geral dos aspectos gerais concernentes à vida pessoal, deficiências físico-mentais, histórico familiar, assim como da dependência ou necessidade especifica de drogas e fármacos.

A Tabela 3 resume as principais áreas de investigação propostas (Bouchard, Rossor 1996) que devem ser consideradas durante o exame de um paciente no qual se suspeita um possível desenvolvimento de demência de Alzheimer.

Tabela 3 - Passos para identificação de um possível caso de demência (Bouchard, Rossor 1996)

Histórico Médico Geral Histórico Neurológico Geral

Histórico Neurocondutivo (para diagnóstico de demência) Histórico Psiquiátrico

Histórico de Tóxicos, fármacos e alimentação Histórico Familiar

Exploração física objetiva, neurológica e psicológica.

O protocolo para diagnóstico da doença de Alzheimer começa com a tentativa de verificar a existência ou não de um quadro de demência. Caso a demência seja verificada, dever-se-á intensificar a investigação, de modo a defini-la como mal de Alzheimer ou não.

O aspecto mais relevante para o diagnóstico é o histórico neurocondutivo do paciente. Nessa etapa especifica da investigação, avaliam-se as alterações cognitivas sofridas pelo paciente. Em geral, essas alterações são os pontos motivadores de os parentes ou mesmo pacientes procurarem ajuda profissional, visto que uma alteração no comportamento cognitivo pode causar problemas no âmbito profissional, assim como no pessoal.

Dentre os fatores de alteração cognitiva inicialmente identificados, podemos citar, sobretudo, a perda de memória recente; porém, falta de orientação, problemas na linguagem, na capacidade de entendimento de leitura, escrita e cálculo, resolução de problemas, capacidade de planejamento, capacidade de organização, reconhecimento de pessoas, tomada de decisão e gerenciamento da vida financeira afiguram-se como os fatores mais listados na literatura como indicativos da doença, assim como são notadamente os que mais despertam a atenção das pessoas.

O quadro médico geral do paciente também pode ser um bom indicativo da doença: males como hipertensão, diabetes, e doenças do coração em geral possuem influencia direta ou indireta no funcionamento cerebral, por isso devem ser reportados e analisados pelo médico.

Da mesma forma, os antecedentes neurológicos podem fornecer informações úteis ao médico, tais como lesões vasculares cerebrais (como AVCs) e inflamações do sistema nervoso central. Em especial, sinais neurológicos, tais como perda de força, alteração na coordenação motora, diminuição da visão, devem ser analisados e

reportados, pois afiguram como importantes fatores relacionados possivelmente a lesões no córtex.

A existência de um histórico psiquiátrico é da mesma forma relevante ao diagnóstico. Ansiedade e depressão podem levar a um quadro de demência; no entanto, essa informação, tal como todas as outras, deve ser levada em consideração de maneira conjugada com as demais, pois estresse, momentos de forte emoção, problemas familiares, dentre outras situações, podem levar a um indicativo errôneo de demência.

Outro ponto a se considerar é o uso/dependência de drogas ou fármacos. É sabido que a grande maioria das drogas possui efeito direto no cérebro, alterando momentaneamente ou permanentemente as capacidades cognitivas do individuo, assim como ocorre com fármacos.

Não menos importante, tal como citado anteriormente, o histórico familiar de casos de demência aumenta a possibilidade de um paciente desenvolver Alzheimer, informação esta que, conseqüentemente, deve ser levantada e levada em consideração.

Uma vez analisadas todas essas informações, o médico ainda dispõe de exames específicos para validar suspeitas especificas. Na próxima seção, serão descritas algumas das possibilidades de exame, e o presente trabalho será contextualizado no escopo de auxílio ao diagnóstico.

2.4.1 Exames

A última etapa do processo de diagnóstico são os exames. Existem diversos exames que auxiliam direta ou indiretamente no diagnóstico. Dentre aqueles para auxilio direto, podemos citar:

• Exames Físicos • Exames Neurológicos • Exames Neuropsicológicos • Exames Laboratoriais

No entanto, os exames não fornecem necessariamente informação comprobatória a suspeitas previamente levantadas, tal como ocorre em outras doenças, como câncer, em que se pode ter certeza de sua existência por meio, por exemplo, de um exame de CT ou MRI.

Exames de valor indireto não serão abordados neste trabalho.

Os exames de interesse a este trabalho referem-se aos de imaginografia neural, em especial a Ressonância Magnética. Sendo assim, uma discussão mais aprofundada a respeito dos demais tipos de exames é deixada a cargo da literatura médica especifica. Ao final deste capítulo, é apresentada uma breve descrição de fontes para mais informações a respeito de Alzheimer.

Figura 2 – imagens de ressonância magnética. A – paciente de controle não portador de Alzheimer; B – paciente portador de Alzheimer. (ref)

Tratando especificamente de neuro imagens, pode-se verificar, em A, apresentado na Figura 2, uma imagem de ressonância magnética de um paciente não portador da doença de Alzheimer. Já em B, a imagem de um paciente em que a doença se desenvolveu. É possível notar uma degeneração significativa na área dos ventrículos, porém o aprofundamento dos sulcos cerebrais fornece um indicativo considerável da existência da doença.

Figura 3 –Cérebros post-morten de: A –não portador de Alzheimer; B – portador de Alzheimer

Na Figura 3 são apresentados um cérebro post morten de uma pessoa não portadora e o de uma portadora, respectivamente, após a remoção da meninge; vê-se claramente que os sulcos cerebrais do cérebro afetado pelo mal de Alzheimer são mais profundos, e que o cérebro é, de certo modo, mais esparso, e o volume cortical, menor.

Analisando a Figura 2 e a Figura 3, de maneira conjunta, assim como discutido anteriormente, o mal de Alzheimer está diretamente relacionado à atrofia do córtex.

Embora seja possível avaliar tal aspecto visualmente, a comparação do grau de atrofia de um dado cérebro é feita, atualmente, com base na experiência clínica do radiologista, pois, como o cérebro de um indivíduo nunca é igual ao de outro, não se pode gerar uma comparação direta entre eles. O presente trabalho propõe, portanto, uma alternativa de comparação, fornecendo embasamento e ferramentas computacionais que permitam a definição de cérebros médios para uma população em questão, dessa forma contribuindo com uma base sólida e estatisticamente representativa para a efetiva avaliação da atrofia cerebral.

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