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DIAGNÓSTICOS E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NA VENTILAÇÃO

No documento ANA PAULA MENDES VIEIRA (páginas 59-67)

De acordo com Swearingen (2005), os critérios de diagnósticos e intervenções de

enfermagem ajudam a esclarecer as condutas prestadas pelos enfermeiros aos pacientes em

ventilação mecânica invasiva. Seguem alguns abaixo:

1) Troca de gases prejudicada relacionada ao suprimento alterado de oxigênio, em conseqüência

da distribuição do volume de ar corrente não-fisiológico associada à ventilação mecânica.

Resultado esperado: o paciente tem troca de gases adequadas, evidenciado pela PaO2 > 60

mmHg; PaCO2 35-45 mmHg; SpO2 > ou igual 92%; SvO2 > ou igual 60%; freqüência

respiratória (FR) 12-20 movimentos/minuto.

 Observe, documente e comunique quaisquer mudanças na condição do paciente relacionadas

com piora do sofrimento respiratório.

 Posicione o paciente de forma a permitir máximo de conforto e ventilação alveolar.

Lembre-se que em situações normais o pulmão dependente recebe mais ventilação e mais fluxo

sangüíneo que o pulmão não-dependente; entretanto, durante a ventilação mecânica, a porção

dependente do pulmão recebe menor distribuição de volume de ar corrente do que as áreas

não-dependentes.

 Analise os resultados de saturação de oxigênio e da gasometria arterial com o paciente em

posições diferentes, a fim de determinar a ventilação adequada.

 Use os princípios de drenagem postural quando apropriado.

 Em caso de patologia pulmonar unilateral, posicione o paciente com o pulmão saudável no

nível mais baixo.

 Em caso de patologia pulmonar bilateral, posicione o paciente em decúbito lateral direito,

visto que o pulmão direito tem maior área de superfície. Se os resultados da gasometria

arterial mostrarem que o paciente tolera a posição de decúbito lateral esquerdo, alterne entre

as duas posições.

 Vire o paciente de 2 em 2 horas ou mais freqüentemente, se ocorrerem sinais de deterioração

das condições pulmonares.

 Verifique se o ventilador tem parâmetros e funcionamento corretos, incluindo FiO2, volume

corrente, freqüência, modo, pressão inspiratória de pico, volume e ritmo de suspiros, bem

como a temperatura dos gases inspirados. Além disso, certifique-se que os circuitos estão

fixos e os alarmes configurados.

 Mantenha os circuitos do ventilador livres de água condensada e secreções expectoradas,

porque tais líquidos podem obstruir o fluxo de entrada e saída de gases.

 Monitorize os resultados de exames. Mantenha-se alerta em relação a diminuições na PaO2

(pressão média de oxigênio) ou aumentos na PaCO2 (pressão média de dióxido de carbono)

com redução concomitante no pH (<7,35), o que pode sinalizar trocas inadequadas de gases.

Também observe se não há redução de PaCO2 (<35 mmHg) com aumento do pH (>7,45), o

que pode significar hiperventilação mecânica. Comunique ao médico sobre as arritmias que

podem ocorrer até com alcalose modesta, se o paciente tiver doença cardíaca ou estiver

recebendo medicações inotrópicas.

 Mantenha o reanimador manual (ambu) junto à cama para ventilação, caso haja mau

funcionamento do equipamento.

2) Desobstrução ineficaz das vias aéreas relacionada à alteração na estrutura anatômica,

resultante da presença de um tubo endotraqueal ou traqueostomia.

Resultado esperado: o paciente mantém vias aéreas permeáveis, evidenciado pela ausência de

ruídos respiratórios adventícios ou sinais de sofrimento respiratório, como ansiedade e

inquietude.

 Avalie e documente os ruídos respiratórios em todos os campos pulmonares pelo menos de 2

em 2 horas. Repare na qualidade, na presença ou na ausência de sons adventícios.

 Procure por sinais de inquietude e ansiedade que possam sinalizar uma obstrução precoce das

vias aéreas.

 Usando uma técnica estéril, aspire as secreções do paciente, baseado na avaliação dos achados

na ausculta pulmonar, a fim de manter as vias aéreas desobstruídas. Documente a quantidade,

a cor e a consistência das secreções traqueobrônquicas. Comunique quaisquer mudanças

significativas (como o aumento na produção de secreções, retenção de secreções, escarro

sanguinolento) ao médico. Além disso, documente a tolerância do paciente ao procedimento

de aspiração.

 Mantenha a temperatura correta (32° a 36°C) dos gases inspirados. O ar frio irrita as vias

aéreas e o ar quente pode queimar tecidos pulmonares frágeis

 Mantenha a umidificação dos gases inspirados para que a mucosa traqueal não resseque.

Além disso, sem umidificação as secreções traqueobrônquicas podem se tornar espessas e

aderidas, criando tampões de secreção que põem o paciente em risco de desenvolver

atelectasias e infecções.

