• Nenhum resultado encontrado

1 INTRODUÇÃO

3.3 Diagnósticos de enfermagem de pacientes submetidos à colecistectomia

A colecistectomia laparoscópica, desde a sua introdução no Brasil, iniciou uma verdadeira revolução na cirurgia abdominal, difundindo-se em toda comunidade cirúrgica mundial de forma muito rápida. Demonstrou vantagens como menor trauma cirúrgico, menor tempo de exposição do paciente aos agentes anestésicos, menores risco de desenvolver infecções, retorno mais rápido as atividades rotineiras, melhores resultados estéticos e um avanço importante determinado pela redução do tempo de permanência no hospital (RÊGO et al., 2003). Entretanto, também passou a exigir do enfermeiro do Centro de recuperação pós- anestésica uma maior atenção aos aspectos que envolvem o auto cuidado do paciente após alta hospitalar. Através do estabelecimento e da resolução ou não dos diagnósticos de enfermagem, o enfermeiro pode direcionar o tipo de atenção que será dada a um determinado paciente e, assim, realizar um melhor planejamento das orientações e informar ao paciente sobre as possíveis complicações no pós-operatório.

A seguir, apresentaremos na Tabela 6, os diagnósticos de enfermagem identificados nos pacientes submetidos à colecistectomia laparoscópica de acordo com o seu tempo de resolutividade ou não para cada diagnóstico identificado.

Tabela 6 – Distribuição do tempo de permanência dos diagnósticos de enfermagem em pacientes submetidos a colecistectomia laparoscópica. Ribeirão Preto, 2004

Integridade tissular prejudicada Risco para infecção Percepção sensorial perturbada Risco para aspiração Risco para função respiratória alterada Hipotermia Risco para temperatura corporal alterada Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais Dor aguda Paciente n=15

Permanência ou não do diagnóstico de enfermagem no centro de recuperação pós-anestésica

1 INR INR 90 90 90 30 NI INR NI

2 INR INR 30 30 NI 30 NI NI 30

3 INR INR 45 45 30 60 NI NI 30

4 INR INR 60 60 60 60 NI NI NI

5 INR INR 50 50 90 NI 90 INR 60

6 INR INR 30 30 60 NI 45 INR NI

7 INR INR 60 60 60 NI 90 NI 30

8 INR INR 60 60 NI 45 NI NI NI

9 INR INR 30 30 45 45 NI NI NI

10 INR INR 45 45 45 60 NI NI NI

11 INR INR 30 30 45 60 NI NI NI

12 INR INR 60 60 90 NI 120 INR NI

13 INR INR 30 30 90 60 NI INR NI

14 INR INR 60 60 NI NI 90 NI 30

15 INR INR 60 60 60 NI 30 NI NI

INR = quando o diagnóstico de enfermagem foi identificado e não foi resolvido durante a permanência do paciente no centro de recuperação; NI = quando o diagnóstico de enfermagem não foi identificado durante a permanência do paciente no centro de recuperação;

Os números indicam (30, 45, 60, 90, 120) o tempo em minutos de permanência do diagnóstico de enfermagem nos pacientes no centro de recuperação pós-anestésica

Os diagnósticos de enfermagem Risco para infecção e Integridade tissular prejudicada ocorreram em todos os 15 pacientes avaliados (100%), o diagnóstico de enfermagem Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais foi observado em cinco pacientes dos 15 avaliados (33,3%). Os pacientes apresentaram esses três diagnósticos desde a sua admissão no centro de recuperação pós-anestésica e continuaram apresentando após a alta hospitalar. Para os diagnósticos de Integridade tissular prejudicada e Risco de infecção tal fato se deve ao procedimento cirúrgico realizado, pois ocorre um dano na pele e nos tecidos subcutâneos, rompendo a barreira epitelial e desencadeando uma série de reações sistêmicas que podem facilitar a ocorrência de um processo infeccioso, podendo ser originário do próprio campo operatório ou de outro procedimento invasivo realizado neste momento (FERNANDES, 2000; SABISTON JR., 2002).

O diagnóstico de enfermagem Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais também permaneceu após a alta do paciente submetido à colecistectomia

laparoscópica, pois o paciente já o apresentava antes da realização da cirurgia. Ressaltamos que informações sobre perda e controle de peso e reeducação alimentar devem ser realizadas com esses pacientes a fim de estimulá-los a ingestão de uma dieta mais saudável e mais balanceada.

