• Nenhum resultado encontrado

No que se refere aos conteúdos trabalhados em sala de aula, por outro lado, vale perguntar se você acredita que: a) as relações entre homens e mulheres, meninos e meninas são matéria exclusiva para as aulas de ciências? b) os meninos têm mais facilidade em matemática e/ou esportes e as meninas são naturalmente mais inclinadas para as artes e a língua portuguesa? c) alguns conteúdos como sexualidade não devem ser tratados como parte do currículo por serem assunto privado e que depende da orientação religiosa de cada um?

Esses exemplos ilustram ocasiões em que a escola – lócus privilegiado de transmissão dessas pautas – pode perpetuar práticas contrárias à diversidade ou, pelo contrário, se tornar um espaço-chave para a sua crítica.

veja a seguir algumas sugestões de temas de debate para você propor a seus/suas alunos/as.

1. A presença da hierarquia do gênero, tratada tanto neste Módulo (Sexualidade) como no Módulo II (Gênero), reflete-se na maior dificuldade de as mulheres negociarem práticas de sexo mais seguro e no desconhecimento e no constrangimento do público feminino em re- lação às temáticas associadas à sexualidade e à saúde reprodutiva. As variações entre a visão e as práticas dos universos masculino e feminino devem ser debatidas com as/os jovens. O que eles e elas acham da dominação masculina? O que deve ser mudado? Como fazer?

2. Consultar se os jovens preferem abordar os assuntos em grupos só de meninas, só de meninos e/ou em grupos mistos, haja vista as diferenças de gênero citadas acima. É im- portante que o/a professor/a estimule também diversos momentos de discussão com estas variações de grupos.

3. Abordar as implicações das atitudes de preconceito em relação à orientação sexual, à Aids, à etnia/raça, ao gênero, à classe. Esta discussão pode ser estimulada por uma con- versa sobre as diversas situações de exclusão social vivenciadas pelas/os jovens no que diz respeito à dominação masculina, à hierarquia social, aos padrões estéticos hegemônicos, aos grupos religiosos, entre outros. Tendo em vista a relevância de se abordarem os direi- tos humanos e os benefícios da solidariedade para a vida coletiva a partir da realidade dos jovens, é interessante perguntar: diante da desigualdade social, de gênero e étnico-racial e da precariedade dos serviços sociais, de educação e de saúde, o que pode ser feito em termos de direitos humanos e atitudes solidárias?

4. Levantar os motivos e as conseqüências da maternidade na adolescência, buscando identificar a percepção e as experiências dos/das jovens. Vários estudos indicam que o

adiamento da maternidade não está relacionado apenas ao acesso à informação e aos mé- todos anticoncepcionais, mas ao significado social da maternidade, principalmente para as mulheres jovens em termos de aquisição de respeito e de novas funções na família e na sociedade.

E veja também as dicas de materiais de apoio que se encontram na bibliografia desta unidade

Casos, filmes, sites, vídeos, livros e jogos indicados neste curso podem ser ótimos companhei- ros no sentido de estimular discussões, ser fonte de consulta e fomentar uma comunicação com os/as estudantes sobre o tema. Muitas vezes, eles e elas não têm com quem conversar so- bre suas dúvidas e interesses. Serviços e atividades de órgãos públicos, universidades, ONGs e outros grupos também se tornam bons parceiros. Para tal, recomendamos avaliar a qualidade dos mesmos e a viabilidade de acesso dos estudantes a essas propostas.

Por meio deste Curso, vocês terão acesso a um rico acervo de recursos educativos sobre os temas trabalhados. Este acervo pode se transformar em um Banco de Dados de referência, a ser compartilhado entre estudantes, educadores, demais profissionais da escola, familiares, membros da comunidade, profissionais de outras instituições, enfim, as pessoas envolvidas de algum modo com as ações pedagógicas. O acervo reúne publicações diversificadas quanto ao tipo (livro, folheto, pôster, manual e vídeo), à produção (autoral e institucional), à origem (ONGs e programas governamentais), e deve ser alimentado por meio de buscas, pedidos de doação e, quando possível, de novas aquisições.

Nos materiais indicados há sugestões de estratégias educativas para jovens e educadores/as. As mesmas devem ser lidas e selecionadas de acordo com o contexto, os objetivos e a população- alvo da ação educativa.

Bibliografia

LOURO, Guacira Lopes. Pedagogia da Sexualidade. In: LOURO, G.L. (org). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte; Autêntica, 1999.

_________. “Corpo, escola e identidade”. Revista Educação e Realidade, v. 25 (2).

VENTURA, Miriam. Direitos reprodutivos no Brasil. São Paulo: Fundação MacArthur, 2002.

Webibliografia

CEBRAP/MINISTÉRIO DA SAÚDE. Comportamento Sexual da População Brasileira e Percepções do HIV/Aids: relatório final de pesquisa. Campinas : CEBRAP/NEPO, 1999. Disponível em: http://www.nepo.unicamp.br/textos_publish/relatorios/ aids.pdf Acesso em: 25 jun. 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. (Programa Nacional de DST/AIDS). Boletim Epidemiológico - Aids e DST. Brasília, v.1, n.1, jan./jun. 2004. Disponível em: http://www.aids.gov.br/data/documents/storedDocuments/%7BB8EF5DAF-23AE-4891 -AD36-1903553A3174%7D/%7B47CC4C73-91C6-4E44-A670-3D92ADF2A59E%7D/BOLETIM2.pdf Acesso em: 25 jun. 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual do Multiplicador Adolescente. Brasília, 1997; 2003. Disponível em: http://bvsms. saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd08_15.pdf Acesso em: 25 jun. 2008.

