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SUMÁRIO 1.1 I DENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

4. curadoria e preservação: é encaminhar a gestão e as ações planejadas para promover a curadoria e preservação.

2.9 DICIONÁRIO DE DADOS PREMIS

O Preservation Metadata: Implementation Strategies (PREMIS) foi um grupo de trabalho patrocinado pelo Online Computer Library Center (OCLC) e Research Library Group (RLG), que desenvolveu um conjunto de metadados de preservação, aplicável num amplo leque de contexto de preservação digital, publicado no Data Dictionary for Preservation Metadata: Final Report of the PREMIS Working Group.

O dicionário de dados PREMIS, atualmente, é mantido pelo PREMIS Editorial Committee do Library of Congress e está na versão 2.2 (PREMIS EDITORIAL COMMITTEE, 2012).

O PREMIS teve como foco a implementação, isto é, sempre que possível, as unidades semânticas seriam atendidas por processos automáticos, dispensando a intervenção humana na análise. O grupo de trabalho deu preferência à denominação “unidade semântica” em vez de “elemento de metadados” devido à ênfase na necessidade de saber e não na necessidade de representar (PREMIS EDITORIAL COMMITTEE, 2012). É uma diferença sutil, porém importante. Uma unidade semântica é uma peça de conhecimento, um elemento de metadados é uma maneira definida de representar essa informação num registro de metadados (CAPLAN, 2008).

Figura 28 – Modelo de Dados do PREMIS

Um dos princípios mais importantes do dicionário de dados PREMIS é a necessidade de muita clareza no que se descreve. Com esse propósito, define um modelo de dados (Figura 28) para organizar as unidades semânticas no dicionário de dados, com cinco entidades (PREMIS EDITORIAL COMMITTEE, 2012):

a) Entidade intelectual – um conjunto de conteúdo considerado uma unidade intelectual para o propósito de gestão e descrição, como, por exemplo, livros, fotografia, mapa, base de dados. Uma entidade intelectual pode incluir outra entidade intelectual, por exemplo, uma página web que inclui uma imagem. Uma entidade intelectual pode ter uma ou mais representações digitais;

b) Objeto ou Objeto Digital – uma unidade discreta de informação na forma digital;

c) Evento – uma ação que envolve ou afeta um objeto ou agente no repositório de preservação;

d) Agente – uma pessoa, organização ou software associado(a) aos eventos durante a vida de um objeto ou aos direitos associados a ele;

e) Direitos – são asserções ligadas a um ou vários direitos ou permissões pertencentes a um objeto ou agente.

Segundo o dicionário de dados PREMIS (2012), a necessidade maior especificidade ocasionou diferenças de terminologia em relação ao Modelo de Referência OAIS. Situação considerada corriqueira da transição de um modelo conceitual para uma visão de implementação.

O dicionário de dados PREMIS define objeto digital (ou simplesmente objeto) como uma unidade de informação discreta na forma digital. Um objeto digital pode ser uma representação (representation), um arquivo (file), uma cadeia de bits (bitstream) ou uma cadeia de arquivos (filestream). Esta definição é diferente da definição frequentemente utilizada no campo da biblioteca digital, em que o objeto digital é uma combinação de identificador, dados e metadados (PREMIS EDITORIAL COMMITTEE, 2012).

Os quatro tipos de objetos digitais têm o seguinte entendimento no dicionário de dados PREMIS:

 representação – conjunto de arquivos, incluindo metadados estruturais que são necessários para uma representação completa de uma entidade intelectual;  cadeia de bits – dados de um arquivo que possuem

preservação. Um bitstream não pode ser transformado em um arquivo independente, sem a adição de dados estruturais;

 arquivo – uma sequência ordenada de bytes reconhecida pelo sistema operacional;

 cadeia de arquivos – é uma cadeia de bits incorporado em um arquivo que pode ser transformado em um arquivo independente, sem o acréscimo de informação adicional, como, por exemplo, uma imagem TIFF incorporada em um arquivo com formato .tar (Tape ARchive).

