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Dificuldades Próprias do Evangelismo

No documento PAIXÃO PELAS ALMAS Oswald Smith (páginas 107-110)

Já houve época, na obra do evangelismo e do reavivamento espiritual, e esse tempo não está muito longe, em que todas as congregações evangélicas de qualquer cidade fechavam suas portas e cooperavam juntas. Não admira que homens como Billy Sunday houvessem atraído multidões tão numerosas. Durante anos Billy Sunday não aceitou dirigir campanha alguma a menos que as igrejas fechassem suas portas e unissem suas forças para a realização da campanha. Consequentemente, os coros de todas as congregações se achavam na plataforma. E

mais importante ainda, todos os ministros também. E estando as igrejas de portas fechadas, o povo vinha ao imenso salão de festas da cidade, onde a campanha de evangelização estava sendo efetuada, enchendo-o até ao máximo. E quando os irmãos viam seus próprios ministros assentados na plataforma, eram inspiradas a cooperar e a contribuir e a orar e a fazer qualquer outra coisa para o sucesso da campanha. Essa é a maneira ideal de ganhar almas para Cristo.

No entanto, vivemos em uma época em que parece impossível obter a cooperação de todos os ministros desta ou daquela cidade. Sentimo-nos muitos felizes em nossos dias, se ao menos conseguimos que as igrejas evangélicas fechem suas portas e trabalhem unidas. É que até mesmo entre os chamados crentes fundamentalistas tantas são as divisões e as contendas que se torna extremamente difícil obter a necessária cooperação. Mas continua de pé a verdade de que qualquer aldeia ou cidade pode ser abalada para Deus, e que um poderoso reavivamento espiritual pode acontecer, desde que as igrejas se unam em um esforço conjunto para conquistar almas para Cristo. Que todos os ministros de todas as denominações evangélicas se unam, visando a evangelização das massas que perecem sem Cristo, em todas as partes do mundo.

Alegam alguns que precisamos de instrução bíblica melhor, que o povo conheça mais profundamente a Palavra de Deus. E afirma-se que o evangelismo não consolida a igreja nem ensina a Palavra. Tenho o direito de discordar isso. Ao estudar a história dos reavivamentos e do evangelismo, no decorrer dos séculos, descobri que há maior aprendizado da Bíblia e maior colheita de almas nas ocasiões de intenso evangelismo. E sempre há um maior número de pessoas estudando a Palavra de Deus, nos dias de reavivamento e evangelismo, do que em qualquer outro período.

Quando o Espírito Santo entra em ação, o povo, sobrenaturalmente, se volta para a Bíblia para estudá-la. Formam-se novas classes bíblicas na Escola Dominical. Os novos convertidos testemunham e oram em público e, em decorrência disso, aumento o conhecimento bíblico. A instrução bíblica, sem o evangelismo, resulta em estagnação; mas o evangelismo, que sempre induz ao estudo da Bíblia, inspira e abençoa.

Permita-me informar a você que é o trabalho pessoal, após as reuniões, que traz o maior proveito, e não o trabalho realizado pelo evangelista. O pregador do Evangelho pode ser assemelhado ao obstetra. Esse médico traz o bebê ao mundo, mas ninguém espera que ele cuide da criança. Esse é um trabalho posterior, que deve ser realizado pelos seus pais. A responsabilidade do médico obstetra cessa no momento em que ele entrega o bebê recém-nascido à mãe. Seria uma injustiça acusar o médico se a criança não se desenvolveu apropriadamente após a gestação, parto e atendimento saudáveis e normais. De modo semelhante, seria uma injustiça acusar o evangelista, caso os convertidos não prossigam no reto caminho da fé, ou não progridam espiritualmente, depois de terem sido trazidos à luz. Afirmo que isso é responsabilidade de outros, a saber, do pastor, dos professores da Escola Dominical, dos líderes de classes de jovens, de todos aqueles que ficam na retaguarda, a fim de cuidas dos novos convertidos. Quando se organizam classes especiais para os novos convertidos, não demora muito e se firmam, instruídos nas doutrinas fundamentais da fé, e assim se tornam fiéis e ardorosos obreiros do Senhor Jesus Cristo.

Muitos há que exaltam o evangelismo, hoje em dia, em detrimento do trabalho dos pastores. É lamentável que num ou noutro caso se tenha de admitir que isso é verdade. O tipo de

evangelismo de que precisamos é aquele que fortalece as mãos do pastor, que de todos os modos lhe dá apoio e ânimo. Quando um evangelista critica ou aponta faltas em um pastor, seja de que modo for, comete um erro trágico. Os pastores têm muitos problemas. Precisam ser encorajados, e o evangelista deveria fazer tudo ao seu alcance para facilitar a tarefa do pastor. O pastor deve ser honrado perante seu rebanho. É por essa razão que acredito que todo o evangelista, pelo menos durante alguns anos, deveria tornar-se pastor, a fim de poder entender os problemas do pastorado e saber como ajudar. O pastor não é perfeito, e tampouco o evangelista. É possível que o evangelismo recebesse maior apóia da igreja se os evangelistas dessem boa retaguarda aos pastores.

Tendo sido pastor e evangelista, sei muito bem que o trabalho do pastor apresenta problemas maiores do que os do evangelista. O evangelista enfrenta alguns dos problemas de uma comunidade qualquer durante duas ou três semanas, e depois os deixa para trás, quando vai embora. Mas o pastor se vê perenemente acossado por esses problemas e outros mais. Essa é uma das razões por que, vez por outra, deixo de lado o pastorado e efetuo outra campanha de evangelização. Isso me faz esquecer-me dos problemas do pastorado, em geral trazidos por pessoas mesquinhas. Os evangelistas farão bem em adotar um atitude positiva para com os pastores com quem vão trabalhar.

No documento PAIXÃO PELAS ALMAS Oswald Smith (páginas 107-110)