HEREK, Gregory M. Beyond Homophobia: Thinking About Sexual Prejudice and Stigma in the Twenty-First Century. In: Sexuality Research and Social Policy, v. 1, n. 2, p.6-24, 2004 Disponível em: http://caliber.ucpress.net/doi/pdfplus/10.1525/ srsp.2004.1.2.6 Acesso em: 25 jun. 2008.

MOTT, Luiz. Violação dos direitos humanos e assassinato de homossexuais no Brasil. Salvador: Grupo Gay da Bahia, 2000. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/manuais/dht/br/mott_assassinatos_h/index.html Acesso em: 25 jun. 2008. MONTEIRO, Simone; VARGAS, Eliane Portes. Banco de Materiais Educativos sobre DST/Aids e temas afins, 1990-2000. Disponível em: http://www.nadd.prp.usp.br/cis/DetalheItem.aspx?cod=B30 Acesso em: 25 jun. 2008.

MONTEIRO, Simone. Qual prevenção?: Aids, gênero e sexualidade em uma favela carioca. Rio de Janeiro: Editora Fio- cruz, 2002. Resenha disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132003000200012- &lng=es&nrm=iso&tlng=es Acesso em: 25 jun. 2008.

PAIVA, Vera; LIMA, Tiago Novaes; SANTOS, Naila et al. Sem Direito de Amar?: a vontade de ter filhos entre homens (e mu- lheres) vivendo com o HIV. Psicol. USP [online], São Paulo. v. 13, n. 2, p.105-133, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642002000200007&lng=en&nrm=iso&tlng=pt Acesso em: 25 jun. 2008. PARKER, Richard & CAMARGO Jr., Kenneth Rochel de. Pobreza e HIV/AIDS: Aspectos antropológicos e sociológicos. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.16, suppl.1, p. S89-S102, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/ v16s1/2215.pdf Acesso em: 25 jun. 2008.

RAMOS, Silvia, CARRARA, Sérgio. A constituição da problemática da violência contra homossexuais: a articulação entre ati- vismo e academia na elaboração de políticas públicas. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.16, n. 2, p.185-205, 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312006000200004&lng=en&nrm=iso Acesso em: 25 jun. 2008.

RIOS, Roger Raupp. Para um direito democrático da sexualidade. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v.12, n.26, p.71- 100, Jul./Dez. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ha/v12n26/a04v1226.pdf Acesso em: 25 jun. 2008.

VARGAS, Eliane Portes. Banco de Vídeos Educativos no campo da saúde: corpo, sexualidade e temas afins 1988 – 1996. Disponível em: http://www.nadd.prp.usp.br/cis/DetalheItem.aspx?cod=B51

Acesso em: 25 jun. 2008.

WELZER-LANG, Daniel. A construção do masculino: dominação das mulheres e homofobia. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v.9, n.2, p.460-482, 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2 001000200008&lng=en&nrm=iso&tlng=pt Acesso em: 25 jun. 2008.

Jogos Educativos

Jogo Zig Zaids - um jogo sobre prevenção da SIDA. Desenvolvido no Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde (Dep- to de Biologia-Instituto Oswaldo Cruz) - FIOCRUZ. Versão completa em Cd-rom do Zig Zaids - 2001. Disponível em: http:// www.fiocruz.br/piafi/zigzaids/index.html Acesso em: 24 jun. 2008.

Jogo Antes, Durante e Depois?: gravidez na adolescência. São Paulo. GTPOS. Material didático que inclui um jogo e várias pranchas com atividades, para a discussão dos vários aspectos do tema com grupos de adolescentes, além de conter textos de apoio para os educadores. Procura dar conta da complexidade do tema da gravidez na adolescência de forma lúdica.

Acervos

Consórcio de Informações Sociais da Anpocs (CIS). São Paulo. http://www.nadd.prp.usp.br/cis/index.aspx vídeo Saúde (Fiocruz): http://www.fiocruz.br/cgi/coilua.exe./sys/start.htm?sid=65

Vamos refletir sobre a orientação sexual e a identidade de gênero na escola a partir dos distintos casos apresentados abaixo, que refletem situações hoje comuns nas escolas brasileiras. Outros relatos poderiam ser aqui adicionados. Provavelmente cada uma/um de nós teria para relatar outras situações seme- lhantes ocorridas no ambiente escolar.

Situação 1 – Em 1999, Paulo, de 14 anos, escreveu para um jornal denun- ciando uma situação de preconceito na sua escola: estava sendo ameaçado de expulsão por ser gay. O problema foi deflagrado pelo fato de esse adolescen- te ter declarado seu amor por um colega, Marcelo. A história correu pelos corredores e Marcelo tornou-se alvo de gozação por parte dos colegas. Paulo passou a ser ameaçado e a direção convocou seu pai e sua mãe para pedir que o retirassem da escola a fim de evitar maiores constrangimentos a Marcelo e a seus familiares. Nas semanas seguintes, outras pessoas escreveram à redação do jornal contando: “eu também passei por isso”.

Situação 2 – Uma diretora de uma escola do interior de São Paulo contou ter tido uma experiência curiosa em 2004. Ao fazer a chamada em uma turma, o aluno Marcos estava sempre ausente. Por outro lado, o nome de Luiza preci- sava ser adicionado. A aluna dizia ter feito a matrícula, no entanto, a direção não conseguia localizar sua ficha e documentação. Concluíram que as mesmas foram extraviadas e uma nova ficha foi preenchida.

A partir da apresentação de três casos reais ocorridos em escolas, o texto co- meça o debate sobre como, na prática, lidar com a diversidade de orientações sexuais e identidades de gênero na escola.

Outline

Documentos relacionados