3) Padrão respiratório ineficaz relacionado à ansiedade, decorrente do uso de ventilação

mecânica.

Resultados desejados: o paciente exibe uma freqüência respiratória estável de 12 a 20

mov/min (sincronizado com o ventilador) e ausência de inquietação, ansiedade, letargia e/ou o

soar do alarme de alta pressão.

 Fique atento à evidência de que o paciente está competindo com o ventilador: o disparo do

alarme de alta pressão é freqüente quando o paciente respira contra a inspiração mecânica ou

há o desencontro entre a freqüência respiratória do paciente e o ciclo do ventilador.

 Monitorize a freqüência e a qualidade respiratória e fique atento a sinais de dificuldade

respiratória (como taquipnéia, hiperventilação, ansiedade, inquietude, letargia e cianose, que é

um sinal tardio).

 Ensine ao paciente a técnica de relaxamento muscular progressivo. Permaneça com ele até

que a respiração esteja sob controle. Reafirme ao paciente que ele estará apto a sincronizar a

respiração com o ventilador assim que relaxar.

 Para inquietação, administre medicação para dor ou sedação, quando prescrita; a agitação

4) Risco para infecção relacionado à elevada exposição ambiental (equipamento respiratório

contaminado); destruição de tecidos (durante intubação ou aspiração); procedimentos

invasivos (intubação, aspiração, presença de um tubo endotraqueal).

Resultado esperado: o paciente não apresenta infecção evidenciado pela temperatura normal;

contagem de leucócitos < ou igual 11.000/mm3; escarro claro; resultado da cultura de escarro

negativa.

 Avalie se o paciente tem sinais e sintomas de infecção, incluindo a temperatura > 38°C,

taquicardia (FC > 100 bpm), eritema de traqueostomia e escarro de odor fétido. Documente

todos os achados significativos.

 Para minimizar o risco de contaminação cruzada, lave as mãos antes e depois do contato com

as secreções respiratórias de qualquer paciente (mesmo que esteja usando luvas) e antes e

depois do contato com paciente submetido à intubação.

 Mantenha o balonete com pressão inflado e, a menos que contra-indicado, a cabeceira da

cama elevada à 30° a 45°, especialmente para pacientes recebendo alimentação gástrica

contínua. Monitorize o paciente em relação ao refluxo de alimentos, assim como em relação a

sinais de intolerância à alimentação (ausência de ruídos intestinais, distensão abdominal,

resíduos alimentares > 100 ml), os quais podem precipitar vômitos e resultar na aspiração

pulmonar de conteúdo gástrico.

 Lembre-se de que as bactérias e os germes podem ser introduzidos facilmente durante a

aspiração. Siga as técnicas padronizadas:

- Use uma técnica asséptica durante o processo de aspiração, incluindo o uso de cateteres

estéreis, luvas e soluções de aspiração e lavagem.

- Aspire a árvore traqueobrônquica antes de aspirar a orofaringe, para evitar a introdução de

patógenos da cavidade oral na árvore traqueobrônquica.

- Nunca guarde ou use novamente um cateter de aspiração descartável. Prefira o uso de um

sistema fechado para aspiração.

- Troque as extensões e as válvulas de aspiração dentro do tempo estabelecido pelo protocolo

da instituição. Submeta as válvulas à desinfecção a cada novo paciente, troque as extensões.

5) Feche bem o frasco de solução fisiológica usada para aspiração. Assegure que o frasco esteja

marcado com data e hora; jogue fora as porções que não forem usadas dentro do período

estabelecido pelo protocolo da instituição.

 Para reduzir o risco de infecção causado por trauma ou contaminação cruzada, aspire quando

necessário, e não rotineiramente.

 Lave bem as mãos e use luvas esterilizadas ao realizar os cuidados com a traqueostomia, a fim

de prevenir a colonização do ostoma com bactérias provenientes das mãos do profissional.

 Providencie higiene oral pelo menos a cada 4 a 8 horas para prevenir o crescimento exagerado

da flora normal e bacilos aeróbios gram-negativos. Aspire a orofaringe para prevenir o

acúmulo de secreções.

 Lembre que os reservatórios de água e equipamento do ventilador podem ser fontes potenciais

de contaminação e siga estas precauções:

- Use líquidos estéreis em todos os umidificadores e nebulizadores.

- Troque todos os circuitos ventilatórios dentro do período estabelecido pelo protocolo da

instituição, ou antes, se estiverem sujos com secreções.

- Esvazie as secreções expectoradas e a água condensada nos tubos, depositando-as em

frascos anexados aos circuitos. Evite a desconexão dos circuitos e não permita que as

secreções drenem de volta ao paciente.

- Esvazie os frascos de coleta de água durante cada conferência do ventilador.

- Ao desconectar o paciente dos circuitos do ventilador, mantenha as extremidades dos

conectores estéreis colocando-os de gaze abertas e esterilizadas. Evite a desconexão

desnecessária.

