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5.3 Informações sobre as exigências técnicas

5.3.1 Dificuldade de adequação

Uma escala de Likert que varia de 1 a 5 foi utilizada para captar o grau de dificuldade de adequação a nove tipos de exigências selecionados. Para facilitar a análise exploratória e deixá-la mais compreensível, as variáveis foram agrupadas em três grupos: baixa dificuldade (agregaram- se as notas 1 e 2 da escala de Likert), média dificuldade (nota 3 da escala de Likert) e alta dificuldade de adequação (agregaram-se as notas 4 e 5 da escala de Likert). A Tabela 5 mostra o percentual das respostas das empresas para cada variável.

Tabela 5 – Percentual de respostas das empresas para as variáveis de exigências técnicas Tipos de Exigências Técnicas Dificuldade Baixa

(%) Média Dificuldade (%) Alta Dificuldade (%) Adequação da planta e do processo de produção 51,3 26,5 22,2

Procedimentos avaliação da conformidade 50,4 26,5 23,1

Requisitos nos portos de entrada 59,0 24,8 16,2

Adequação as característica do produto 59,0 24,8 16,2 Adequação a requisitos de segurança do alimento 53,8 25,6 20,5

Adequação a requisitos ambientais 51,3 32,5 12,0

Adequação a requisitos de rotulagem 67,5 20,5 12,0

Adequação a requisitos de embalagem 70,9 17,9 11,1

Adequação a requisitos de rastreabilidade 56,4 20,5 23,1 Fonte: Resultados da pesquisa.

Observa-se que para os nove tipos de exigências analisadas, mais de 50% das empresas percebem baixa dificuldade para se adequarem. Resultado semelhante foi encontrado, para o setor lácteo, no trabalho da OCDE (2000) em que as normas, os regulamentos técnicos e os procedimentos de avaliação da conformidade não são percebidos pelas empresas como um dos principais obstáculos ao comércio, o que indica que as empresas não enfrentam grande dificuldade para a adequação. No entanto, para alguns produtos específicos essas exigências tornam-se importantes obstáculos.

A Tabela 5 também mostra que os tipos de exigências que uma maior proporção de empresas considera como de alta dificuldade de adequação são os requisitos nas plantas e processo de produção, os procedimentos de avaliação da conformidade e os requisitos de rastreabilidade, o que pode indicar que essas são consideradas pelas empresas como as mais difíceis de adequação. De acordo com um respondente, “... os procedimentos de avaliação da

conformidade são constantemente solicitados pelos clientes e possuem custos altos...”. Em geral,

as adequações das plantas envolvem altos investimentos por parte das empresas, o que dificulta o processo.

Para verificar se a dificuldade de adequação varia entre empresas que exportam produtos diferentes, essas foram classificadas de acordo com a categoria de produtos que exportam. As Tabelas 16 e 17 do ANEXO A mostram os resultados em percentuais para as categorias de produtos.

Observa-se a importância do tipo de produto exportado na dificuldade de adequação, uma vez que as respostas variam significativamente entre categorias. Nota-se que as empresas que exportam “Carnes e peixes frescos e processados” apresentam maior proporção de resposta de alta dificuldade de adequação. Para os requisitos de adequação da planta e processo de produção e exigências de rastreabilidade 58,8% e 52,9% das empresas respectivamente alegaram ter alta dificuldade para se adequarem. Não raro, o sistema de rastreabilidade da carne brasileira é criticado pelos países importadores e novos requisitos são exigidos.

Em 31 de janeiro de 2008, a União Européia suspendeu a importação de carne bovina brasileira alegando falhas no sistema de rastreabilidade. Devido ao fato do presente estudo ser estático e os dados já terem sido coletados anteriormente ao embargo, não foi possível captar qualquer impacto no questionário. No entanto, espera-se que se os dados fossem coletados após o

dia 31 de janeiro, as notas para a dificuldade de adequação à rastreabilidade poderiam ser ainda mais elevadas para a categoria “Carnes e peixes frescos e processados”.

Por outro lado, as empresas que exportam os produtos da categoria “Açúcares, produtos de confeitaria e cacau”, são as que apresentaram menor proporção de resposta de alta dificuldade de adequação. Apenas 10% dessas indicaram alta dificuldade de adequação para as exigências na planta e no processo, procedimentos de avaliação da conformidade, requisitos de segurança do alimento e requisitos ambientais. Para rastreabilidade, procedimentos nos portos de entrada, embalagem e características dos produtos, apenas 5% indicaram alta dificuldade de adequação e nenhuma delas tem alta dificuldade para adequar a requerimentos de rotulagem.

Para as categorias “Café e chás” e “Frutas e vegetais frescos e processados”, os requisitos de segurança do alimento são os tipos de exigências que uma maior proporção de empresas percebe alta dificuldade de adequação. De fato, Faria (2004), estudando as barreiras fitossanitárias às exportações de mamão papaya, identificou que a heterogeneidade é um dos principais problemas entre os países da União Européia quanto aos aditivos que podem ser utilizados e quanto aos Limites Máximo de Resíduos - LMR aceitáveis. Outro problema destacado é que muitos princípios ativos são permitidos na União Européia, mas não possuem registros no Ministério da Agricultura, o que impede aos agricultores a sua utilização e dificulta a produção da fruta. Segundo um respondente23:

... uma das maiores dificuldades encontradas é na obtenção de informações confiáveis sobre os LMR aceitos em cada país e os produtos (químicos) cujo uso é permitido ou proibido em cada país. A falta de laboratórios credenciados pelo MAPA com algum tipo de certificação reconhecida internacionalmente, com escopo que abranja todos os produtos aceitos no Brasil e internacionalmente para cada cultura, quanto à análise de LMR, também é um grande desafio.

No caso das categorias “Bebidas” e “Outros”, para as exigências relacionadas aos procedimentos de conformidade e rastreabilidade são que uma maior proporção de empresas indicou que tinha alta dificuldade (22%).

A análise por categorias de produtos mostrou que o tipo de produto influencia a percepção de dificuldade de adequação das empresas. Mesmo dentro de uma mesma indústria, no caso a da alimentação, alguns produtos sofrem mais restrições técnicas ou essas são mais restritivas, portanto é importante introduzir essa variável como controle nas análises posteriores.

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