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2.2 Produtos de Deteção Remota

2.4.2 DIAS

No programa Copernicus, os dados originários das diferentes missões eram disponi- bilizados em plataformas distintas. Alguns dos quais referidos ao longo da Secção2.4.1. Sendo que o utilizador era o responsável por descarregar, processar e armazenar os pro- dutos computados. De forma a facilitar e standardizar o acesso aos dados, em 2018, fo- ram financiadas cinco plataformas baseadas em tecnologias decloud: CREODIAS [100], ONDA[101], Mundi [102], WEkEO [103] e Sobloo [104]. Estas são conhecidas como Data and Information Access Services (DIAS). E, para além de oferecerem um acesso centrali- zado, também disponibilizam ferramentas de processamento. Nesta fase da descrição é legítimo questionar: se o objetivo é que exista um único ponto de acesso a estes dados, por que motivo foram desenvolvidas cinco plataformas? A justificação desta decisão passa pelo estímulo à competitividade entre os fornecedores destas. Esta estratégia procura elevar a qualidade do serviço, beneficiando o utilizador final.

As cinco plataformas DIAS não se limitam a disponibilizar os dados do programa Copernicus. Providenciam também a habilidade de processar e combinar dados de outras fontes. Em relação aos dados disponibilizados, nestes estão incluídos os dados do Senti- nel (ESA e EUMETSAT), dos produtos dos serviços Copernicus, de satélites comerciais, entre outros. Através deste acesso transversal, é possível que os utilizadores desenvolvam novas aplicações hospedadas nacloud. Eliminando a necessidade de descarregar grandes

volumes de ficheiros de múltiplas fontes de forma a processá-los localmente.

Cada uma destas plataformas apresenta, dentro do âmbito geral, uma proposta di- ferente aos seus utilizadores. No entanto serão abordadas apenas as plataformas CRE- ODIAS e ONDA, pois as suas funcionalidades são representativas das potencialidades destas cinco plataformas DIAS. A verdade é que as plataformas CREODIAS e ONDA encontram-se em níveis de maturidade superiores às restantes, não só em relação às funcionalidades apresentadas, mas também no que diz respeito aos produtos disponibili- zados.

CREODIAS. Começando pelo CREODIAS, esta é uma infraestrutura cloud adaptada

para processar e armazenar grandes volumes de dados de observação terrestre. A capa- cidade de processamento é acessível aos utilizadores através das ferramentas disponi- bilizadas. Focando a análise no repositório, este armazena atualmente 10,5 petabytes com crescimentos diários de 20 terabytes [105]. Contendo uma total cobertura espacial e temporal dos produtos do Sentinel-2, -3 e -5P, do Landsat (5 ao 8), do Envisat/Meris e dos serviços Copernicus. Em relação ao Sentinel-1, só alguns produtos estão acessíveis com cobertura total, que é o caso do Sentinel-1 GDR. No caso do Sentinel-1 SLC, este tem cobertura temporal total em território europeu, mas fora da Europa a cobertura é de apenas seis meses. Adicionalmente, são disponibilizados conjuntos de dados de ou- tros fornecedores, tanto comerciais como entidades que computaram os seus produtos na plataforma CREODIAS.

As interfaces de acesso aos dados referidos são múltiplas[106]. O principal método de acesso aos dados do CREODIAS é a interface SWIFT/S3, pois estes estão armazena- dos no serviço de armazenamento de objetos Amazon S3, o que é fundamental para a escalabilidade, disponibilidade e desempenho desta solução. A interface referida permite que os utilizadores acedam a produtos ou apenas a parte deste, como cenas e metada- dos. Podendo-se até aceder a partes específicas de um ficheiro, o que é bastante útil em aplicações que necessitem de extrairtiles individuais de imagens em formato JPEG-2000.

Relativamente à pesquisa dos produtos, é disponibilizada uma API REST designada Data Finder API. As interrogações a esta, para além da sua expressividade espaciotempo- ral, permitem filtrar por coleções, tipo de terreno, percentagem de gelo/neve/nuvens/á- gua ou caraterísticas do satélite. Adicionalmente, é possível fazer interrogações com lin- guagem natural (e.g. Lisbon 28 June 2016). Associada a esta API, existe uma interface

gráfica (Fig. I.1) que ajuda o utilizador na geração do URL doendpoint. Ao comparar

com a interface gráfica do Copernicus Open Access Hub, os princípios de desenho são os mesmos. No entanto, o CREODIAS disponibiliza outra página, designada EO Browser (Fig.I.2), focada na visualização e navegação dos dados disponíveis. No geral, esta permite filtrar pelas coleções principais, pela percentagem de nuvens e pelo intervalo temporal. Após obter os resultados, é possível visualizá-los em diferentes bandas e índices (Fig.I.3). Mas o mais distintivo é o facto de permitir fazer pesquisas INSPIRE e interrogações SPARQL. A primeira funcionalidade permite perceber que um dos metamodelos usados é o definido pela diretiva INSPIRE (Secção 2.3.2). Por outro lado, o facto de recorrer a ferramentas daweb semântica permite uma maior expressividade nas interrogações, como