- Mantenha os conectores em bolsas de reanimação (ambus), limpas e livres de secreções,

entre o uso. Embora nenhum dado sugira que as bolsas devam ser trocadas com freqüência

quando usados em somente um paciente, elas não devem ser usadas entre pacientes sem

esterilização.

 Esteja consciente de fatores de risco especiais com traqueostomias e intervenha de acordo

com o seguinte:

- Mantenha a cânula de traqueostomia em uma posição segura e adequada para evitar a

irritação do ostoma decorrente de muito movimento.

- Troque os cadarços da traqueostomia a cada 24 horas ou mais freqüentemente, se estiverem

muito sujas com secreções ou exsudato das feridas.

- Tenha cuidados com o ostoma pelo menos de 8 em 8 horas, usando técnica asséptica até que

ele esteja totalmente curado. Mantenha a área em torno dele seca em todos os momentos para

prevenir maceração e infecção. Troque o curativo do ostoma quando necessário, para

mantê-lo seco.

- Evite o uso de gazes de algodão ou outros materiais que possam abrigar pequenas fibras. O

paciente pode aspirá-las, e isto pode levar à infecção.

- Use uma técnica asséptica (incluindo o uso de luvas estéreis e biombos) quando da troca da

cânula de traqueostomia.

 Encaminhe culturas de secreções ou drenagens da ferida; administre antibióticos como

prescrito.

6) Ansiedade relacionada a uma ameaça real ou percebida ao estado de saúde, em conseqüência

da necessidade ou presença de ventilação mecânica.

Resultado esperado: até 12 horas após o início da ventilação mecânica, o paciente relata a

presença de conforto emocional e exibe uma redução na irritabilidade, com a freqüência

cardíaca dentro dos seus limites normais.

 Assegure ao paciente e aos acompanhantes que o suporte ventilatório pode ser uma medida

temporária até que o processo fisiopatológico atual seja resolvido, pois o público em geral

tende a relacionar a colocação do ventilador com um estado vegetativo, crônico e desprovido

de esperança. Ao final do processo, o ventilador será retirado do paciente.

 Assegure ao paciente que ele não será deixado sozinho.

 Explique todos os procedimentos para o paciente e familiares/acompanhantes antes que sejam

realizados. Informe ao paciente sobre o seu progresso.

 Descreva o sistema de alarme, explicando que ele irá alertar a equipe em caso de desconexão

acidental.

 Forneça um mecanismo de comunicação ao paciente (por exemplo, um quadro de figuras,

7) Troca de gases prejudicada (ou risco) relacionada à alteração no suprimento de oxigênio,

decorrente da retirada da ventilação mecânica.

Resultado esperado: o paciente tem troca de gases adequada.

 Mantenha o paciente numa posição confortável para melhorar a ventilação. Muitos pacientes

acham que a posição de semi-fowler favorece a respiração eficaz.[

 Fique atento a indicadores de hipóxia, incluindo taquicardia, taquipnéia, arritmias cardíacas,

ansiedade e agitação.

 Avalie e registre sinais vitais a cada 15 minutos durante a primeira hora após o desmame,

após de uma hora em uma hora, se o paciente estiver estável. Comunique achados

significativos ao médico, como esforço respiratório aumentado, hiperventilação, ansiedade,

letargia e cianose.

 Confira o volume corrente do paciente depois dos primeiros 15 minutos da retirada e quando

necessário. O volume ideal é de 5 a 10 ml/kg.

 Obtenha uma amostra para gasometria arterial 20 minutos após o início do desmame, ou

conforme prescrito. Se possível, monitorize a saturação de oxigênio e confira se há valores

fora dos limites normais.

8) Ansiedade relacionada à ameaça percebida ao estado de saúde, decorrente do processo de

desmame.

Resultado esperado: até quatro horas após o início do processo de desmame, o paciente

expressa ter alcançado conforto emocional e não apresenta sinais de ansiedade prejudicial

como evidenciado pela freqüência cardíaca < ou igual 100 bpm; freqüência respiratória < ou

igual 20 mov/min e pressão arterial dentro dos limites normais do paciente.

 Antes do desmame da ventilação, converse com o paciente e acompanhantes sobre os planos

deste processo. Explique que a condição do paciente será avaliada em intervalos freqüentes

durante o processo. Forneça tempo para perguntas e respostas sobre o procedimento.

 Fique com o paciente durante a fase inicial de desmame, mantendo-o informado sobre os

progressos que estão sendo feitos. Forneça respostas positivas a esforços positivos.

 Ensine ao paciente a técnica de relaxamento muscular progressivo, a qual pode reduzir a

 Oriente o paciente a respirar profundamente, se ele tiver capacidade para isso. Isso pode

dar-lhe a confiança de saber que pode iniciar e sustentar a respiração independente.

 Deixe a campainha de chamada ao alcance do paciente antes de deixar a cabeceira da cama.

2.11. CONHECIMENTO TÉCNICO E CIENTÍFICO DE ENFERMAGEM

No documento ANA PAULA MENDES VIEIRA (páginas 59-67)

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