O PREMIS (2012) categoriza, ainda, os objetos digitais em simples e composto: o primeiro é o objeto de um único arquivo, por exemplo, um documento em um único arquivo PDF; e o segundo, o objeto formado por vários arquivos, por exemplo, uma página web composta por arquivos de imagem e vídeo.

2.10 INTEROPERABILIDADE

Um dos fatores que contribuem para a atual conjuntura de ininterrupta alta produção e consumo de informação é a convergência tecnológica. Um vasto cenário de dispositivos que podem desempenhar funções semelhantes ou complementares é o conceito de convergência tecnológica (MORAIS SQUIRRA, 2005), a exemplo de smartphones e televisores que executam aplicativos que, há poucos anos, eram exclusividade de computadores.

A convergência tecnológica exige a capacidade de mobilidade, portabilidade (de aplicações e conteúdos), interconexão e interoperabilidade entre plataformas e operadores (SERRA, 2006).

Na TIC, a interoperabilidade é entendida, predominantemente, como a habilidade de transferir dados e informações entre sistemas (GASSER; PALFREY, 2007; SAEKOW; JIRACHIEFPATTANA, 2011; TAMBOURIS et al., 2008).

Quadro 20 – Níveis de Interoperabilidade Conceitual

Fonte: Adaptado de Wang, Tolk e Wang (2009).

O heterogêneo e complexo ambiente imposto pela convergência tecnológica exige melhor entendimento do conceito de interoperabilidade. Neste sentido, Gradmann (2008) identifica quatro dimensões da interoperabilidade, com níveis crescentes de abstração: 1º) técnico; 2º) sintático; 3º) funcional; e 4º) semântico. Na busca por maior compreensão e detalhamento, o Levels of Conceptual Interoperability Model (LCIM) propõe sete níveis de interoperabilidade (TOLK; DIALLO; TURNITSA, 2007; TOLK; MUGUIRA, 2003; WANG; TOLK; WANG, 2009).

Para fins da preservação digital, os conceitos e as reflexões acerca da interoperabilidade são também de suma importância. A preservação de longo prazo pode ser vista como uma interoperabilidade ao longo do vetor tempo (GRADMANN, 2008).

2.10.1 Interoperabilidade Temporal

No contexto da preservação digital, a interoperabilidade por meio do estabelecimento de padrões e da migração de formatos de arquivos é problemática, pois o foco está em tornar o recurso preservado compatível com a tecnologia corrente, em oposição à visão de buscar

formas de interoperação de velhas tecnologias com as novas (HEDSTROM, 2001).

A Interoperabilidade Temporal é a habilidade de sistemas atuais ou legados serem interoperáveis com futuros sistemas, que podem fazer uso de novos formatos, modelos de dados, linguagens, protocolos de comunicação e hardware (HEDSTROM, 2001), ou seja, é a capacidade de sistemas e coleções de documentos permanecerem acessíveis ao longo do tempo.

Os usuários podem ter a expectativa de que os sistemas não só interoperem entre organizações, nações, línguas e culturas, mas também sejam capazes de interoperar entre o passado e o futuro (HEDSTROM, 2001).

Com a introdução do conceito de interoperabilidade temporal, surge a necessidade de estabelecer mecanismos para que os modelos e padrões de interoperabilidade tenham aplicabilidade contínua, não somente para um determinado período de tempo.

Embora a interoperabilidade temporal seja um conceito em formação (HEDSTROM, 2001), proporciona novas perspectivas à preservação digital, ao examiná-la como um problema de interoperabilidade

Interoperar com o passado é um desafio complexo, com o futuro, é, aparentemente, um problema insolúvel, especialmente se a abordagem for a manutenção da interoperabilidade com a adoção de uma tecnologia perene. Por outro lado, a preservação da acessibilidade com base na preservação das informações de representação e descrição, juntamente com o conteúdo, pode ser vista como uma forma de interoperabilidade com o futuro.

Neste sentido, padrão de formato de arquivo15 como o Open Document Format (ODF) e o modelo de referência OAIS podem trazer importantes contribuições.