por exemplo, pesquisando imagens do Sentinel-1 que mostrem aeroportos em Espanha. As vantagens desta plataforma são diversas. Para além da diversidade nas interfa- ces de acesso, existe uma oferta vasta nas coleções disponíveis. Sendo que apenas não é feita a disponibilização dos dados, mas também de ferramentas de processamento que maximizem o valor dos dados disponíveis. O facto do processamento ser realizado na infraestrutura do CREODIAS evita que os utilizadores desperdicem grandes volumes de armazenamento em dados raramente acedidos. A gestão da infraestrutura é realizada pelos responsáveis por esta plataforma. Ainda assim, o utilizador tem umdashboard no

qual consegue gerir as máquinas virtuais criadas, tal como nos típicos fornecedorescloud.

Nestas máquinas é possível aceder de maneira eficiente ao armazenamento de objetos referido anteriormente. Em relação ao processamento, este passa por aceder a estas má- quinas, não existindo uma API de computação como no caso do GEE (Secção2.4.5). De realçar que após o processamento de novos produtos, estes podem ser armazenados nesta mesma infraestrutura, sendo isto faturado consoante o volume de dados. Por outro lado, não se identificou nenhum mecanismo que permita integrá-los de forma sistemática no catálogo.

Em relação a alguns dos dados que não estão disponíveis, a plataforma tem aponta- dores para repositórios remotos que facilitam este acesso. Outra caraterística funcional

2 . 4 . C ATÁ L O G O S E P L ATA F O R M A S

importante é a homogeneidade dos metadados, da catalogação, das API e das funcionali- dades entre qualquer coleção presente na plataforma. Finalmente, convém assinalar que a documentação é bastante boa.

ONDA. Passando à plataforma ONDA, esta permite que os seus utilizadores partilhem os seus dados e construam as suas aplicações de deteção remota na cloud. Com este

fim em mente, é disponibilizado um repositório de dados de observação terrestre. Na verdade, esta plataforma ainda se encontra em desenvolvimento, mas já disponibiliza alguns dados e funcionalidades interessantes. No seu repositório estão, neste momento, disponíveis 15 petabytes e incluem todos os produtos dos Sentinel-1, -2 e -3, do Envisat ASAR, do Landsat 8 e dos serviços Copernicus do mar e do terreno. Planeia-se que no futuro sejam incluídos: os produtos do Sentinel-5P; os serviços Copernicus da atmosfera; os produtos do SUOMI NPP, Envisat MERIS, ENVISAT AATSR; os serviços Copernicus de emergência; e alguns conjuntos de dados de mediçõesin situ [107].

Os serviços disponibilizados nesta plataforma subdividem-se em diferentes catego- rias: acesso aos dados; recursos nacloud com ferramentas embutidas de processamento,

desenvolvimento, distribuição e administração; e serviços de gestão. Neste último estão incluídos serviços de armazenamento e disponibilização dos dados de fornecedores ex- ternos. Tal como no CREODIAS, é possível restringir o acesso dos dados a determinados utilizadores. Em relação ao acesso aos dados, os metadados seguem o perfil criado a partir do ISO 19156 referido na Secção2.3.1. Sendo que existe uma lista pré-definida de meta- dados para cada uma das coleções, como por exemplo, dos produtos do Sentinel-1 [108]. Voltando ao acesso, este é feito através da interface gráfica ou das API disponibilizadas. A interface gráfica (Fig.I.4) é bastante semelhante ao Open Hub (Secção2.4.1). Uma vez que a pesquisa não oferece grande expressividade, pois, para além da pesquisa textual, apenas é permitido filtrar pela missão e período de recolha do produto. Quando são apresentados os resultados, existem opções para focar o mapa na zona do produto, para descarregar o produto e para ver mais detalhes. Esta última permite observar os metadados do produto com informação relativa à plataforma, instrumento, sensor, processamento, órbita e geo- grafia. Passando às API disponibilizadas, uma delas recorrendo a ODATA e a outra é uma interface Elastic Node Server (ENS). A API ODATA desenvolvida é bastante semelhante à do Open Hub. Quanto ao ENS, este estende os sistemas de armazenamento de objetos (e.g. S3), estabelecendo uma árvore lógica de nós. Estes nós podem ser localizados, in-

terrogados e acedidos semanticamente através dos seus nomes, desconsiderando os seus formatos e localizações físicas. A verdade é que o arquivo contém milhões de produtos, portanto é importante organizá-los numa hierarquia que antecipe a utilização por parte dos utilizadores.

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