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Dificuldades enfrentadas pelos professores do EB ao trabalharem a

CAPÍTULO V RESULTADOS E CONCLUSÕES

5.1 Apresentação dos resultados

5.1.2 Dificuldades enfrentadas pelos professores do EB ao trabalharem a

Os dados recolhidos durante o desenvolvimento do projeto agregaram informações suficiente para considerar que são várias as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da educação a quando da interligação das duas áreas.

Ao longo desta investigação, foi possível perceber que as disciplinas de educação artística são pouco trabalhadas na escola JLS, mesmo tendo um espaço adequado para a prática artística. O tempo destinado a esta área é insuficiente para o desenvolvimento de atividades, logo, é uma das desculpas utilizadas pela maior parte dos professores, mesmo sabendo que há possibilidade de interliga-las com outras áreas do saber, e como se não bastasse, esta área é ignorada, uma vez muitos aproveitam o seu tempo para consolidar as matérias das disciplinas ditas nucleares.

De todas as aulas observadas, apenas um professor da monodocência desenvolveu uma aula interdisciplinar, sendo uma sugestão da investigadora. Uma vez que na primeira aula observada estiveram a trabalhar um conto, foi-lhe sugerido que dramatizassem o conto na próxima aula. No final da atividade, o professor agradeceu pela sugestão. Disse que não costumava interligar as duas áreas, mas com o desenvolvimento da aula percebeu que só teve benefícios. A aula foi uma mais valia porque assim conseguiu trabalhar mais do que uma disciplina de uma vez só. Uma outra professora não aceitou ser observada, alegando não ter tempo de desenvolver aulas de Educação Artística porque tinha uma turma muito agitada, logo, todo e qualquer tempo era pouco para complementar as matérias das disciplinas ditas nucleares.

98 De acordo com os dados obtidos, ficou claro que não é hábito os professores trabalharem a interdisciplinaridade e consequentemente a educação artística como estratégia no ensino- aprendizagem. Como afirmou um dos professores, nunca lhe passou pela cabeça interligar as duas áreas porque há aquela preocupação em cumprir o programa das disciplinas ditas nucleares e quando sobra algum tempo, há que fazer revisão da matéria dada. Disse ainda que trabalha as disciplinas de Educação Artística apenas quando tem que apresentar alguma atividade nas datas comemorativas (diário de bordo, 17 de maio de 2017).

Foi revelada muita falta de sensibilidade por parte de muitos profissionais que evitam trabalhar a interdisciplinaridade entre as áreas de literatura e educação artística, alegando não ter tempo de trabalhar as disciplinas artísticas. Os Coordenadores da equipa pedagógica também apresentaram várias dificuldades. Uma das maiores dificuldades encontrada foi a secundarização da área de EA. Não foi desenvolvida no país a sensibilidade necessária para verem que essa área é tão importante quanto as outras, então, por vezes os professores negam-se a contribuir em mudar de metodologia para minimizar esse problema. Pouca criatividade e dinamismo, dificuldades em apresentar materiais (alunos), pouca oportunidade dos Coordenadores em concretizar projetos por falta de financiamento, falta de formação contínua aos professores, resistência por parte de alguns em enfrentar e aceitar novos desafios e desmotivação da parte dos alunos também foram algumas das dificuldades apresentadas.

É de realçar que os professores também enfrentam várias dificuldades em relação à interdisciplinaridade entre a literatura e a educação artística. No questionário recolhi as seguintes respostas: “As dificuldades prendem-se, muitas vezes, com a carência de materiais que, inevitavelmente, são necessárias nas áreas de Educação Artística, mas o interligar em si, torna mais interessante, aquilo que os alunos poderiam achar uma “chatice”. (P6); “a maior dificuldade é seguir o programa e o tempo destinado a cada área que é insuficiente.” (P2); “o fator tempo que fica curto […]”. (P5); “[…] nem sempre os tempos letivos se coincidem, ou seja, os tempos letivos da Educação Artística são pouquíssimas o que a impedem de dar uma maior assistência às áreas literárias […]” (P3); “falta uma planificação articulada entre as áreas de Educação Artística e literária, ausência de textos literários nos manuais escolares, falta de manuais para as áreas de educação artística”. (P1); “falta de documentos (materiais) por parte do ministério”. (P2) e “insegurança, desmotivação”. (P4).

99 Em relação aos apoios recebidos da parte dos Coordenadores para ultrapassar essas lacunas, alguns professores afirmaram não ter recebido nenhum apoio, outros disseram que a Equipa Pedagógica está sempre disponível e atende aos seus pedidos; outros reclamaram que a planificação que fazem na modalidade tradicional, de uma forma fragmentada não permite uma interdisciplinaridade entre a literatura e a educação artística. Houve um grupo que afirmou ter recebido apoio da Equipa, mas não tem sido grandes coisas, ou seja, têm recebido recomendações da parte da Equipa Pedagógica para a interligação das áreas de Expressões com as áreas ditas nucleares sempre que possível. Houve ainda algumas reclamações em relação às planificações trimestrais que não dão muito espaço para discursões dos conteúdos, em plenária e como poderiam ser interligadas as duas áreas, visto que as planificações são feitas separadas, disciplina por disciplina. No entanto, um professor diz ter recebido alguns documentos elaborados pelos Coordenadores e que estes têm proporcionado trocas de experiências entre os profissionais do respetivo concelho.

As contradições entre os Coordenadores e os professores foram claras. Nota-se que tanto os professores, como os Coordenadores da Equipa Pedagógica enfrentam dificuldades nessa questão, sendo também uma preocupação de ambas as partes. É visível que da parte dos Coordenadores, algum trabalho tem sido feito a fim de sensibilizar os professores à darem mais atenção às áreas artísticas, fazendo com que tomem consciência das múltiplas vantagens que essa área proporciona ao ensino/aprendizagem dos alunos.

5.1.3 O teatro de fantoche como estratégia de ensino na exploração de

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