Os diagnósticos de enfermagem Percepção sensorial perturbada, Risco para aspiração e Risco para função respiratória alterada foram identificados respectivamente em 15 (100%), 15 (100%) e 12 (80%) dos pacientes, esses três diagnósticos de enfermagem foram estabelecidos em decorrência do uso de drogas anestésicas para a realização do procedimento cirúrgico. Essas drogas alteram a quantidade ou o padrão da percepção de estímulos recebidos; possuem efeitos adversos desagradáveis como náusea e vômitos e possuem na maioria das vezes efeitos depressores do sistema respiratório (GOODMAN; GILMAN, 2003; SABISTON JR., 2002).

Uma das condições para que os pacientes tenham alta do centro de recuperação pós- anestésica e alta hospitalar é que todos esses três diagnósticos de enfermagem tenham sido considerados resolvidos. Todos esses diagnósticos foram identificados na primeira avaliação realizada no paciente, ou seja, nos primeiros 15 minutos de sua permanência no centro de recuperação pós-anestésica e foram considerados resolvidos conforme os efeitos das drogas anestésicas foram sendo amenizados e o paciente apresentava-se mais acordado, mantendo os seus olhos abertos, conversando adequadamente, movimentando-se no leito e mantendo um adequado padrão respiratório.

O tempo mínimo para resolução do diagnóstico de enfermagem de Percepção sensorial perturbada e Risco para aspiração foi de 30 minutos e o máximo de 90 minutos, com média de resolução desses diagnósticos de 50 minutos. Para o diagnóstico de enfermagem Risco para função respiratória alterada, o tempo mínimo para sua resolução foi de 30 minutos e o máximo de 90 minutos, com média de 63,8 minutos de permanência desse diagnóstico.

Os diagnósticos de enfermagem Hipotermia e Risco para temperatura corporal desequilibrada estiveram presentes respectivamente em nove (60%) e seis (40%) dos 15 pacientes avaliados nesse estudo. Assim como os diagnósticos apresentados anteriormente, esses também foram estabelecidos tão logo o paciente foi admitido no centro de recuperação pós-anestésica. Foram considerados resolvidos quando o paciente encontrava-se normotérmico, de acordo com valores estabelecidos previamente, ou quando não apresentasse mais os fatores de riscos no caso de diagnóstico de Risco para temperatura corporal desequilibrada. O tempo mínimo de permanência do diagnóstico de Hipotermia foi de 30 minutos e o máximo 60 minutos. A média de permanência desse diagnóstico foi de 50 minutos. O diagnóstico de Risco para temperatura corporal desequilibrada manteve-se presente nos pacientes por no mínimo 30 minutos e no máximo 120 minutos, com média de permanência de 77,5 minutos.

O diagnóstico de enfermagem Dor aguda teve seu momento de estabelecimento diferente dos demais citados anteriormente, pois não foi detectado a partir da primeira avaliação realizada. Na Tabela 6, nota-se que o diagnóstico de enfermagem de dor aguda esteve presente por no mínimo 30 minutos e no máximo por 60 minutos nos pacientes em período pós-operatório de colecistectomia laparoscópica. A média para a resolução desse diagnóstico foi de 36 minutos.

O diagnóstico de Dor aguda começou a manifestar-se nos pacientes que o apresentaram a partir de sua segunda hora de permanência no centro de recuperação pós- anestésica. O fato de os pacientes terem apresentado manifestações desse diagnóstico de enfermagem mais tardiamente pode estar relacionado ao término do efeito das drogas anestésicas e dos analgésicos utilizados no trans-operatório. Tão logo esse diagnóstico era estabelecido medicações analgésicas eram administradas ao paciente após seu consentimento e conforme prescrição médica. Observamos que apenas um paciente permaneceu com dor na

avaliação subseqüente ao seu estabelecimento, sendo resolvida logo em seguida. Nenhum paciente desse estudo recebeu alta hospitalar do centro de recuperação pós-anestésica na vigência de dor.

A dinâmica de identificação e resolução dos diagnósticos de enfermagem, nos diferentes períodos de avaliação do pós-operatório imediato de colecistectomia laparoscópica, reforça a importância do trabalho realizado pelo enfermeiro que deve estar atento a evolução dos pacientes que ocorre rapidamente. Esse fato é reforçado uma vez que a maioria desses pacientes recebe alta hospitalar no mesmo dia da realização da cirurgia, necessitando de uma rápida identificação de possíveis complicações bem como de sua solução imediata.

Documentos relacionados